Home Futebol Estilo de jogo próprio, intensidade e “match” com o elenco: o que esperar de Eduardo Coudet no Atlético-MG

Estilo de jogo próprio, intensidade e “match” com o elenco: o que esperar de Eduardo Coudet no Atlético-MG

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca os conceitos e as ideias de futebol do novo treindor do Galo

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Não há outra maneira de enxergar o acerto com Eduardo Coudet como um golaço do Atlético-MG. Além de ser um ótimo treinador (e de já ter provado isso no comando do Internacional em 2020 meses antes de se transferir para o Celta de Vigo), “El Cacho” Coudet tem um jeito de enxergar o futebol muito particular e que encaixa perfeitamente com alguns jogadores do elenco atleticano. Assim como aconteceu com Antonio “El Turco” Mohamed, o novo técnico do Galo chega ao clube com a missão de reestruturar o elenco de olho nas principais competições da próxima temporada. Principalmente a sempre desejada Copa Libertadores da América, grande desejo da diretoria.

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Este que escreve não afirma que a possibilidade do sucesso do casamento entre Eduardo Coudet e o Atlético-MG é considerável por conta da “grife” do treinador argentino. Eu e você sabemos que ele tem um estilo de jogo muito particular, tem predileção pelo 4-1-3-2 e implementa conceitos como a forte pressão pós-perda e um ataque mais direto com poucos passes. A questão aqui é entender que tudo isso se encaixa com as características de vários jogadores do elenco atleticano. Notadamente Zaracho (seu jogador no Racing), Hulk, Allan, Ademir e Jair.

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Por outro lado, esse “encaixe” não será algo automático. Futebol não é pensado e jogado na base da mágica. Prova disso foi o Internacional de 2020. O escrete colorado demorou para encontrar a melhor formação e foi apenas depois da paralisação por conta da pandemia de COVID-19 que o time “engrenou” de vez e chegou a liderar o Brasileirão com méritos. A começar pela boa execução do 4-1-3-2 que trazia Rodinei e Moisés apoiando bastante o ataque, Musto (ou Rodrigo Lindoso) na frente da zaga, Edenílson e Patrick (ou Boschilia) mais abertos e Guerrero formando dupla de ataque com D’Alessandro.

O Internacional fez boas campanhas em 2020 jogando no 4-1-3-2 preferido de Eduardo Coudet. Foto: Reprodução / FOX Sports

Um dos ponto fortes dos times de Eduardo Coudet é a pressão pós-perda bem encaixada. No Brasileirão de 2020, o Internacional conseguiu marcar vários gols subindo a pressão até a área adversária com seis jogadores fechando linhas de passe e provocando o erro na saída de bola adversária. A ordem é jogar com a linha bem alta e fazer as transições em altíssima velocidade. Perdeu a bola? Recupere o mais rápido possível para voltar a atacar. Esse é um dos principais mantras dos times comandados por Eduardo Coudet. Seja com Marcos Guilherme jogando como meia pela direita ou Thiago Galhardo se juntando a Abel Hernández no ataque.

A marcação agressiva no campo adversário era uma das marcas do Internacional de Eduardo Coudet. Foto: Reprodução / YouTube / GE

Nos momentos defensivos, além da já mencionada pressão pós-perda no campo adversário, os times de Eduardo Coudet costumam se fechar em duas linhas com quatro jogadores. O meio-campista central se alinha com o “camisa 5” (o responsável pela saída de bola e até por fazer a “saída de três” com os zagueiros) e os meio-campistas laterais fecham os lados do campo. Um 4-4-2 de bastante compactação e que fecha bem as linhas de passe quando bem encaixado. O Racing campeão da Superliga Argentina de 2018/19 e do Trofeo de Campeones jogava dessa mesma forma e contava com nomes bem conhecidos. Zaracho, Mena, Marcelo Díaz e Jonatan Cristaldo eram alguns deles.

Sem a posse da bola e com a primeira pressão vencida, os times de Coudet se fecham com duas linhas. Foto: Reprodução / FOX Sports

Talvez esse Racing tenha sido a equipe que melhor compreendeu e colocou em prática todos os conceitos de Eduardo Coudet. Quis o destino que “La Academia” encarasse justamente o River Plate de Marcelo Gallardo nas oitavas de final da Libertadores em 2019, mas nem essa eliminação estraga o brilho daquela equipe. A execução dos movimentos do 4-1-3-2 preferido de “Cacho” Coudet prova essa tese. A dupla de ataque móvel (formada por Jonatan Cristaldo e Lisandro López) abria espaço para as descidas de Zaracho e Walter Montoya. Laterais presentes no apoio, zagueiros participando da construção e muita mobilidade e intensidade na hora de atacar.

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O Racing de 2018/2019 foi uma das melhores equipes de Coudet e executava o 4-1-3-2 com perfeição. Foto: Reprodução / FOX Sports

Difícil não observar na chegada de Eduardo Coudet no Atlético-MG o “match” perfeito entre elenco e jogador. É lógico que a equipe precisa se reforçar e recuperar jogadores que sentiram demais o cansaço da última temporada. Nomes experientes (e mais rodados) como Hulk, Nacho Fernández, Mariano e Réver podem precisar de mais tempo para se adequar ao jogo agressivo do novo treinador do Galo. Já outros como Guilherme Arana (assim que se recuperar de lesão), Allan, Jair, Zaracho, Ademir, Vargas e Keno podem se adaptar com facilidade. Mesmo assim, o processo de entendimento entre técnico e elenco precisa de tempo para acontecer e isso precisa ser respeitado.

Eu e você sabemos disso. A grande questão é se diretoria, torcida e imprensa vão entender que os processos precisam ser respeitados. Mesmo quando existe uma grande possibilidade de “match” entre Eduardo Coudet e o elenco do Atlético-MG. Com a vaga garantida na Copa Libertadores da América e com o ânimo renovado para 2023, é bem possível que vejamos o Galo bicando forte e cantando alto pelos gramados brasileiros e sul-americanos. A conferir.