Home DESTAQUE Apresentador ‘surpresa’, ‘sobrevivente’ do Esporte Interativo e repórter de decisões: a trajetória de Rodrigo Fragoso no jornalismo

Apresentador ‘surpresa’, ‘sobrevivente’ do Esporte Interativo e repórter de decisões: a trajetória de Rodrigo Fragoso no jornalismo

Jornalista cobriu de Série C a Mundial de Clubes e é hoje ‘multifunção’ na TNT Sports

Lucas Ayres
Jornalista no Torcedores.com desde 2021, sou editor responsável pela coordenação de toda a produção audiovisual do site desde 2022, além de produzir matérias especiais, entre entrevistas, coberturas de eventos e artigos analíticos. Completamente apaixonado por esportes, mas em especial por futebol, seja pela sua parte técnica e tática, seja pela sua parte humana, social e sociológica, trabalho na área do jornalismo de esportes desde que me formei, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Passei pela Revista PLACAR, pela Premier League Brasil, pela Esportelândia e pela produção do programa "Esporte Record News", da Record News. No futebol, me especializo na cobertura dos seguintes campeonatos: Brasileirão Série A; Copa do Brasil; Copa Libertadores; Champions League; Premier League; La Liga; Campeonato Paulista. Também cubro basquete, em especial a NBA. Você pode conferir alguns dos meus melhores trabalhos aqui [https://lucasrayres.contently.com] e também um pouco do meu trabalho no audiovisual aqui [tiktok.com/@torcedorescom] e aqui [youtube.com/c/TVTorcedoresOficial/videos].

Rodrigo Fragoso é, acima de tudo, um cara preparado. Preparado para conversar com o Torcedores.com por mais de uma hora e meia em pleno saguão de hotel, mesmo depois de pegar horas de fila de credenciamento e instantes depois de entrar ao vivo na TNT Sports.

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Só com preparação (e talento, claro) para virar a chave, em poucas horas, de produtor para repórter e depois para entrevistado, e tudo isso em outro país.

Rodrigo gravou entrevista para a TV Torcedores diretamente de Córdoba, na Argentina, onde “está” como repórter — se preparando, claro —, para cobrir a final da Copa Sul-Americana de 2022, disputada entre São Paulo e Independiente Del Valle.

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A ênfase no “está” não é à toa. Fragoso executa, sim, a função que mais exerceu na carreira de quase uma década de Esporte Interativo / TNT Sports, mas que não é única.

Além de cobrir eventos como o “jogo da década do São Paulo“, ele é também comentarista da marca esportiva da Warner Bros. Discovery. É um recém-iniciado nas transmissões da Champions League, competição na qual “estreou” neste ano. Isso quando não é apresentador dos programas da casa.

De um lado, a árdua tarefa de uma “jornada tripla”. De outro o prestígio. Ou da realização de sonhos, como ele mesmo descreve: “Tenho realizado alguns sonhos. Realizei nesse ano ainda o sonho da cobertura do Mundial de Clubes. Já realizei o sonho de trabalhar em Olimpíadas, na 2016 no Brasil, nos Jogos Parapan-americanos, enfim”.

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É difícil de dissociar as realizações profissionais de Fragoso de seu perfil. Afinal, ele estava preparado para cobrir um Mundial de Clubes, uma Olimpíada, uma Sul-Americana. Mas principalmente estava preparado para “agarrar as oportunidades” que o levaram para o atual patamar da carreira, de grandes eventos e grandes coberturas.

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A trajetória de Rodrigo Fragoso no Esporte Interativo

Desde 2013 na empresa que na época era o Esporte Interativo, Rodrigo foi topando o que tinha pela frente, em termos de jogos e competições disponíveis, para aprender.

Fez jogos na Série C “sem torcida”, viajou incontáveis horas para cobrir a partida de um time que mal tinha um assessor. Isso quando não precisou perguntar para o pessoal do próprio time quem era o principal jogador do elenco, já que não havia nada publicado ou registrado. Entre outros perrengues.

“Agarrei oportunidades de fazer transmissões de Série C, de Série B. Muita gente desdenha. “Pô, vai viajar 5 horas para fazer transmissão de Série C”. Cara, é maravilhoso. É um enorme aprendizado”, ele explica. “Você vai ganhando casca, cancha e experiência com isso tudo. E você vai galgando espaço para coberturas maiores”.

De fato, depois das Séries B e C vieram um Parapan-americano, o de Toronto, em 2015; na sequência, a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.

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Só não havia como se preparar a cobertura do infame acidente da Chapecoense, quando o avião que levava o elenco da equipe para a disputa da final da Copa Sul-Americana de 2016 caiu nos arredores da cidade de Medellín, na Colômbia.

“Se você é da imprensa esportiva, tá acostumado a cobrir jogo, alegria, festa, gol, torcedor rindo, emocionado, puto. Você não tá acostumado a olhar pra caixão, cara. Você não está acostumado a mandar mensagens para pessoas de luto. Então é um desafio”, ele relembra, com os olhos marejados.

Preparação para os comentários e as grandes coberturas

Aliás, vale aqui uma reflexão sobre a preparação de Rodrigo Fragoso. Não que o jornalista seja uma enciclopédia esportiva — até porque tem um admitido problema com sua memória —, mas ele busca ao máximo se informar, seja sobre os temas que cobre, seja sobre as funções que exerce.

É mais ou menos como ele está fazendo atualmente para comentar os jogos da Champions League na TNT Sports. Para ele, não basta estar em dia com o que PSG, Real Madrid e cia têm feito ou como têm jogado, mas também o que dizem estudos sobre comunicação verbal, sobre metodologia de análise tática. Enfim, vale tudo para levar a opinião da melhor maneira ao espectador. Até uma grande lousa na pequena cabine de estúdio para não esquecer as formações das equipes.

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Mais do que a qualidade na cobertura, a preparação contínua é útil para enfrentar diferentes situações. Até porque tem vezes que não se tem semanas para estudar uma competição, como fez no Parapan, ou ao menos a duração de uma viagem para a Colômbia, como no caso da Chape, para se inteirar sobre um assunto.

Apresentador “surpresa” e substituto de André Henning

Há momentos em que a oportunidade aparece em questão de minutos. Como quando Fragoso, com só um par de anos de Esporte Interativo, substituiu ninguém menos que André Hening, narrador e possivelmente maior nome da casas há anos, no programa que simplesmente se chamava “No Ar com André Hening”.

“Eu tava lá, a gente tava pronto para sair para uma pauta, para acompanhar o treino do Corinthians, que não ia ter nem coletiva, a gente ia para fazer imagens”, ele começa a relembrar. “O programa na época começava às 10h da manhã, o André chegava por volta das 08h na TV para preparar tudo com a equipe dele. Só que a equipe dele não conseguia contato com ele, e quando conseguiu ele tava tendo o famoso “piriri”.

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“E o programa tinha que ir ao ar, naquele momento a gente não tinha uma gaveta. O Mário Grilo, um cara que até hoje tá na TNT e me ajudou na realização muitos sonhos, comentou que teria que colocar alguma reprise, alguma coisa no ar. Mas aí eu virei pra ele e falei “não, eu apresento”.

“O pessoal ficou meio “tem certeza?” Eu disse que sim. “Então bota o moleque na tela”. Quando acabou o programa, eu perguntei pra ele, ele falou que dali pra frente eu seria o substituto do André, se ele tivesse algum problema. Quando ele viajar pra Champions, essas coisas, eu apresentaria no lugar. E aquilo pra mim foi um salto enorme”, ele finaliza, claramente orgulhoso do passo à custa de muita coragem.

O episódio foi decisivo na carreira de Rodrigo Fragoso no Esporte Interativo. Ganhou moral com a chefia, maior ascendência na equipe e mais e mais oportunidades para agarrar. Como aquela que o fez crescer, da empresa para fora: o Palmeiras.

A importância do Palmeiras na carreira de Fragoso

Setorista do Verdão desde 2018, o jornalista teve a “sorte” de acompanhar justamente a equipe mais vitoriosa do Brasil desde então (especialmente se somados os anos anteriores, da “era Crefisa e Allianz Parque”). O que o fez ter maior evidência, claro. Mas a questão é que Rodrigo também teve a competência de ser muito bem recebido pela torcida alviverde.

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“O impacto (da torcida do Palmeiras na carreira) foi enorme”, ele exalta. “A minha base de “fãs” (seguidores) ela é palmeirense. Posso dizer que 80% das pessoas que me acompanham no YouTube, no Twitter, Instagram são palmeirenses. É uma galera que te dá engajamento, que acompanha seu trabalho.”

O “setorismo” de Fragoso é um dos casos modelo do que a entrega profissional à um veículo de grande alcance pode proporcionar. Com as visibilidades do time e do veículo, ele conseguiu também construir uma imagem independente como jornalista. São milhares de seguidores nas redes sociais e de inscritos no seu canal no YouTube. Sem falar no patrocínio de uma casa de apostas para alguns conteúdos.

O ganho, aliás, vai além da esfera profissional. “Minha vida se mistura muito com a TNT Sports”, ele revela. “Minha rotina, meus relacionamentos, as pessoas que trabalham comigo, tudo se mistura muito. Muitas das minhas amizades e relações de hoje, elas têm muito a ver com o meu dia a dia de trabalho e esse laço que eu criei com a TNT Sports e o Esporte Interativo”.

O fim do Esporte Interativo

Mas o trabalho, por mais realizador que seja, tem sempre seus contrapontos. Ainda mais quando ele se dá em uma grande empresa de comunicação. Em 2018, o Esporte Interativo anunciou o fim das operações do canal, que depois passaria a ser o TNT Sports, uma marca multi e transmidiática sem um dial fixo. Uma operação de certa forma inovdora, mas que surgiu de um processo que não foi nada agradável. Pelo contrário.

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“Foi muito difícil, de lidar, de entender, de ver tanta gente que a gente gostava saindo, de ver como a nossa rotina ia mudar completamente. De cair no escuro e falar “e agora”? Antes tinha uma programação inteira para preencher, agora não tem mais canal, qual vai ser nosso dia a dia. E para quem a gente pergunta? Esse foi o momento mais difícil, sem dúvida nenhuma o momento mais difícil da minha trajetória. Parece até hipócrita da minha parte, sendo que eu fiquei. Mas emocionalmente foi uma pancada”, ele confessa.

Fragoso fala do episódio com pesar, mas também com a segurança vinda da cicatrização que só o tempo consegue oferecer. E principalmente porque conseguiu ficar, muito por conta da trajetória que desenvolveu no veículo.

A partir das oportunidades que agarrou, dos perrengues com o qual aprendeu, ele se fez um ativo da empresa — ou um “talento”, como gosta de denominar oficialmente a assessoria da TNT Sports. O que é quase injusto, dado o tamanho do preparo que o jornalista tem.

Por falar nisso, ele teve que encerrar a conversa porque dali a pouco entraria ao vivo novamente. E tinha que se preparar, é claro.

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Entrevista EXCLUSIVA com Rodrigo Fragoso

Enquanto isso, fique à vontade para conferir a entrevista na íntegra, no vídeo publicado na TV Torcedores. Assista:

Better Collective