Home Futebol Paciente e organizada, Inglaterra fura bloqueio do Irã e mostra bom repertório ofensivo

Paciente e organizada, Inglaterra fura bloqueio do Irã e mostra bom repertório ofensivo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a goleada inglesa e as escolhas de Gareth Southgate e Carlos Queiroz

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

A Inglaterra sobrou na sua estreia na Copa do Mundo do Catar e venceu o Irã por 6 a 2 de maneira inapelável. Mais do que a goleada no Estádio Internacional Khalifa, o escrete comandado por Gareth Southgate nos apresentou um repertório ofensivo interessante e mais uma porção de soluções rápidas para todos os problemas que o jogo desta segunda-feira (21) trouxe para o “English Team”. Na prática, o que se viu foi um passeio sobre um adversário que entrou em campo com o claro objetivo de se fechar na defesa e apostar numa bola longa para Taremi, mas que se desmanchou a partir do momento em que a Inglaterra abriu o placar com o ótimo Bellingham.

PUBLICIDADE

O panorama da partida já estava claro desde o apito inicial do brasileiro Raphael Claus (que teve atuação um pouco confusa em alguns lances, mas não comprometeu no resultado final). A seleção comandada por Carlos Queiroz se fechou na frente da sua área num 5-4-1 em bloco baixo e com Taremi fazendo marcação individual em Declan Rice. Isso fazia com que os zagueiros Stones e Maguire tivessem que conduzir a bola até a intermediária para iniciar a construção das jogadas. Nesse ponto, os dois recebiam a marcação de Jahanbakhsh e Haji Safi.

PUBLICIDADE

A solução encontrada pela Inglaterra foi bastante simples, mas muito eficaz. Com os laterais Trippier e Luke Shaw bem abertos e com os pontas Sterling e Saka (este um dos melhores em campo na opinião deste que escreve junto com Harry Kane e Bellingham) mais por dentro, o time de Gareth Southgate conseguia levar vantagem pelos lados do campo e explorar a péssima marcação na bola aérea do Irã. Não foram poucas as vezes em que o ataque britânico levou vantagem nos duelos individuais e encontrou espaço às costas da defesa do “Team Melli”.

Formação inicial das duas equipes. A Inglaterra abriu a defesa do Irã com laterais por fora e pontas vindo mais por dentro.

É bem verdade que o Irã lembrou o time das Copas de 2014 e 2018, quando fez seus adversários sofrerem com uma retranca sólida e uma garra imensa na marcação. No entanto, a saída do goleiro Beiranvand logo no começo da partida e o cansaço foram minando as forças do time comandado por Carlos Queiroz. Diante desse panorama, a Inglaterra cresceu muito no jogo quando Bellingham passou a jogar mais avançado e deixou a construção das jogadas a cargo de Stones e Maguire. Além da chegada do camisa 22 na área (como aconteceu no lance do primeiro gol marcado pelo jovem de 19 anos), a Inglaterra também resolveu o problema da retranca ao colocar bastante gente no ataque.

Luke Shaw recebe na esquerda, o ataque arrasta a marcação e Bellingham aparece sozinho na área. Foto: Reprodução / YouTube / Caze TV

Não é exagero afirmar que o jogo já estava resolvido antes mesmo do intervalo com os gols de Saka e Sterling. Na segunda etapa, a Inglaterra seguiu se impondo na base da qualidade e da troca de passes na frente para construir a goleada. Nem o relaxamento natural com a ampla vantagem no marcador (e o belo gol de Taremi) diminuíram o ímpeto do “English Team”. E se Bellingham vinha muito bem aparecendo no ataque, também tivemos a oportunidade de ver um Harry Kane mais garçom que artilheiro no final da partida depois das entradas de Phil Foden, Grealish e Rashford. O capitão inglês baixava e os meias faziam a ultrapassagem.

Harry Kane foi muito mais garçom do que atacante na estreia da Inglaterra na Copa do Mundo. Foto: Reprodução / YouTube / Caze TV

Do outro lado, o técnico Carlos Queiroz fez o que pôde para dar mais ânimo e um espírito mais competitivo para sua equipe. O Irã, no entanto, parecia ter se desmanchado completamente depois que Bellingham abriu o placar ainda no primeiro tempo. E conforme os minutos iam passando, a impressão que ficava era a de que o “Team Melli” parecia ainda mais perdido e desorganizado. Ainda houve tempo para que Saka, Rashford e Grealish aumentassem a vantagem inglesa na manutenção do 4-2-3-1 básico de Gareth Southgate contra um 5-3-2 ainda mais espaçado do Irã. Pelo menos, Taremi deixou sua marca pela segunda vez em penalidade assinalada nos minutos finais.

PUBLICIDADE
Gareth Southgate aumentou a qualidade da Inglaterra com as entradas de Foden, Rashford e Grealish e fechou a goleada sobre o Irã.

O jogo desta segunda-feira (21) no Estádio Internacional Khalifa deixou bem claro que a Inglaterra parece mais focada e mais organizada do que no começo da atual temporada. Isso porque Gareth Southgate provou que tem o elenco na mão e soluções das mais variadas para todo tipo de problema que possa aparecer durante um jogo. Lembrem-se de que o “English Team” começou a partida com Sterling, Saka e Mason Mount jogando atrás de Harry Kane e terminou o jogo com Phil Foden, Rashford e Grealish formando o trio de meias. E ainda há Henderson, Kalvin Phillips, Alexander-Arnold, Eric Dier e várias alternativas de muita qualidade no banco de reservas.

A goleada sobre o Irã não chega a ser uma surpresa muito grande diante da diferença no talento entre as duas equipes e por conta do futebol apresentado nesta segunda-feira (21). Mas estejam certos de que a Inglaterra tem um bom repertório ofensivo e pelas condições de repetir (ou até mesmo superar) a campanha da Copa do Mundo da Rússia. Não seria surpresa pelo menos para este que escreve.