Home Outros Esportes Relógio, bases e shifts; MLB aprova mudanças nas regras para 2023

Relógio, bases e shifts; MLB aprova mudanças nas regras para 2023

Mudanças visam deixar jogo mais dinâmico, rápido e seguro

Thais May Carvalho
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e mestranda de Ciências da Comunicação na Universidade de São Paulo, sou colaboradora do Torcedores.com desde 2020. Escrevo sobre diversas modalidades, com foco mais voltado para futebol americano, beisebol, surfe, tênis, futebol, hóquei no gelo e basquete.

Nesta sexta-feira (09), o recém-criado comitê de competições, que é formado por seis representantes dos donos dos times, quatro jogadores e um árbitro da MLB, aprovou mudanças que entrarão em vigor a partir da temporada de 2023. Entre as mais importantes estão o aumento do tamanho das bases, a implementação de um relógio para os arremessadores e o banimento dos shifts.

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Essas novas regras foram testadas nas ligas menores nos anos anteriores e têm como objetivo aumentar o número de rebatidas rasteiras e os roubos de base, fazer com que as partidas diminuam de tempo e também oferecer uma maior segurança aos jogadores. Com isso, a liga tenta fazer com que o esporte volte a ser mais dinâmico.

Embora os jogadores tenham concordado com as novas bases, eles votaram contra as duas outras modificações. Segundo Ian Happ, do Chicago Cubs, eles gostariam que essas regras fossem implementadas de forma gradual para que não alterassem drasticamente a forma como o jogo é praticado. Já é claro, por exemplo, que os arremessadores não são fãs do relógio.

BASES MAIORES

A partir da temporada que vem, a primeira, a segunda e a terceira bases passarão a ter uma área aproximadamente 20 centímetros maior do que a atual. Elas passam de 96 cm² (o que equivale a 15 polegadas quadradas) para 116 cm² (18 polegadas quadradas).

Espera-se que, além de aumentar a possibilidade dos roubos de base, pois elas estarão quase 11 centímetros mais próximas umas das outras, essa mudança garanta uma maior segurança ao defensor, especialmente na primeira base. Isso porque ele vai ficar um pouco mais distante da rota dos corredores.

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Nas ligas menores, os roubos aumentaram 27% desde 2019, quando as bases de maior tamanho passaram a ser utilizadas. Já as lesões por conta de colisões próximas das bases diminuíram em 13%.

RELÓGIO DE ARREMESSO

Muito esperado há alguns anos, o relógio de arremesso finalmente vai chegar na MLB em 2023. Ele funcionará de três formas diferentes: o tempo entre cada rebatedor vai ser de 30 segundos; quando as bases estiverem vazias, o arremessador terá 15 segundos entre cada arremesso; e quando existir um corredor em base, esse intervalo aumentará para 20 segundos. Se o arremessador violar essa regra, ele será punido com uma contagem de bola. Vale ressaltar que é o início do movimento de arremesso que faz o relógio parar, e não quando a bola sai da mão do jogador.

A cada confronto, o arremessador tem direito a duas tentativas de pickoff ou de tirar o pé posição de arremesso na borracha. Nesses casos (ou se o corredor tentar roubar a base) o relógio é reiniciado em 20 segundos. Se o arremessador fizer um desses movimentos uma terceira vez, o corredor ganha uma base caso o pickoff não seja bem sucedido. Tempos médicos e visitas ao montinho não contam como se o jogador estivesse saindo da posição de arremesso.

A regra também impõe limites aos rebatedores, pois eles precisam estar prontos no box na marca de 8 segundos do relógio. Se um rebatedor infringir essa regra, ele receberá um strike automático. Os rebatedores também recebem um pedido de tempo por at-bat que pausa o cronômetro.

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Com a implementação do relógio, o tempo médio de um jogo diminuiu cerca de 26 minutos nas ligas menores, ficando perto de duas horas e meia. Em 2022, as partidas na MLB têm por volta de 3 horas e 07 minutos. A última vez que essa média ficou abaixo de três horas foi em 2003. E esse aumento tem a ver com quanto o jogo fica parado. Desde os anos 80, o tempo entre cada jogada aumentou em 22%, e é isso que o relógio de arremesso tenta solucionar.

PROIBIÇÃO DOS SHIFTS

Não há dúvidas de que o aumento no uso dos shifts teve um impacto negativo para os ataques, afinal de contas, o objetivo dessas movimentações defensivas é justamente adaptar o posicionamento dos jogadores para aumentar a chance de eliminação. Em meados de 2015, os shifts eram feitos em menos de 15% dos arremessos, mas em 2022 esse número saltou para 35%. Enquanto isso, o número de rebatidas em que a bola foi colocada em jogo caiu de .300 para .291 nesse período.

Para tentar aumentar o volume dos ataques e garantir mais rebatidas rasteiras, a partir do ano que vem, os jogadores de campo interno precisarão ter os dois pés no limite do infield (que é delimitado pela terra) antes do arremesso acontecer, e também não podem trocar de lado no campo, ou seja, o shortstop e o terceira base precisam ficar do lado esquerdo do infield, enquanto o primeira e o segunda base ficam do lado direito. No entanto, os jogadores do campo externo podem se posicionar no infield caso queiram.

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Se a defesa desrespeitar essas regras de posicionamento, a jogada pode ser desafiada. Então, o time que está no ataque escolhe entre o resultado da jogada ou uma bola automática na contagem do rebatedor.

Aqui vale pontuar que a limitação nos shifts foi a regra que menos deu resultados nas ligas menores. Mesmo colocando dois jogadores de cada lado do campo e dentro do limite do infield, a média de rebatidas com bolas colocadas em jogo em 2021 e 2022 (quando essas restrições foram implementadas) permaneceu praticamente igual a das temporadas anteriores. Ainda existem novas regras sendo testadas, como uma zona no formato de uma fatia de pizza atrás da segunda base onde os defensores não podem se posicionar. No entanto, ainda é cedo para ver se elas são realmente efetivas.