Home Futebol Arsenal se impõe diante do Manchester United em atuação digna de quem quer voltar a levantar taças

Arsenal se impõe diante do Manchester United em atuação digna de quem quer voltar a levantar taças

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as ideias de Mikel Arteta e a atuação dos Gunners no clássico deste domingo (22)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

A campanha do Arsenal na edição de 2022/23 da Premier League fala por si só. Com a vitória emocionante sobre o Manchester United por três a dois neste domingo (22), o time comandado por Mikel Arteta chegou aos 50 pontos na tabela do “Inglesão” com 16 vitórias, dois empates e apenas uma derrota em dezenove jogos. São 45 gols marcados e apenas 16 sofridos. E o clássico contra os Red Devils comprovaram mais uma vez a vontade que os Gunners têm de sair da fila de títulos nacionais. Poucas vezes este que escreve viu uma equipe com tanta vontade de levantar taças e recuperar o protagonismo como o Arsenal de Nketiah, Saka, Odegaard, Gabriel Martinelli e Xhaka. Deu gosto de ver.

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Uma das principais características do time de Mikel Arteta é a perseverança. Esse Arsenal (que muitos comparam ao esquadrão que levantou a última Premier League da história do clube no ano de 2004) simplesmente se recusa a desistir. E o jogo deste domingo é um ótimo exemplo disso. A começar pela forma com que Mikel Arteta arma sua equipe. Um 4-2-3-1 que se transforma num 4-3-3 de muito volume ofensivo e que usa muito bem as características dos jogadores que o treinador espanhol tem à sua disposição. Principalmente o fortíssimo setor ofensivo.

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É verdade que as coisas não começaram lá muito bem para os Gunners. Isso porque Thomas Partey acabou perdendo a bola na intermediária no lance que originou o golaço de Rashford logo no começo da partida deste domingo. Mesmo com a vantagem no marcado, no entanto, o Manchester United se via mais acuado no seu campo do que o normal por conta dos avanços constantes de Odegaard, Xhaka (cada vez mais meia de criação do que volante), Nketiah, Saka e Gabriel Martinelli ao ataque. Aos poucos, os Red Devils foram sendo empurrados na direção da sua área.

Formação inicial das duas equipes. Mikel Arteta manteve sua formação básica com muitas variações no posicionamento e o Manchester United apostou num jogo baseado em Rashford.

Zinchenko teve participação fundamental no gol de empate do Arsenal, ao sair da esquerda para o meio e liberar o corredor para as descidas de Xhaka e Gabriel Martinelli. Ao mesmo tempo, Saka infernizava Lisandro Martínez e Luke Shaw com seus dribles e arrancadas. Nketiah (substituto do lesionado Gabriel Jesus) empatou ainda no primeiro tempo depois de cruzamento da esquerda. Mas é o lance do gol da virada dos Gunners que merece nossa atenção. Assim que Saka sai da direita e corta para o meio, o time de Mikel Arteta já havia colocado sete jogadores no campo do Manchester United. O time de Londres jogava de forma intensa, porém muito organizada e muito bem distribuída dentro de campo.

Saka corta para a esquerda no lance do gol da virada dos Gunners. Ao todo, eram sete jogadores do Arsenal empurrando o United para trás. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

O gol de empate do Manchester United marcado por Lisandro Martínez (em bobeira do goleiro Ramsdale) fez com que muita gente pensasse que os Red Devils controlariam o jogo e fariam valer a camisa “mais pesada” diante do Arsenal. Ledo engano. Leandro Trossard entrou no lugar de Gabriel Martinelli dois minutos antes de Zinchenko aparecer como autêntico ponta pela esquerda e cruzar para Odegaard escorar para Nketiah completar para das redes do goleiro De Gea aos 44 minutos da segunda etapa. O volume de jogo e toda a organização ofensiva do time de Mikel Arteta fazia a diferença mais uma vez num jogo complicadíssimo, mas que mostrava toda a gana e toda a vontade de sair da fila dessa equipe.

Trossard lança Zinchenko pela esquerda no lance do gol da vitória dos Gunners. O volume de jogo do time de Mikel Arteta funcionou bem. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

A vantagem para o Manchester City (segundo colocado na tabela da Premier League) chegou aos cinco pontos com um jogo a menos. Todo o cenário parece favorável ao Arsenal. Difícil cravar que o final do jejum de títulos na competição mais importante da Inglaterra esteja próximo. Por outro lado, é possível sim afirmar que o escrete comandado por Mikel Arteta joga sim o futebol mais vistoso do momento no Velho Continente. Mesmo com lesões importantes no elenco (vide Gabriel Jesus), o treinador espanhol vem conseguindo manter o nível de competitividade da sua equipe na estratosfera e tirando o melhor de cada jogador que entra em campo. Destaque para Zinchenko e Xhaka.

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Mas o grande responsável pelo reerguimento do Arsenal no cenário nacional e internacional é o técnico Mikel Arteta. Discípulo de Pep Guardiola, o treinador espanhol vem fazendo um grande trabalho numa equipe sem grandes estrelas e muito bem organizada dentro de campo. Se mantiver a pegada diante de adversários mais fortes como o Liverpool de Jürgen Klopp e o já citado Manchester City, as chances desse incômodo jejum virar história aumentam consideravelmente. A conferir.

https://www.youtube.com/watch?v=k8T3eSZGzYI