Home Futebol Vasco 1 x 0 CSA: sofrimento, protestos, substituições e alívio

Vasco 1 x 0 CSA: sofrimento, protestos, substituições e alívio

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das equipes de Zé Ricardo e Mozart no jogo disputado neste sábado (7)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

O torcedor do Vasco passou por um verdadeiro turbilhão de emoções neste sábado (7). A vitória (importantíssima) sobre o CSA ficou marcada enorme dificuldade que os comandados de Zé Ricardo tinham diante do seu adversário, pelas mexidas (acertadas) do treinador vascaíno e pelo clima de alívio que tomou conta de São Januário no final da partida. O resultado foi sim fundamental e manteve o escrete da Colina História próximo do G4 do Brasileirão da Série B, mas a atuação contra o não mais do que esforçado time de Mozart deixou muita gente preocupada com relação à sequência da competição. Principalmente pelo fato de que o Vasco ainda sofre demais para se achar em campo. O lado bom dessa história toda é que as entradas de Juninho, Palacios e Figueiredo indicaram um caminho promissor para Zé Ricardo.

É possível dividir a vitória em cima do CSA em dois momentos: antes e depois das substituições. Isso porque o nível de intensidade e organização tática da equipe carioca mudou da água para o vinho depois que Zé Ricardo resolveu fazer o óbvio e corrigir seus erros na escalação inicial do Vasco. Aliás, este que escreve demorou para entender o que o treinador vascaíno pretendia com a entrada de Getúlio pela direita no seu 4-2-3-1 costumeiro. O camisa 99 parecia perdido em campo e pouco explorou o espaço que Diego Renan deixava no setor e ainda sobrecarregou Gabriel Dias na recomposição defensiva. Do outro lado, Mozart apostava na mesma formação do seu adversário e numa postura mais reativa diante da já conhecida e sempre presente cratera que existia entre o meio-campo e a última linha de defesa do Vasco.

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Formação inicial das duas equipes em São Januário. O Vasco não se achou com Getúlio jogando pela direita e sofreu com a falta de movimentação da sua equipe. O CSA explorou bem os espaços que encontrou pela frente.

O domínio do CSA podia ser percebido pelos números. O Azulão do Mutange teve 56% de posse de bola no primeiro tempo e finalizou quatro vezes a gol (dados do SofaScore). Mozart tinha em Diego Renan uma espécie de “lateral-armador” pelo lado esquerdo e posicionou seu quarteto ofensivo de modo a explorar as costas da última linha de defesa do Vasco com lançamentos longos. Foi dessa maneira que Lucas Barcellos desperdiçou duas grandes chances de abrir o placar ainda na primeira etapa diante dos protestos dos torcedores e da falta de intensidade do time do Vasco. Mais atrás, Geovane protegia bem a zaga e não permitia que Nenê conseguisse acionar Raniel no comando de ataque. E as atuações ruins de Gabriel Pec e Getúlio só facilitaram a vida de um CSA que poderia ter aproveitado melhor o contexto da partida.

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A rigor, as duas únicas chances do escrete comandado por Zé Ricardo saíram de uma cobrança de falta de Nenê e de uma cabeçada de Gabriel Dias. Muito pouco para quem precisava da vitória e de uma atuação convincente diante da sua torcida. O técnico vascaíno demorou catorze minutos para fazer o óbvio e sacar Getúlio (que quase deu um gol de presente para o CSA) e Andrey Santos para as entradas de Figueiredo e Juninho. Mas o salto de qualidade aconteceu quando Palacios substituiu Nenê pouco tempo depois. A essa altura, Mozart já havia perdido Geovane por conta de lesão (justamente o jogador que melhor protegia a zaga e que dava mais qualidade na saída de bola) e já via o Vasco crescer na partida na base da organização ofensiva e com superioridade numérica no campo de ataque. Mais ainda faltava o gol e o alívio.

As entradas de Juninho, Palacios e Figueiredo deixaram o Vasco mais organizado e muito mais agressivo no segundo tempo. Do outro lado, a saída de Geovane (lesionado) enfraqueceu bastante a defesa do CSA. Foto: Reprodução / Premiere

Grande parte da subida de produção do time do Vasco tem relação direta com as substituições promovidas por Zé Ricardo. Toda a jogada do gol de Gabriel Pec (marcado aos 28 minutos do segundo tempo) prova que Zé Ricardo errou a mão na escalação que mandou a campo. Palacios (mesmo fora de forma) foi importante para “ler” os espaços na defesa do CSA, Figueiredo explorou bem o lado direito de ataque e procurou Raniel mais por dentro e Juninho foi o volante que pisa na área que faltou na primeira etapa. Os três também foram importante na recomposição defensiva e no trabalho sem a bola, fechando o Vasco num 4-4-2 mais compactado do que nos primeiros 45 minutos e que cedeu espaços demais para seu adversário. Coisa que Getúlio e Nenê não fizeram quando estiveram em campo. Seja por problemas na função ou por falta de fôlego.

O Vasco ganhou mais organização e mais intensidade após as substituições promovidas por Zé Ricardo. O time ganhou mais equilíbrio defensivo e organização na saída de bola para conter as investidas do CSA. Foto: Reprodução / Premiere

É lógico que nem tudo são flores em São Januário. O Vasco poderia ter sido um pouco mais ousado e até vencido seu adversário por uma vantagem maior no placar se não tivesse recuado tanto depois do gol de Gabriel Pec e se tivesse colocado um pouco mais de capricho nas finalizações a gol. E por mais que o CSA tenha ficado mais com a bola nesse restante de partida, as mexidas de Zé Ricardo ajudaram a povoar mais a entrada da área e tirar o espaço de circulação do setor ofensivo da equipe comandada por Mozart. Os únicos sustos só vieram das bolas levantadas na área do goleiro Thiago Rodrigues e da falta de mobilidade do ataque do Azulão do Mutange. Por mais que os três pontos sejam sim importantíssimos, estava mais do que claro que o Vasco podia jogar muito mais e muito melhor do que vinha jogando.

Ds sofrimentos e protestos (justos) no final do primeiro tempo para a melhora no desempenho com as substituições e o alívio no final do jogo com a confirmação da vitória. Conforme escrito lá em cima, o torcedor do Vasco viveu um verdadeiro turbilhão de momentos neste sábado (7). O resultado merece sim ser comemorado. Ainda mais diante de todo o contexto e de toda a crise que já se estabelecia em São Januário por conta da campanha abaixo do esperado na Série B. No entanto, o triunfo sobre o CSA também deixou um caminho interessante para Zé Ricardo. Seu 4-2-3-1 costumeiro foi muito melhor executado no segundo tempo depois das substituições com Juninho fazendo a ligação com o ataque, Figueiredo abrindo o campo e Palacios organizando as jogadas. É uma formação que merece sim mais minutos em campo.

Está claro que o Vasco pode sim jogar mais e melhor do que vem jogando. Mesmo com um elenco que está bem abaixo das expectativas de torcida e diretoria e com toda a pressão que vem de bastidores e arquibancadas. Zé Ricardo sabe muito bem que as cobranças vão continuar mesmo com a vitória sobre o CSA. É por isso que melhorar o desempenho da equipe de São Januário é sua missão mais urgente. Ainda mais sabendo que os próximos adversários vão exigir muito mais da sua equipe.

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