Home Futebol Austrália se impõe pra cima da Tunísia na base da força física e das transições rápidas

Austrália se impõe pra cima da Tunísia na base da força física e das transições rápidas

Luiz Ferreira analisa a vitória dos Socceroos e as escolhas de Graham Arnold e Jalel Kadri na coluna PAPO TÁTICO

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Ao contrário do esperado, Austrália e Tunísia fizeram uma partida movimentada, intensa e recheada de alternativas no Estádio Al-Janoub. Por mais que o horário da partida no Brasil e as duas seleções em questão fosse alvo de piadas nas redes sociais, precisamos reconhecer que as Águias de Cartago e os Socceroos nos entregaram um bom nível de entretenimento nessa manhã de sábado (26). Acabou que o escrete comandado por Graham Arnold levou a melhor por conta da imposição física e por ter encaixado melhor as transições do que seu adversário. E a vitória coloca a Austrália na briga direta pela classificação. O jogo contra a Dinamarca tem tudo para ser altamente disputado.

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Exatamente como foi a partida contra os tunisianos. Com relação à estreia contra a sempre poderosa França, o técnico Graham Arnold fez apenas uma modificação. Karacic entrou na lateral-direita e Atkinson foi para o banco. De resto, os Socceroos jogaram no mesmo 4-4-2/4-5-1 da última terça-feira (22). O time australiano iniciou a partida marcando em bloco médio, mas com muita força na marcação e levou o confronto para um aspecto mais físico. Bola roubada e passe longo para Duke fazer as jogadas de pivô para as descidas de Goodwin, Leckie e McGree.

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Do outro lado, a Tunísia entrou em campo com Naïm Sliti no lugar de Ben Slimani. No entanto, apesar da manutenção do 5-4-1/3-4-3 de Jalel Kadri, as Águias de Cartago encontravam muitas dificuldades para colocar sua estratégia em prática. Isso porque o escrete tunisiano encontrou dificuldades enormes para trocar meia dúzia de passes tunisiano e perdia duelos demais pelo meio (muito por conta da grande atuação do volante Aaron Mooy na proteção da zaga). Com isso, o trio ofensivo formado por Sliti, Msakni e Jebali ficou mais isolado na frente.

Formação inicial das duas equipes. A Austrália baixou o bloco para o meio-campo e se impôs pra cima da Tunísia na base da força.

É preciso dizer que os Socceroos fizeram um bom primeiro tempo por conta da imposição física, do encaixe na marcação e do acerto nas transições rápidas para o ataque. A Tunísia, por sua vez, só conseguia ter alguma qualidade na criação das jogadas quando Laïdouni e Talbi encontravam algum espaço para organizar o jogo ou quando Jebali buscava as costas dos volantes Aaron Mooy e Irvine. Muito pouco. Com o 4-4-2 bem encaixado e as transições rápidas, a Austrália chegou ao gol da vitória logo aos 22 minutos da primeira etapa em jogada que começou com o zagueiro Souttar buscando Mitchell Duke. O camisa 15 fez o pivô e apareceu no ataque para “fazer o J”.

A Austrália controlou as ações do jogo num 4-4-2 de muita imposição física em cima do 5-4-1 da Tunísia. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Na prática, a Tunísia começou a aparecer mais no ataque a partir do momento em que Jebali passou a buscar as entrelinhas do 4-4-2 australiano. Tanto que Dräger e Msakni desperdiçaram grandes chances ainda no primeiro tempo. Após o intervalo, o técnico Jalel Kadri sacou Dräger e mandou o volante Sassi para o jogo. A adoção do 4-4-2/4-2-3-1 era uma tentativa de preencher mais o meio-campo e criar problemas para a Austrália, que esteve muito à vontade no primeiro tempo. Quando a Tunísia passou a incomodar mais, o goleiro Matthew Ryan e o zagueiro Souttar foram os destaques. Principalmente o camisa 19 dos Socceroos, impecável nos duelos individuais.

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As mexidas de Jalel Kadri melhorou muito o desempenho ofensivo da Tunísia. A equipe passou a ocupar mais o campo de ataque, mas falhou muito na hora de definir as jogadas. Tudo porque a Austrália defendia muito bem a entrada da sua área e sempre foi incisiva nas transições ofensivas. Kharzi entrou no lugar de Laïdouni e melhorou o ataque das Águias de Cartago. No entanto, faltou mais efetividade e um pouco mais de intensidade para aproveitar os espaços que apareceram nas costas da última linha. O panorama não mudou nem mesmo com a “blitz” tunisiana na área australiana mais para o final da partida no Estádio Al-Janoub. A solidez dos Socceroos falou mais alto.

Jalel Kadri desfez o esquema com três zagueiros e colocou a Tunísia no ataque, mas a Austrália foi firme. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

No final das contas, a Austrália mereceu vencer a partida deste sábado (26) porque soube como explorar melhor as fragilidades do seu adversário. E quem esperava uma partida morna e sem graça, acabou vendo um bom jogo de futebol, com muita movimentação, intensidade e altos duelos táticos na beira do gramado. Graham Arnold e Jalel Kadri usaram todo tipo de alternativa à disposição dos dois para fazer com que suas equipes jogassem mais e chegassem à vitória. Acabou que os Socceroos foram mais felizes do que as Águias de Cartago. O escrete australiano competiu mais e mostrou uma competitividade até então inimaginável. Ainda mais depois da goleada sofrida na estreia.

Conforme mencionado anteriormente, a partida entre Dinamarca e Austrália deve ganhar contornos ainda mais dramáticos depois dos resultados deste sábado (26). Caso a Tunísia não vença a França, os Socceroos vão depender de apenas um empate na última rodada da fase de grupos para se garantir nas oitavas de final, coisa que não acontece desde 2006. E pelo futebol apresentado diante das Águias de Cartago, é algo bem possível de acontecer.

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