“Metroidvania” ou “Soulsvania”?
Nos últimos anos, especialmente após a popularização do gênero soulslike, jogos de rolagem lateral vem sendo uma aposta recorrente de devs indies. Com visuais nostálgicos, de fácil identificação e gameplay envolvente, cada vez mais títulos buscam trazer mecânicas únicas a sua gameplay, enquanto se adaptam para tornar a experiencia do jogador algo mais dinâmico.
Dead Cells, Hollow Knight e mais outros representam a classe “Vania”
Todos eles tiveram sucesso em seus respectivos nichos e aumentaram a base de jogos desafiadores, entregando um misto de dor de desafio e satisfação. Nesse contexto, a publicadora Dear Villagers lançou Souldiers, projeto feito com apenas 6 desenvolvedores pela Retro Forge Games e muita dedicação.
Entrando em Souldiers e seu mundo
No game, devemos explorar Terragaya, ambiente entre o mundo dos vivos e dos mortos. Nossa jornada se inicia quando um grupo de soldados é enviado para resgatar o principal guardião do reino enquanto é acompanhado pelas lendárias Valquírias.
Entretanto, eles acabam presos em um conflito ainda maior onde o único resultado possível é o iminente fim do planeta.
Dado que somos apresentados a história base, devemos fazer nossa escolha e escolher no jogo entre às três classes disponíveis, Patrulheiro, Conjurador e Arqueiro e então iniciarmos a aventura.
Sistema de Classes
As três classes possuem árvores de habilidades específicas com poderes realmente úteis. Diferente de títulos mais complexos de RPG, em Souldiers todos os especiais têm sua utilização e combiná-los adequadamente muda tudo na dinâmica de exploração e gameplay.
Patrulheiro:
- Balanceado
- Ataque corpo-a-corpo
- Bloqueio / Parry
Recomendada para os aventureiros acostumados com títulos como Castlevania e combates usando espada e escudo. Embora seja equilibrado, é necessário domínio das habilidades para performar bem e tirar máximo proveito de seu bloqueio perfeito.
Arqueiro:
- Ágil, porém frágil
- Ataques a distância
- Velocidade de ataque
Armado com um clássico e poderoso arco-e-flecha, a jogabilidade se transforma em algo próximo a Mega-man. O limitador de flechas demanda uma alternância entre ataques e esquiva e uma boa mira para finalizar seus oponentes.
Conjurador
- Poderoso em combate
- Ataques teleguiados
- Dano concentrado
Um mago que carrega um cajado encantado e utiliza dele para criar mascotes que lhe auxiliam em combate. O Conjurador faz com que o desafio de Souldiers se torne ainda maior, por sofrer muito dano e não contar com grande esquiva, mas compensado com o estrago feito a oponentes sem a necessidade de um conflito direto.
Jogabilidade simples em uma aventura complexa
Souldiers se apresenta como um metroidvania clássico com traços soulslike de seu começo a fim. Como os clássicos dos anos 90, o estilo Metroidvania dita o ritmo do jogo, fazendo com que avancemos e retornemos sempre após coletar novas habilidades e relíquias.
Através de uma jogabilidade 2D/Plataforma, devemos enfrentar monstros fantasiosos, resolver quebra-cabeças e abrir caminhos para novas áreas em um mapa lateral repleto de dungeons, segredos e vilarejos.
Entre golpes e saltos por plataformas, a jogabilidade é fácil de se aprender, especialmente por conta de sua simplicidade. Mas não se engane quanto a facilidade de seus comandos, isso não significa que ela seja rasa, ja que há um aprofundamento e aperfeiçoamento dos mesmos, sempre que temos a liberação de novas habilidades e recursos, tanto em combate quanto para exploração.
Dificuldade Souls
Certos problemas surgem quando abordamos a outra parte da caracterização. Ao se mostrar tratar de uma experiência que se inspira nos rótulos soulslike, algo que está projetado até mesmo no nome do game, Souldiers acaba passando do ponto em certos aspectos.
Para ilustrar isso, temos como primeiro exemplo a sua dificuldade, elevada e de algum modo injusta aos novos nessa categoria de jogo.
Em suas dungeons encontramos uma infinidade de perigos a nossa espreita, inimigos escondidos em troncos de árvores e montes de areia, posicionados só para nos causar dano de maneira inesperada, além de armadilhas e algumas vezes a ausência de visibilidade das plataformas. Somos frequentemente levados a explorar os cenários mais de uma vez, pelo menos até descobrirmos como sobreviver a estes acasos inesperados.
Tentativa, erro e evolução
Assim como na maior parte dos games Souls, Souldiers não alivia e dá poucos momentos para os jogadores respirarem.
Quando o mapa não está repleto de inimigos, seu level design é o próprio desafio. Constantemente, os guerreiros se depararão com armadilhas e serão obrigados a pensar se é o momento ideal para avançar.
Cenários terrivelmente escuros, pisos falsos, atiradores nos tetos, estacas em profundidades invisíveis…
Em Souldiers é preciso aprender, especialmente com seus pontos de salvamento e teletransporte relativamente distantes.
Souldiers: vale a pena?
Souldiers tem muitos pontos positivos interessantes e expande as opções de games Soulsvania. Com elementos retrô em uma campanha principal gigante, sem contar as missões secundarias. Seus gráficos simples são um show de estilos e a jogabilidade se beneficia da fluidez entregue pela Pixel Art, criando originalidade no universo e na história dos guardiões.
Apesar disso, o game falha tecnicamente em aspectos simples, como possuir um tempo de carregamento excessivo mesmo na versão de PC, dungeons gigantescas e não trazer recursos inovadores ou exclusivos.
Pesando todos esses pontos, Souldiers é uma boa pedida para fãs de metroidvania e para quem curte games longos e desafiadores do cenário indie.
(Texto construído a partir de chave fornecida por assessoria de imprensa)
