Home Outros Esportes O que os jogadores e técnicos pensam sobre a nova proteção nos capacetes exigida pela NFL

O que os jogadores e técnicos pensam sobre a nova proteção nos capacetes exigida pela NFL

De forma geral, equipamento foi bem recebido no início do training camp apesar da aparência estranha

Thais May Carvalho
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e mestranda de Ciências da Comunicação na Universidade de São Paulo, sou colaboradora do Torcedores.com desde 2020. Escrevo sobre diversas modalidades, com foco mais voltado para futebol americano, beisebol, surfe, tênis, futebol, hóquei no gelo e basquete.

Ao longo da primeira semana do training camp, um equipamento peculiar sobre o capacete de alguns jogadores chamou a atenção dos fãs da NFL. Esse é o “Guardian Cap”, uma espécie de capacete de espuma que foi projetado para diminuir a força nos choques de cabeça na liga.

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Nas últimas duas temporadas, o “Guardian Cap” foi disponibilizado para os atletas da NFL, mas poucos fizeram uso do equipamento. Em março de 2022, no entanto, a liga determinou que todos os jogadores de linha ofensiva e defensiva, tight ends e linebackers precisam usá-lo desde o início do training camp até o segundo jogo da pré-temporada.

De acordo com a Guardian Sports, empresa que desenvolve o equipamento desde 2010, ele diminui a força do impacto na cabeça em até 33%. Já segundo uma pesquisa feita pela própria NFL, o “Guardian Cap” diminui a força do contato em 10% se um jogador o estiver utilizando, e em 20% se os dois atletas envolvidos no choque usarem o material.

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Mas afinal de contas, o que os próprios jogadores e treinadores pensam sobre o novo equipamento? Até o momento, a resposta foi majoritariamente positiva, com a maior parte citando os benefícios à saúde. Por outro lado, a aparência do novo capacete de espuma foi bastante ironizada e também foram citados alguns incômodos e preocupações.

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Para o gerente de equipamentos dos Bears, Tony Medlin, essa abertura com a nova proteção tem um motivo. “Os jogadores estão muito abertos para experimentá-lo. Quando você ordena algo, às vezes os caras levantam a sobrancelha, mas neste caso é um pouco diferente. Fiquei muito impressionado com a forma como nossos jogadores enfrentaram esse ‘Guardian Cap’. Quando você começa a falar a palavra segurança, segurança do jogador, acho que isso realmente soa como um sino. Só essa palavra já ajudou de muitas maneiras”.

Justin Jones é um exemplo dessa abertura. “Lesões cerebrais são uma coisa real quando você sai. Então, ser capaz de tomar precauções para mitigar um pouco disso é muito legal. E dá aos jogadores uma paz de espírito sabendo que eles [NFL] têm o nosso melhor interesse nesse aspecto”, disse o defensor de Chicago.

Um dos primeiros a adotar a proteção quando ela ainda não era obrigatória, David Edwards, dos Rams, também é a favor do seu uso para prevenir as lesões: “A última coisa que você quer é perder jogadores nas linhas ofensivas e defensivas devido a lesões na cabeça durante os treinos ou no training camp. O equipamento ajudou a reduzir algumas dessas lesões e foi útil para nossa equipe na temporada passada”.

Sean McVay ressaltou os benefícios secundários do “Guardian Cap” ao adotar o equipamento no training camp de 2021, após Matthew Stafford machucar o dedão no capacete de um defensor. “É uma daquelas coisas que digo a mim mesmo: ‘Cara, me sinto estúpido por não ter implementado algumas coisas para evitar isso”.

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Outro jogador que utilizou o equipamento em 2021, mesmo depois de apresentar uma resistência inicial, foi Matt Paradis, dos Panthers. “Estamos falando sobre o cérebro. Há tanta coisa envolvida nisso e tanta coisa que não sabemos. É tipo: [o ‘Guardian Cap] está disponível, ajuda estatisticamente, ajuda a reduzir essa força, então vou dar uma chance”.

Pensando nos benefícios a longo prazo, Joel Bitonio, dos Browns, também é a favor da proteção extra. “Queremos que os caras tenham uma vida longa e feliz. Se ajuda um pouco usarem um capacete de proteção por algumas semanas, acho que vale a pena”.

Em uma conversa com seu time sobre o novo equipamento, Mike Tomlin, dos Steelers, disse que seu papel é proteger a saúde dos jogadores, e está comprometido com isso. “É uma nova regra, é para a segurança deles. Não vamos torná-lo um problema para nós e vamos nos concentrar em nosso trabalho”. Sem contrariar muito o técnico, Pat Freiermuth, tight end do time, foi direto na sua opinião sobre o equipamento: “Nós definitivamente parecemos bobos, mas é uma boa proteção”.

Já JJ Watt, dos Cardinals, e Cam Jordan, dos Saints, não parecem muito satisfeitos com a exigência. Eles se compararam a bonecos bobblehead e disseram que será preciso mais tempo para se acostumarem com o capacete de espuma. Watt ainda questionou os motivos da liga para não adotar esta proteção em toda temporada: “Então vamos ficar seguros… às vezes”, ironizou.

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O estranhamento e o desconforto foram ressaltados por outros atletas. Jermaine Johnson, dos Jets, falou que o equipamento é um pouco mais pesado do que o usual, mas que não é tão ruim. Já Noah Fant, dos Seahawks, disse: “É apenas uma daquelas coisas que são um pouco inconvenientes, mas vamos seguir em frente. Eu sei que no jogo não terei que usá-lo, então vamos fazer funcionar”.

Adam Trautman, dos Saints, gosta da iniciativa, mas queria que a ventilação fosse melhor: “É uma regra da liga, então temos que fazer. Mas se eles dizem que ajuda, eu sou a favor. Todo mundo sabe o quão sérias são as concussões, especialmente quando você está batendo cabeça com as pessoas em todas as jogadas, especialmente na linha de frente. Então acho que eles são uma boa ideia. Eu gostaria que eles fossem um pouco mais ventilados, mas acho que é uma boa ideia com certeza”.

Para ironizar o novo visual do “Guardian Cap”, Jason Kelce, dos Eagles, usou plástico bolha sobre a cabeça durante um treino. “Quero dizer, eles disseram que um ‘Guardian Cap’ adiciona 20% de proteção – imagino que o plástico bolha me deu mais dois ou três [por cento]”, brincou Kelce.

Mas seus companheiros de time T.J. Edwards e Dallas Goedert foram mais receptivos à novidade apesar de não gostarem do visual. “Acho que parecemos um pouco bobos, mas eles estão lá por um bom motivo. Eles fizeram estudos com eles, e você sabe, se há algo para nos manter mais seguros, por que não fazê-lo? Você só tem um cérebro, então é melhor mantê-lo da melhor maneira possível”, disse Goedert.

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Em um tom mais sério, o técnico dos Jets, Robert Saleh, ressaltou que as intenções da liga são boas, mas que vê uma falha no protocolo, pois os jogadores precisam se acostumar com o equipamento e o ritmo do jogo: “Acho que por causa do golpe suave, os jogadores podem usar um pouco mais a cabeça. Qualquer um que jogou futebol americano sabe que a primeira vez que você bate com o capacete ou sofre uma colisão, há um choque. E se você espera até a primeira partida para esse choque acontecer… eu não sei, o tempo dirá. Estou [preocupado] porque acho que há um período de aclimatação necessário para os pads e para o que eles realmente usarão no jogo. Então, se você está esperando até a partida para realmente sentir isso, acho que será interessante ver que tipo de feedback que recebemos dos jogadores”.

Para defender o uso da proteção durante o training camp, o diretor médico da NFL, o Dr. Allen Sills, divulgou um comunicado dizendo: “O cérebro não se adapta aos impactos da cabeça. O ‘Guardian Cap’ ajuda a mitigar essas forças em um momento da temporada em que vemos a maior concentração delas”.

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