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Treinador gay diz que se reprime para se manter no futebol

Técnico contou um pouco da sua história de forma anônima em podcast

André Salem
Jornalista desde 2016, redator do Torcedores.com desde 2022. Apaixonado pelo futebol brasileiro, escrevo principalmente sobre o Brasileirão Série A.

O futebol ainda é um meio muito machista e que não tem muitos gays assumidos, nem no Brasil e nem em outro lugar do mundo.

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Porém, um treinador com mais de 30 anos de carreira e mais de 10 títulos, se assumiu gay, mas de forma anônima, para poder se manter no meio do futebol sem problemas.

A revelação aconteceu no podcast “Nos Armários dos Vestiários”, feito pelo “ge”. O treinador gay contou a sua história, desde que a sua identidade não fosse revelada.

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Primeiro, o treinador disse que fez alguns bons trabalhos em times do interior em grandes polos, mas, segundo ele, o fato dele ser gay prejudicou para que a sua carreira decolasse e ele conseguisse dirigir um time grande.

“Eu já tive meus momentos. Fui eleito melhor treinador de Estadual, eliminei time grande com o estádio lotado. Nessas horas eu pensava: “Chegou a minha hora”. Eu ficava na expectativa e na esperança de ser reconhecido pelo meu trabalho. Teve uma vez que fiquei dois dias sem dormir porque os times grandes me queriam. Mas nunca deu certo”.

“Eu não queria aceitar, mas sempre soube o motivo para a minha carreira não decolar. Algumas vezes não consegui controlar os desejos que eu sentia e falei o que não podia, para quem não deveria. A minha fama me prejudicou”, relata o treinador.

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Em outro momento, ele comentou novamente do boicote que sofreu por parte de alguns dirigente por causa de sua orientação sexual.

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“Esse fato de as pessoas falarem que eu não cresci no futebol por isso… Porque falam… Até as pessoas que trabalham comigo, né? Meus amigos que trabalham comigo há anos, preparador físico, auxiliar, eles sempre falavam: ‘Por que a gente não consegue chegar?’. E eu guardava para mim”.

“Eu sabia que o nosso potencial era para estar em outro nível. E a gente não consegue… E eu me perguntava: “Pô, será que é por isso? Será que sabem de algum fato em relação a isso?”. Sempre me questionei: ‘Por que todo mundo consegue, e eu não? Eu tenho vários títulos. Poucos treinadores conseguem isso, poucos…'”, declara o treinador.

Depois, o técnico contou sobre o primeiro alerta que recebeu de um dirigente sobre ele ser gay no futebol.

“Era de um clube pequeno, anos atrás. Ele falou abertamente: ‘Oh, cuidado, tem algumas coisas aí que podem te prejudicar, tem gente falando da sua vida, você trabalha com garotos, abre o olho’. Eu tinha a confirmação de que não foi por falta de capacidade que não cheguei lá”, disse o treinador.

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Por fim, ele contou que precisava se reprimir em vários momentos de sua vida, não só no futebol. Ele, que hoje tem mulher e filho, conta que desde jovem luta contra esses desejos.

“Eu sempre tive desejos, entendeu? Foi uma coisa que eu sempre relutei, brigo até hoje com isso. Caso de você olhar, falar… É uma coisa que eu brigo para caramba”.

“Fui batizado na igreja, entrei para a igreja com nossa família e tudo. E é uma coisa que, eu repito, sempre lutei, minha esposa nunca soube disso. É uma guerra … Uma guerra diária. É você lutando contra você mesmo. E, quando é mais jovem, você erra mais. Mais experiente, você erra menos. De uns anos para cá, não tenho mais errado. Lá no início, sim, fui gay, mas não dei continuidade. Foi sempre uma luta particular minha. Nunca fiz nada com atleta, mas já falei, já olhei, já busquei, já liguei… De verdade mesmo, de coração? Eu luto desde que nasci”, relata.

O podcast completo com o treinador tem mais de 40 minutos e está disponível em áudio na íntegra no site do “ge”.

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