Mauro Cezar diz que mudança da CBF no Brasileirão Série A “pode proteger racistas”
A CBF incluiu, em seu Regulamento Geral de Competições, a punição aos clubes, que podem perder um ponto em casos de racismo
Reprodução/Jovem Pan
Nesta quarta-feira (15), a CBF anunciou que o racismo será punido no futebol brasileiro. Conforme texto publicado nas redes sociais da entidade, o Regulamento Geral das Competições incluirá a possibilidade de se aplicar uma pena esportiva para casos de racismo. Ou seja, os clubes podem perder um ponto, em medida que entrará em vigor já na Copa do Brasil.
Dessa forma, Mauro Cezar Pereira, em sua coluna no UOL, chamou a atenção para um trecho na publicação da CBF em que cita os “torcedores”. Ou seja, eles estão incluídos entre os membros dos clubes vedados de infrações de cunho discriminatório nas competições organizadas pela entidade. Para o jornalista, a inclusão da palavra “torcedores” é um ponto polemico da manifestação oficial da CBF.
“Como o clube pode controlar as atitudes de um indivíduo? Se você fosse presidente de um deles, de que maneira impediria alguém de comprar ingresso e, em seguida, usar expressões racistas para atacar um atleta, por exemplo?”, questionou Mauro Cezar. Nesse sentido, o colunista complementou com outra pergunta: “É justo punir toda uma agremiação e seus torcedores pela atitude de um elemento?”.
Para Mauro Cezar, não há como atribuir crimes de racismo aos clubes pela atitude de um torcedor
Assim, Mauro Cezar afirma que a CBF é bem intencionada em combater o racismo nos estádios. Contudo, acredita que a interferência pode ocorrer de forma injusta. “Ninguém é capaz de controlar as ações de um ou outro cidadão em meio a milhares. Como exigir isso de um clube?”, perguntou o jornalista.
Então, para o colunista será difícil uma definição da verdadeira responsabilidade da equipe em casos de injúrias raciais. Nesse sentido, Mauro Cezar fez um alerta perigoso: “Há, ainda, a perigosa possibilidade de o time ser penalizado e o racista sair ileso”, analisou.
Por fim, Mauro Cezar Pereira acredita que a penalização da agremiação, mesmo sem a responsabilidade direta, pode criar “um escudo protetor de racistas”, devido à repercussão enorme da penalidade ao time e tratamento secundário ao criminoso, o que pode incentivar a prática por outros travestidos de torcedores. “É preciso refletir mais a respeito na busca por medidas eficazes e justas”, concluiu.

