Imprensa argentina se mostra cada vez mais preocupada com o atual momento do futebol local e ascensão das equipes brasileiras. Em debate, o jornalista Martín Liberman reconhece a superioridade técnica dos times do Brasileirão Série A em relação aos clubes da Argentina; mas não vê esse fator como o único problema entre as duas potências sul-americanas. O poder econômico dos clubes do Brasil é visto como incompatível para os ‘Hermanos’.
O jornalista da ESPN Argentina e do canal El Trece aponta que os únicos times capazes de competir com as equipes do Brasil, na América do Sul, são os próprios brasileiros. O restante dos clubes não têm qualidade para bater de frente, e caso vença, será por puro ‘azar’.
“Pode acontecer, porque o jogo é decidido em campo. Com isso, pode ocorrer um vacilo e complicar a partida. Mas tendência é que sempre vença o brasileiro”, destacou Liberman.
Flamengo ignorado e Palmeiras sem rival na América do Sul
Liberman participou de um debate veiculado na imprensa boliviana, no qual reconheceu a força do futebol brasileiro e cravou que o Palmeiras está em um patamar superior aos demais sul-americanos, incluindo os brasileiros.
“A verdade é que o poder dos brasileiros é impressionante, especialmente o do Palmeiras. Creio que só quem pode ganhar do Palmeiras é uma equipe brasileira. Porque você viu como eles jogam, os treinadores sabem disso, quando jogam equipes do mesmo país, as diferenças podem encolher, é como se fosse: ‘Nos conhecemos; nos enfrentamos seguidamente; estamos acostumados, com estes jogadores’.”
Para o jornalista, o Verdão é muito superior, por exemplo, aos argentinos que estão nas quartas de final da Copa Libertadores.
“O Palmeiras é muito melhor que Véllez, Estudiantes ou Talleres de Córdoba, não tenho nenhuma dúvida disso”, disse o argentino. Além disso, ignorou o Flamengo e cravou: “O Palmeiras é a melhor equipe do continente; agora, jogo é jogo. Um dia ruim como visitante complica a partida de volta. Mas a lógica seria que o Palmeiras não tenha rival”.
Poder econômico no Brasil
O argentino destaca um fator que é muito mais preocupante que as diferenças técnicas entre as equipes do Brasil e da Argentina: o poder econômico. Os times brasileiros, como Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG, são muito superior financeiramente que os demais do continente, e caminham a passos largos para se distanciar ainda mais.
“Mas a parte técnica está longe da importância da coisa. Eu acredito que os brasileiros vão andando ao longo dos anos. No Brasil, (os clubes) entenderam o que é SAF, e que o dinheiro é bem recebido. Ninguém diz: ‘Não, somos sociedades civis’. E nem saem nas ruas com faixas de que não querem dinheiro. A vantagem é abismal. Eles contratam jovens de 20, 30, 40 milhões (de dólares). O futebol brasileiro veio aqui, na Argentina, e disse: ‘Quem é o melhor meio-campista disponível?’ Giuliano Galoppo. ‘Venha!”’.
E acrescentou: “‘Quem é o segundo melhor meio-campista?’ É o capitão da Argentina, Fausto Vera. ‘Venha’. Se é 7 ou 10 milhões (de dólares), não tem problema. Estão minimizando a Argentina”, avaliou.
Outros assuntos debatidos
No mesmo debate, Liberman lembrou a chegada de Suárez ao Nacional, do Uruguai, e apontou que, com esse reforço, a equipe de Montevidéu está sem rival na Copa Sul-Americana.
E aproveitou o espaço para falar do River Plate, que nos primeiros anos de Marcelo Gallardo foi a equipe mais parecida com o Palmeiras. Sendo assim, lamentou o título da Libertadores “escapado” nos últimos dois minutos para o Flamengo, em 2019.
E fez ainda outras comparações referentes ao Verdão, como com o Boca Juniors, de Bianchi; São Paulo, de Telê Santana (bicampeão mundial), ou com o Estudiantes de La Plata, de há algumas décadas.
“Cada equipe tem sua época, e essa época pertence ao futebol brasileiro, principalmente ao Palmeiras”, completou o jornalista da ESPN Argentina.
