Home Futebol Sereias da Vila brincam com a sorte, mas aproveitam falhas do Grêmio e confirmam vitória dentro de casa

Sereias da Vila brincam com a sorte, mas aproveitam falhas do Grêmio e confirmam vitória dentro de casa

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Tatiele Silveira e Patrícia Gusmão no movimentado jogo desta segunda-feira (25)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Santos e Grêmio fizeram um jogo cheio de variáveis e alternativas nesta segunda-feira (25). Este que escreve até esperava mais gols e mais “entretenimento” diante do que o sistema defensivo das duas equipes mostravam na Vila Belmiro. Acabou que as Sereias da Vila foram mais eficientes e saíram de campo com os três pontos apesar de terem brincado demais com a sorte num segundo tempo que se mostrou mais complicado e mais amarrado do que o esperado. Destaque para as boas atuações de Cristiane, Jane, Thaisinha (a melhor em campo na opinião deste que escreve) e Gi Oliveira e para o bom primeiro tempo da equipe de Tatiele Silveira. Já o Grêmio de Patrícia Gusmão ainda sofre com problemas crônicos na criação e no setor ofensivo. A posição do time na tabela do Brasileirão Feminino fala por si só.

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Eu e você sabemos muito bem que as Sereias da Vila são praticamente mortais quando encontram espaço no campo de ataque. Estamos falando de um time extremamente técnico e que gosta de colocar a bola no chão e trabalhar as jogadas pelos lados do campo. Se Thaisinha e Fernanda se revezavam por dentro e pela esquerda, Jane fazia o contraponto defensivo pelo outro lado. Tudo para que a equipe sofresse o menos possível com as investidas de um Grêmio igualmente veloz pelos lados, mas que sentia demais a ausência de Patricia Maldaner na linha de quatro defensoras e Rafa Levis no setor ofensivo. Por mais que o Tricolor Gaúcho encontrasse campo para criar suas jogadas de ataque, ainda faltava capricho e qualidade nas finalizações para o gol.

E para piorar a situação do escrete comandado por Patrícia Gusmão, o sistema defensivo não conseguia encaixar a marcação no quarteto ofensivo das Sereias da Vila. Brena e Ana Carla conseguiam fazer a ligação com o ataque sem serem incomodadas por Karla Alves, Tchulla e Jessica Peña. E para piorar a situação do Grêmio, as laterais Sinara e Jéssica Soares sofriam demais na marcação. Interessante notar que o 4-4-2 de Tatiele Silveira tinha muito volume de jogo e buscava sempre preencher os espaços no campo de ataque com as subidas de Gi Oliveira e Stabile. O Santos levava vantagem nos duelos físicos e se impunha com certa facilidade diante de um adversário confuso e que não conseguiu aproveitar os espaços que encontrava quando avançava suas linhas.

Cristiane abriu o placar logo aos nove minutos do primeiro tempo logo depois de ver Lorena defender sua cobrança de pênalti. Foi a senha para que o Grêmio colocasse um pouco mais de intensidade nas trocas de passe e expusesse a transição defensiva ruim das Sereias da Vila. Pri Back e Cássia encontravam espaço às costas de Stabile e viram Jéssica Soares empatar a partida aos 20 minutos num belo chute de primeira. Ainda que Thaisinha tenha feito o segundo gol das Sereias da Vila aos 29 minutos (em mais uma falha do sistema defensivo gremista), estava claro que a equipe de Patrícia Gusmão tinha condições de explorar os espaços à sua frente, mas não o fazia talvez por receio de levar o contra-ataque. Não foi por acaso que o gol saiu numa das únicas vezes em que o Tricolor Gaúcho foi intenso.

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O segundo tempo acabou marcado por um jogo mais truncado e muito mais estudado. As Sereias da Vila seguiram ocupando o campo de ataque e empilharam ótimas chances de gol, mas falhavam demais nas conclusões a gol. Esse cenário e o relaxamento natural que a vantagem no marcador causa em quase todas as equipes do mundo fez com que o time de Tatiele Silveira relaxasse a marcação e brincasse demais com a sorte nos minutos finais. A lesão de Thaisinha também prejudicou demais a transição ofensiva do Santos. Do outro lado, Patrícia Gusmão demorou muito para colocar sua equipe no ataque com as entradas de Dani Barão, Dani Ortolan, Gabizinha e Raíssa Bahia. O seu 4-2-3-1 básico foi mantido, mas faltava capricho no último passe e fôlego para vencer um adversário muito mais inteiro fisicamente.

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Difícil fugir do óbvio nesta humilde análise. As Sereias da Vila mereceram sair de campo com os três pontos porque foram muito mais eficientes e souberam executar bem o plano de jogo de Tatiele Silveira. Ainda que a equipe apresente problemas crônicos no sistema defensivo (que podem ser muito bem explorados por adversários mais fortes e mais organizados) e que o aproveitamento das chances criadas ainda não seja o ideal, o escrete da Vila Belmiro foi muito forte pelos lados do campo e viu a bola parada descomplicar as coisas quando foi necessário. Bem diferente do Grêmio de Patrícia Gusmão, que segue sofrendo com a falta de força ofensiva e com a falta de consistência na defesa. O elenco curto e sem muitas peças de reposição também é um problema. Mas é possível jogar mais do que se vem jogando.

Por mais que o primeiro tempo do jogo desta segunda-feira (25) tenha sido marcado pela emoção e a segunda etapa tenha sido mais truncada do que o esperado, Santos e Grêmio fizeram um confronto interessante e cheio de alternativas para os dois lados. O resultado final, no entanto, não esconde o fato de que as duas equipes precisam melhorar muito em todos os aspectos. Seja para brigar pelo título do Brasileirão Feminino ou para se livrar do fantasma do rebaixamento para a Série A2.