Home Futebol Driblar cadáver, pular traficante: Antony dá detalhes do que viveu na infância

Driblar cadáver, pular traficante: Antony dá detalhes do que viveu na infância

Jogador da seleção brasileira revela dificuldades no “Inferninho” antes de se tornar atleta profissional 

Por Carlos Eduardo Bertin em 16/11/2022 12:01 - Atualizado há 3 anos

Divulgação/ Instagram - @manchesterunited

Antony, atacante do Manchester United e da seleção brasileira, revelou que chegou a “pular” cadáver e “driblar” traficantes antes de se tornar jogador profissional. 

Em texto intitulado “O Moleque do Inferninho”, publicado no The Players Tribune nesta terça-feira (12), o jogador deu detalhes de sua infância na favela do Inferninho, em Guarulhos, lugar onde morou até ser transferido para o Ajax da Holanda. 

As palavras de Antony no texto elucidam seu estilo de jogo, criticado recentemente pelo ex-meia do Manchester United Paul Scholes. “Se você realmente quer entender por que eu jogo do jeito que eu jogo, então você precisa entender de onde eu sou. Minha história. Minhas raízes. Inferninho”, escreveu o jogador. 

“É um lugar onde a dificuldade é real. A quinze passos da porta da frente da nossa casa, sempre havia traficantes vendendo aquelas paradas erradas, passando aquelas substâncias de mão em mão. O cheiro estava sempre do lado de fora da nossa janela”, relatou em outro trecho. 

Em um dos momentos mais marcantes da carta, Antony destacou que precisou pular um corpo no caminho para a escola. 

“Algumas das coisas que eu vi…. só quem já viveu pode entender. Uma vez, na minha caminhada para a escola, quando eu tinha uns 8 ou 9 anos, encontrei um homem deitado no beco. Só que ele não estava se mexendo. Quando me aproximei, percebi que ele estava morto. Na favela, você fica meio anestesiado para algumas situações. Não havia outro caminho a seguir, e eu tinha que ir para a escola. Então, eu só fechei meus olhos e pulei o cadáver”, registrou.

Naquele cenário, o futebol e as relações humanas eram as motivações do jogador do Manchester United. Antony pontuou também que ali aprendeu os dribles por meio de vídeos, com o apoio de “Toniolo”, um tio de consideração. 

“Com uma bola nos pés, eu não tinha medo. 

Aprendi todos os truques com os brabos. Ronaldinho, Neymar, Cristiano Ronaldo. Eu assistia no YouTube, graças ao meu “tio” Toniolo. 

Ele não é meu tio de sangue. Era nosso vizinho de porta. Mas ele me tratou como um membro da família. Quando eu era pequeno, ele me deixava usar seu Wi-Fi para que eu pudesse entrar no YouTube e aprender com os melhores. 

Ele até me deu meu primeiro videogame. Se Toniolo tinha dois pães, era um pra ele, e o extra pra nós. Isso é o que as pessoas não entendem sobre a favela. Para cada pessoa que faz o mal, existem várias que praticam o bem.

Sempre digo que cresci no lugar errado, mas com as pessoas certas”, escreveu. 

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