Home Futebol Gabi Zanotti coloca a sua genialidade a serviço do Corinthians na goleada sobre o São José; confira a análise

Gabi Zanotti coloca a sua genialidade a serviço do Corinthians na goleada sobre o São José; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o time de Arthur Elias superou as Meninas da Águia no jogo desta segunda-feira (25)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Antes de mais nada, é preciso dizer que o Corinthians foi amplamente superior ao São José e que as Meninas da Águia saíram de campo com um lucro enorme diante do que se viu no Estádio Martins Pereira. E se o escrete comandado por Arthur Elias teve atuação tão destacada assim, muito se deve a Gabriela Maria Zanotti Demoner. Ou simplesmente Gabi Zanotti. A camisa 10 das Brabas novamente colocou todo seu talento a serviço do Corinthians e se transformou na comandante do time dentro de campo num momento em que o São José ia levando um empate precioso para o intervalo. Aliás, é bem difícil encontrar uma outra jogadora que venha conseguindo fazer tanta diferença no futebol brasileiro. Gabi Zanotti segue como a grande regente da orquestra de Arthur Elias e de um Corinthians ainda extremamente forte.

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Mas o começo do jogo não foi lá muito fácil. Isso porque o São José adotou numa postura extremamente cautelosa e altamente reativa. O técnico Paulo César da Silva manteve a sua costumeira linha de cinco defensoras na frente da área e posicionou suas jogadoras de modo a formar uma segunda linha (esta com quatro jogadoras). O objetivo aqui (pelo menos na visão deste que escreve) era tirar o espaço de circulação do 4-4-2/4-2-3-1 do Corinthians de Arthur Elias e aproveitar o espaço às costas de Paulinha, Andressa, Yasmim e Juliete para encaixar o contra-ataque e, quem sabe, arrumar um golzinho numa dessas escapadas. As Meninas da Águia até encontraram esse espaço, mas faltava aprimoramento e fôlego para concluir as jogadas.

O que mais se via na primeira etapa eram as jogadoras do Corinthians implementando o famoso “perde e pressiona” tão característico da equipe sempre que o São José conseguia retomar a posse. Com Yasmim jogando na zaga, o time de Arthur Elias ganhou mais uma “armadora” por dentro junto de Diany e (é claro) Gabi Zanotti. A camisa 10, aliás, jogou quase uma ponta de lança sempre que a bola estava com as Brabas. Ao mesmo tempo, Jaqueline puxava a marcação por dentro e abria espaços para as entradas de Tamires, Jheniffer e Gabi Portilho no espaço que aparecia entre as defensoras adversárias. Aos poucos, o Corinthians ia se impondo na base da intensidade e explorando bem os botes errados de Karen e Letícia Fagundes na zaga do São José.

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Paulo César da Silva montou um verdadeiro ferrolho na frente da área do São José e viu o Corinthians sofrer para encontrar espaços. Aos poucos, Gabi Zanotti foi descomplicando as coisas para as Brabas com seu talento e inteligência. Foto: Reprodução / SPORTV

É interessante notar que o primeiro gol do Corinthians nasceu justamente da insistência no plano de Arthur Elias. Arrastar a zaga para trás, circular a bola e manter a posse até o momento mais propício para atacar a última linha do São José. Nesse ponto, o lance do primeiro gol das Brabas (e de Gabi Zanotti) é emblemático porque é o resumo da estratégia seguida por todo e qualquer time que deseja furar retrancas. Tamires e Juliete fazem boa jogada pela esquerda enquanto todo o time do Corinthians arrasta a linha de cinco defensoras das Meninas da Águia para trás. Com apenas um passo para o lado, Gabi Zanotti encontra o espaço que precisava para receber o passe de Jaqueline e chutar no canto direito da goleira Jéssica. E isso tudo num momento em que o São José colocava quase todo seu time dentro da área.

Gabi Portilho, Jheniffer e Jaqueline arrastam a marcação para trás e abrem o espaço que Gabi Zanotti precisava para abrir o placar. O Corinthians começava a vencer a retranca do São José, que colocava quase todo o time dentro da área para se defender. Foto: Reprodução / SPORTV

A mesma Gabi Zanotti aproveitou uma bobeira incrível de Jéssica (após cruzamento de Tamires da esquerda) para fazer o segundo gol corintiano antes do intervalo. O segundo tempo acabou se transformando na consolidação da estratégia de Arthur Elias: atrair a defesa, criar espaços e atacar a área adversária. Adriana faria o terceiro em belo chute da entrada da área e Gabi Zanotti (talvez com uma certa “inveja” da companheira de equipe) fez o quarto com seu estilo já conhecido. A camisa 10 ainda veria o Corinthians matar o jogo em lançamento preciso de Liana Salazar para Jheniffer receber nas costas da linha de cinco do São José e tocar na saída da goleira Jéssica. Mas é sempre preciso lembrar que os implacáveis 5 a 0 desta segunda-feira (25) tiveram a chancela e o toque do talento de Gabi Zanotti.

Liana Salazar vê Jheniffer e Gabi Portilho atacando as costas da última linha do São José e faz o lançamento que resulta no quinto gol corintiano. O 4-2-3-1 de Arthur Elias foi amplamente superior ao 5-4-1 de Paulo César da Silva. Foto: Reprodução / SPORTV

Este colunista escreveu no primeiro parágrafo que jogadoras como Gabi Zanotti são difíceis de serem encontradas. Mesmo com 37 anos de idade, a camisa 10 do Corinthians ainda pode ser considerada genial e entra no seleto grupo das “craques” do Brasileirão Feminino com toda a certeza. É ela quem descomplica as coisas com uma leitura de jogo apuradíssima, descobre os espaços nas defesas adversárias e ainda potencializa o talento das companheiras de equipe. Nesse ponto, é difícil não notar a evolução de nomes como Diany, Yasmim, Adriana, Jheniffer, Jaqueline e de várias outras jogadoras importantíssimas nessa temporada. Além da compreensão mais apurada do modelo de jogo de Arthur Elias, precisamos levar em consideração que jogar ao lado de Gabi Zanotti deve facilitar muita coisa no Corinthians.

A goleada sobre o São José deixa o Corinthians na vice-liderança do Brasileirão Feminino depois de um início um tanto irregular na competição nacional. A impressão que fica é a de que as Brabas estão conseguindo encontrar a melhor maneira de jogar e recuperando a forma física mais apurada aos poucos. E o talento de Tamires, Yasmim e (principalmente) Gabi Zanotti segue determinante para que a equipe de Arthur Elias siga no topo. Seja aqui no Brasil ou na América do Sul.

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