Um dos grandes nomes da história da crônica esportiva brasileira, Silvio Lancellotti faleceu nesta terça-feira (13), aos 78 anos. Ele estava internado há uma semana no Hospital São Paulo, na capital paulista, logo após sofrer uma parada cardíaca. Silvio Lancellotti era formado em arquitetura, mas logo cedo descobriu sua efetiva vocação: o jornalismo.
Lancellotti enviou seu currículo para a antiga revista Realidade, que estava contratando jovens com formação universitária. Mal sabia ele que aquela seleção acabaria formando a redação da futura revista Veja. Assim, em setembro de 1968, passou a integrar, como redator, a editoria “Internacional” de Veja.
Da Veja, Lancellotti foi para a Istoé, onde atuou como redator-chefe. E, paralelamente, se tornou diretor de premiados musicais na rede Bandeirantes de televisão. Depois, foi colunista da Folha de S. Paulo e de O Estado de S. Paulo, além e diretor das revistas Vogue, Senhor-Vogue e Gourmet-Brasil.
Nos anos 1980, Silvio atuou como comentarista esportivo na Bandeirantes, na Manchete e na Record. Também apresentou, em várias emissoras por quase vinte anos, diversos programas de culinária.
Silvio Lancellotti popularizou o Campeonato Italiano
A notoriedade na televisão viria na cobertura do Campeonato Italiano pela TV Bandeirantes nos anos 80 e começo dos 90. Em partidas que costumavam ser exibidas na manhã de domingo dentro do Show do Esporte, o jornalista compôs uma equipe que marcou época ao lado do narrador Silvio Luiz e do italiano Giovanni Bruno, dono de restaurante e que também colaborava nos comentários. Aliás, era comum o chef de cozinha Lancellotti passar receitas durante as partidas quando nada de interessante acontecia nos jogos.
Inclusive, o período em que Silvio Lancellotti analisava o Campeonato Italiano na Band marcou o auge da competição, na época considerada a melhor do mundo. Eram tempos do Milan de Gullit, Van Basten e Rijkaard; do Napoli de Maradona, Careca e Alemão; da Sampdoria de Toninho Cerezo; entre outros esquadrões históricos do país da bota. A partir de 2003, o jornalista teria outra passagem marcante: pelos canais ESPN, onde ficou por nove anos. Posteriormente, seria colunista do portal R7, local em que estava desde 2012 até os dias atuais. Ao todo, cobriu oito Copas do Mundo.
Entre tantos livros de culinária italiana lançados, além de esportivos como o Almanaque da Copa do Mundo, Silvio Lancellotti publicou romances. Honra ou Vendetta é o mais conhecido, cujo tema principal era a ação da máfia italiana no Brasil. Assim, a obra inspirou a novela Poder Paralelo, exibida pela Record em 2009.
Em sua conta no Twitter, Silvio Luiz lamentou a perda do histórico colega de transmissões. “Nosso colega Everaldo Marques acaba de me informar que nosso colega Silvio Lancellotti acaba de falecer. Deus o tenha e nossa solidariedade à família”, escreveu o narrador.
Luciano do Valle o colocou no esporte
Em entrevista para o jornalista Carlos Lemes Junior no Torcedores.com em 2017, Silvio Lancellotti atribuiu ao saudoso Luciano do Valle o seu ingresso na imprensa esportiva, durante um papo descompromissado numa churrascaria. “Fiz algumas observações críticas às transmissões e ele me desafiou: ‘Então vai lá, domingo, e faz o jogo’. Estudei o cotejo nos seus mínimos detalhes. Fui e o Bolacha (Luciano do Valle) adorou. Não parei mais”, relatou ao nosso repórter.
Nos últimos anos, Silvio Lancellotti vinha mantendo um visual barbudo. “Sofri um acidente, passei por duas cirurgias, próteses. E fiquei meio desequilibrado por algum tempo. Não conseguia ficar em pé e fazer a barba. Daí, gostei”, contou, na entrevista para o nosso site.
