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Corinthians cresce na hora certa e escancara o caos que tomou conta do Palmeiras

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a classificação das Brabas para a final do Brasileirão Feminino

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Antes de mais nada, é preciso deixar bem claro que o Palmeiras não levou 6 a 1 no agregado por conta das confusões que antecederam o Derby deste sábado (10). O problema no elenco palestrino é muito mais profundo e requer muito trabalho no vestiário para unir novamente as jogadoras. É por isso que o Corinthians não apenas se garantiu nas finais do Brasileirão Feminino Série A1. O escrete (muito bem) comandado por Arthur Elias escancarou todo o caos que tomou conta do Palmeiras nos últimos meses. Bastou um pouco de organização, de concentração e de pontaria para superar suas rivais com relativa facilidade e se garantir em mais uma decisão.

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É óbvio que a “treta” envolvendo as zagueiras Agustina e Thaís interferiu sim no resultado do Derby. Como enfrentar uma das melhores equipes do Brasileirão Feminino sem sua zaga titular? E o pior de tudo: como encarar um desafio desse tamanho depois de tantas idas e vindas nos bastidores? A saída conturbada de Hoffmann Túlio do comando do Palmeiras, o retorno de Ricardo Belli e a derrota no jogo de ida já indicavam que o cenário não era dos melhores. A confusão envolvendo Agustina e Thaís só decretou o inevitável.

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Já o Corinthians simplesmente fez aquilo que sabe fazer de melhor. Mesmo com os desfalques de jogadoras importantes, Arthur Elias conseguiu repetir seu 4-4-2/4-2-4 costumeiro com Jaqueline e Gabi Portilho pelos lados, Jheniffer no comando de ataque e Adriana circulando por todo o campo. Yasmim se posicionou mais como lateral-base em alguns momentos e Diany foi muito bem jogando e apoiando mais o ataque pelo outro lado. Enquanto isso, o Palmeiras seguia marcando à distância e sofrendo para fazer as transições defensivas.

O Corinthians encontrou muita facilidade para explorar os espaços na defesa do Palmeiras. Foto: Reprodução / SPORTV

As coisas já estavam complicadas para as Palestrinas antes mesmo da bola rolar por conta da derrota no jogo de ida e de todo o contexto já descrito anteriormente. O gol de Adriana marcado logo aos oito minutos deixou o cenário ainda mais complicado. Na prática, o Palmeiras só ameaçou o gol de Lelê em chutes de longa distância e em bolas levantadas para a área. Gabi Portilho praticamente acabou com o jogo aos 44 minutos ao completar bela jogada de Jaqueline. O Corinthians simplesmente fez aquilo que se esperava dele. Explorou bem as péssimas transições das Palestrinas e produziu para vencer o Derby com uma vantagem ainda maior.

Diany avança pela direita, Jheniffer arrasta a zaga e Adriana e Gabi Portilho atacam o espaço. Foto: Reprodução / SPORTV

Jheniffer balançou as redes aos quatro e aos quinze minutos do segundo tempo e decretou a classificação do Corinthians para a decisão do Brasileirão Feminino. E não é nenhum exagero afirmar que o placar só não foi maior porque a goleira Amanda (substituta de Jully) fez pelo menos três grandes defesas e evitou o pior. Os melhores momentos do Palmeiras aconteceram na base das jogadas individuais. Principalmente quando Ary Borges se livrava da ótima marcação de Gabi Zanotti e Gabi Moraes (esta última uma das melhores em campo). O problema, no entanto, estava nas tomadas de decisões completamente erradas. Sochor e Byanca Brasil que o digam.

O Palmeiras só conseguiu criar chances quando Ary Borges se livrou da marcação do Corinthians. Foto: Reprodução / SPORTV

O mais interessante da goleada deste sábado (10) é que o assunto parece ter sido diminuído e ignorado por boa parte da imprensa esportiva e pela própria diretoria do Palmeiras. A saída de Hoffmann Túlio já era motivo suficiente para se suspeitar de que alguma coisa não andava lá muito boa pelos lados de Vinhedo (cidade onde as Palestrinas treinam). Diante desse cenário, ver o Corinthians vencendo o confronto com sonoros 6 a 1 no agregado não chega a ser nenhuma surpresa. Isso porque o Palmeiras que venceu o Timão na primeira fase do Brasileirão Feminino parece ter ficado no passado. Enquanto isso, as “Brabas” cresceram na hora certa.

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Todos os erros na gestão do Palmeiras ainda vão ser ignorados por muito tempo assim como a péssima fase de algumas jogadoras que saíram completamente do radar de Pia Sundhage e da Seleção Feminina. Enquanto isso, o Corinthians comemora mais uma classificação para uma final de Brasileiro com todos os méritos. E também precisamos exaltar o trabalho feito pela comissão técnica comandada por Arthur Elias. Mesmo com uma série de desfalques importantíssimos, o time do Parque São Jorge conseguiu suportar bem a pegada das fases eliminatórias e mostrou a maturidade e a concentração que faltaram no seu grande rival nas duas partidas das semifinais.

Resumindo tudo, o Corinthians é o finalista porque soube como lidar com os desafios que teve pela frente mesmo com os desfalques e o desgaste físico de uma temporada que ainda está longe de acabar. Já do Palmeiras, espera-se pelo menos que elenco e comissão técnica com os erros e entenda que campeonatos são vencidos com bom futebol e não apenas com nomes badalados. É o mínimo.