Home Futebol Jornalista não concorda com clássico paralisado por gritos homofóbicos: “Não sou a favor que a arbitragem interfira”

Jornalista não concorda com clássico paralisado por gritos homofóbicos: “Não sou a favor que a arbitragem interfira”

Corinthians x São Paulo foi marcado por episódio de homofobia

André Salem
Jornalista desde 2016, redator do Torcedores.com desde 2022. Apaixonado pelo futebol brasileiro, escrevo principalmente sobre o Brasileirão Série A.

No último domingo (22), Corinthians e São Paulo empataram em 1 a 1, na Neo Química Arena. Mas, o clássico paulista ficou marcado também por um episódio de homofobia. O arbitro Wilton Pereira Sampaio paralisou o jogo porque a torcida corintiana cantava uma música em que chamava o time do São Paulo de “bicha”.

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Para o jornalista Rica Perrone, o jogo não deveria ter sido paralisado, porque, segundo ele, pode dar margem para qualquer jogo ser paralisado por qualquer grito que ofenda o adversário.

“Devemos combater a homofobia? Devemos! Mas, dentro de um processo natural ou dentro de uma imposição? Dentro da imposição, abre uma brecha para: por que os outros gritos ofensivos durante o jogo você permite e esse não?”, comenta Rica, que emenda:

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“Homofobia é crime, eu sei, mas várias outras coisas que são gritadas, também são. São ofensas graves e que a gente sempre entendeu que no futebol era liberado. E agora chega em um momento em que a gente escolhe quais são as coisas que você não pode mais falar, e permite as outras. No estádio de futebol a gente vê um milhão de ofensas e agressões”, afirmou o jornalista, em seu canal no Youtube.

Em seguida, Rica Perrone diz o que ele acha que vai acontecer em breve no futebol.

“Vai acontecer de ter um caso desse de homofobia, que um time vai ser punido e alguns jogos depois, esse time punido vai ter um jogador que vai ser a mãe dele ofendida. Ele vai falar: ‘parou, eu quero que seja punido o adversário porque xingou a mãe dele. Não pode homofobia, mas pode chamar a mãe de prostituta? Isso daqui é uma ofensa grave também'”.

O jornalista segue falando do assunto, dizendo que, conhecendo o futebol brasileiro, vão usar isso para ganhar pontos na justiça.

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“Você não vai proibir o torcedor de xingar. E aí, vão começar a surgir, dentro do futebol, na hora que o time precisa dos pontos, nunca se esqueça do nosso histórico. Quando o time precisa de ponto, ele vai na justiça atrás de qualquer coisa. O brasileiro inventa qualquer coisa pra ganhar razão e pra ganhar dinheiro na justiça”.

“Parar o jogo por ofensa não está errado, mas isso tem que ser colocado de uma forma ampla. Ou vocês vão proibir tudo, ou vocês não vão intervir. Porque intervir só em alguns casos, vai gerar um problema que amanhã alguém vai tirar benefício em cima disso”, completou.

Em outro momento, o jornalista compara o caso de homofobia, com uma situação envolvendo o Flamengo.

“Por exemplo, “mulambo” tem uma origem racista. O próprio flamenguista não se ofende, mas muitas vezes o torcedor rival, usa “mulambo” para xingar o flamenguista. Então, amanhã o juiz vai parar o jogo quando a torcida do Fluminense gritar: ‘mulambo imundo’?”, questiona Rica.

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Solução

Rica Perrone entende que isso deveria ser um processo natural e comparou com o cigarro, que era uma prática comum antigamente e que hoje não é mais.

“Deveria ser um processo natural de amadurecimento, como o cigarro, por exemplo. Antigamente, 80% das pessoas fumavam, hoje, 10% fumam. Mas ninguém proibiu você de fumar, todo mundo foi lá e fez um processo de educação, de informação e de conscientização, para que você soubesse que aquilo não é bom. Esse é um processo mais natural e com resultados mais reais”.

Por fim, o jornalista opina que isso deveria ser discutido melhor após o jogo e punindo os verdadeiros responsáveis.

“As coisas precisam ser mais claras e mais práticas o que pode e o que não pode. E isso não deveria ser decidido por alguma esfera superior que não esteja envolvida com o futebol, isso tem que ser decidido dentro do futebol”, opina Perrone, que completa:

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“Eu não sou a favor que a arbitragem interfira, em nenhum caso. Eu acho que a torcida pode gritar o que quiser e o jogo tem que seguir. Depois, a gente discute, no pós jogo, como isso vai ser feito: ‘quem cantou? Foi a torcida inteira? Foi uma organizada? A organizada tem CNPJ”, finalizou.