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É verdade que o Senegal de Aliou Cissé fazia grande jogo no Al Bayt Stadium até os 38 minutos do segundo tempo, quando Bellingham escapou pela esquerda e serviu Henderson no primeiro gol da Inglaterra neste domingo (4). No entanto, o time comandado por Gareth Southgate conseguiu se livrar da pressão bem encaixada pelos “Leões da Teranga” na base da movimentação do seu sistema ofensivo e da inteligência para encontrar espaços na defesa adversária. Principalmente quando Harry Kane deixava a área e distribuía passes para Saka, Phil Foden, Henderson e Bellingham (um dos melhores em campo junto com o camisa 9 inglês). Venceu a equipe que foi mais paciente e mais concentrada.
Apesar do placar elástico construído pelos “Three Lions” no Al Bayt Stadium, precisamos reconhecer que Senegal fez sim um grande jogo. Muito por conta da forma como Aliou Cissé organizou a equipe de Senegal. Um 4-2-3-1/4-2-4 que trazia Ndiaye mais por dentro, Isamïla Sarr e Diatta pelos lados e Bouyale Dia no comando de ataque. Sem a posse, os “Leões da Teranga” fechavam as linhas de passe, pressionavam Declan Rice e Kyle Walker (que descia até a defesa para fazer a saída de bola). A Inglaterra encontrava dificuldades e Senegal levava perigo quando acelerava.
Do outro lado, Gareth Southgate manteve seu 4-3-3 básico e seu plano de jogo de ir cozinhando o jogo até encontrar o espaço para acelerar nos contra-ataques. Diante da forte marcação no seu campo de defesa, o “English Team” via a bola circular pelos lados e voltar para a defesa sem que Foden ou Saka pudessem dar sequência às jogadas. Todo esse cenário fazia com que os atacantes britânicos voltassem bastante para buscar o jogo e tentar resolver as coisas. Curiosamente, foi exatamente dessa forma que a Inglaterra abriu o placar no Al Bayt Stadium.
Mais do que nunca, o time de Gareth Southgate precisava de alguém que destravasse o jogo e conseguisse colocar o “English Team” no campo ofensivo. E esses jogadores eram Harry Kane e Bellingham. O primeiro baixou arrastou a defesa senegalesa até o meio-campo para receber passe de Phil Foden pelo lado esquerdo. Ele gira em cima da zaga e encontra o jovem volante da camisa 22 se lançando no espaço aberto pelo capitão da Inglaterra. Na sequência, Bellingham encontra Henderson dentro da área e o volante do Liverpool só tem o trabalho de deslocar o goleiro Edouard Mendy. A movimentação dos meio-campistas (no melhor estilo “box-to-box”) e de Harry Kane resolveu as coisas.
O gol fez com que Senegal perdesse toda sua organização e concentração (e de nada adiantaram os apelos do técnico Aliou Cissé do banco de reservas). Os “Leões da Teranga” se lançaram ao ataque de maneira desorganizada e desprotegeram ainda mais a sua última linha. Aos 48 minutos da primeira etapa, Bellingham recuperou a posse ainda no campo de defesa, se livrou da marcação e lançou Phil Foden às costas de Koulibaly. O camisa 20 passou de primeira para Harry Kane que entrou na área e bateu sem chances para Edouard Mendy. A Inglaterra resolvia o jogo em dois lances no final do primeiro tempo com autoridade e ótima execução do plano de jogo do técnico Gareth Southgate.
Logo depois do intervalo, Aliou Cissé mandou Pape Sarr, Bamba Dieng e Pape Gueye nos lugares de Ndiaye, Diatta e Ismaila Ciss respectivamente e desfez seu 4-2-3-1 inicial. No entanto, seu 4-1-4-1/4-3-3 não conseguia fechar os espaços entrelinhas. E é por ali que Harry Kane se transforma em “camisa 10” para desequilibrar e bagunçar a defesa adversária. Por mais que Senegal tentasse se impor no ataque, faltava consistência e concentração para não deixar Bellingham, Foden, Luke Shaw, Saka e companha desmarcados. A impressão que fica é a de que os “Leões da Teranga” não conseguiram voltar para o jogo depois que a Inglaterra abriu o placar ainda no primeiro tempo.
Ainda houve tempo para Saka marcar o terceiro gol inglês após belo cruzamento de Phil Foden pelo lado esquerdo. Vitória justa e que prova a solidez do time comandado por Gareth Southgate. O técnico inglês vinha sofrendo com as críticas antes do início da Copa do Mundo por conta de algumas escolhas questionáveis, mas vem conseguindo tirar o máximo dos seus jogadores e potencializando cada vez mais o futebol de Harry Kane, talvez um dos grandes nomes desse Mundial até o momento junto com o francês Mbappé. Senegal bem que tentou e fez jogo duro em boa parte da primeira etapa, mas viu sua estratégia cair por terra assim que o camisa 9 resolveu desequilibrar.
Mas talvez a grande prova dos “Three Lions” nessa Copa do Mundo seja o confronto contra a França, válido pelas quartas de final. As ideias de Gareth Southgate não são novidade para um elenco que joga junto há pelo menos cinco anos e que conta com jogadores capazes de desequilibrar uma partida em poucos segundos. Além disso, o duelo entre Tchouaméni, Rabiot e Griezmann e Henderson, Rice e Bellingham será um dos grandes atrativos do jogaço do próximo sábado (10).
