Jô Soares é um nome que dispensa apresentações na cultura brasileira. O humorista, escritor, apresentador e dramaturgo faleceu na madrugada desta sexta-feira (05), aos 84 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Entre os tantos bordões que o notório torcedor do Fluminense eternizou, um está totalmente ligado ao futebol.
Zé da Galera era um dos tantos personagens inesquecíveis de Jô Soares do programa “Viva o Gordo”, exibido pela Globo entre 1981 e 1987. No começo dos anos 80, Telê Santana havia assumido o comando da Seleção Brasileira, visando a Copa do Mundo de 1982. Logo após a dificuldade em encontrar um ponta-direita, o técnico decidiu montar um esquema sem nenhum jogador para a posição.
Entretanto, Zé da Galera era um típico representante da torcida brasileira. Agindo como uma espécie de porta-voz dos amantes do futebol, o personagem “conversava” com Telê Santana toda a semana na atração. Assim, se dirigia ao telefone público, ligava para o técnico no orelhão e fazia o seguinte pedido ao então técnico da Seleção: “Bota ponta, Telê!”.
Telê Santana não atendeu aos apelos do personagem de Jô Soares
“Ponta é importante, Telê! Não vê a galinha? Se ela não tem ponta no bico, como é que ela vai fazer para comer o milho? Bota ponta na Seleção, Telê!”, implorava o hilariante Zé da Galera. Entre tantos gestos e o braço direito geralmente apoiado na base do telefone, o personagem seguia expondo seus argumentos. “Outro dia eu fui assistir ao jogo da Seleção. Olhei para o banco dos reservas, o banco de madeira tinha duas pontas. Agora, sentado no banco não tinha uma”, prosseguia, lembrando também que tinha estrela de até seis pontas.
Entretanto, por mais que Zé da Galera apelasse, Telê Santana não deu ouvidos ao eterno personagem de Jô Soares. Assim, na Copa do Mundo 1982, a Seleção Brasileira atuou sem um ponteiro direito de ofício. Aliás, nenhum jogador da função foi levado para o Mundial da Espanha. Na equipe titular, Zico e Sócrates se revezavam no preenchimento do setor durante as partidas. Por fim, Paulo Isidoro costumava entrar no segundo tempo para ocupar a ponta-direita.

