Home Futebol Vasco precisa encarar derrota para o Cruzeiro como divisor de águas no Brasileirão Série B

Vasco precisa encarar derrota para o Cruzeiro como divisor de águas no Brasileirão Série B

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica por que o time de Jorginho foi dominado pela Raposa nesta quarta-feira (21)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

O Cruzeiro confirmou seu retorno para a Série A depois de três temporadas ao bater o Vasco nesta quarta-feira, no Mineirão. E a maneira como a Raposa conseguiu dominar completamente a equipe comandada por Jorginho acabou deixando muita gente preocupada lá pelos lados de São Januário. Não se trata do revés em si, mas da forma como o Trem Bala da Colina se comportou diante do líder e melhor time da Série B. Tudo se resume à clara falta de concentração e da enorme desorganização do escrete de São Januário num cenário que favorecia as características de vários jogadores do elenco. Ficou claro que essa derrota para o Cruzeiro precisa ser encarada como um divisor de águas. Isso se o Vasco realmente quiser sair da Série B.

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É verdade que você pode pensar que este colunista está sendo muito duro com o time da Colina Histórica ou com Jorginho. Algumas de suas escolhas táticas feitas na partida desta quarta-feira (21) foram sim bastante questionáveis, mas qualquer avaliação do trabalho do comandante vascaíno pode soar leviana, visto que ele realizou apenas a sua terceira partida à frente do time. O ponto aqui é outro. E ele tem relação direta com a postura do time diante de um adversário mais qualificado jogando fora de casa.

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Jorginho manteve o time que goleou o Náutico no último final de semana, mas teve muita gente que acabou se esquecendo do contexto daquele jogo. Até abrir o placar com Raniel, era o Timbu quem levava mais perigo nas jogadas de ataque. Contra o Cruzeiro, o que se via era uma equipe que tentou sim ser mais agressiva, mas que escorregou nos próprios erros. Os espaços generosos concedidos entre as linhas vascaínas eram um convite para o 3-4-3 bem encaixado de Paulo Pezzolano num Cruzeiro intenso, bem postado e muito ligado em cada lance.

Formação inicial das duas equipes. Jogando no 3-4-3, o Cruzeiro estava muito mais organizado do que o Vasco.

Este que escreve já elogiou o futebol dos altamente promissores Andrey Santos e Marlon Gomes mais de uma vez aqui neste espaço e nas redes sociais. Mas é complicado exigir que eles assumam o protagonismo agora e num cenário completamente desfavorável onde os mais “cascudos” ou não rendem o esperado ou se escondem do jogo. Ao mesmo tempo, o sistema defensivo sofre com a falta de regularidade e com a queda de rendimento de nomes como o zagueiro Anderson Conceição e o goleiro Thiago Rodrigues. Até mesmo Yuri Lara parece perdido e sem posição no meio-campo. Some isso ao fato do Vasco não ter laterais confiáveis em nenhum dos lados e teremos o “combo” perfeito para uma tragédia que já foi mais do que anunciada.

Por outro lado, também podemos (e devemos) apontar para alguns equívocos cometidos por Jorginho na partida contra o Cruzeiro. É de se compreender que ele deseje que o Vasco jogue de maneira agressiva nas transições, com linhas mais altas e explorando o erro do seu adversário. O grande problema, no entanto, estava na disposição tática dos jogadores. Yuri Lara jogava muito atrás e deixava uma faixa enorme de campo para Andrey Santos cobrir. A péssima noite de Nenê e Raniel, a afobação de Eguinaldo e a fase ruim de Thiago Rodrigues no gol vascaíno só contribuíram para que Filipe Machado, Bruno Rodrigues, Stênio e Edu tomassem conta do jogo com a facilidade que não tiveram no Maracanã.

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Há sim como se discutir um pênalti cometido por Rafael Cabral em cima de Eguinaldo (no começo do jogo) e a arbitragem benevolente com as entradas duras de Stênio e Lincoln nos jogadores do Vasco. Mas nem isso apaga a atuação péssima do Trem Bala da Colina nesta quarta-feira (21). E o técnico Jorginho, por sua vez, acabou vendo o caldo entornar de vez no segundo tempo ao apostar (inexplicavelmente) numa formação “kamikaze” com Gabriel Pec como uma espécie de ala pela direita, Edimar como zagueiro pela esquerda e cinco jogadores espetados no ataque. A única coisa que fez foi dar ainda mais mais espaço para o Cruzeiro que consolidou a vitória e o acesso para a Série A com os 3 a 0 inapeláveis no Mineirão.

Jorginho apostou numa formação “kamikaze” e acabou sendo punido pelos contra-ataques bem encaixados do Cruzeiro.

É por isso que este que escreve insiste que a derrota para o Cruzeiro precisa ser encarada como uma espécie de divisor de águas por todos no Vasco. Não pelo resultado em si, mas pela maneira como ele foi construído e pela aproximação dos adversários do Trem Bala da Colina na briga pelo acesso. Há como se falar em queda de rendimento de alguns jogadores e também em choque de realidade. Cobrar qualquer coisa de Jorginho não é a melhor decisão apesar da clara falta de leitura do contexto na derrota para o Cruzeiro na última quarta-feira (21). Mesmo assim, encontrar meios de fazer esse time jogar mais e fazer aquilo que a torcida espera é responsabilidade dele.

Fato é que a situação do Vasco não é desesperadora e que o clube ainda depende das próprias forças para sair do calvário da Série B. O problema é que a reta final da temporada não permite quase nenhum erro. Ou o Trem Bala da Colina volta para os trilhos, ou as chances de amargar mais um ano na Segundona vão aumentar consideravelmente.

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