A Operação Penalidade Máxima tem tido vários desdobramentos nos últimos dias, com os nomes de vários jogadores envolvidos na investigação de um esquema de manipulação de resultados no futebol brasileiro. Mas, se dependesse do presidente do Vila Nova, tal situação poderia ter começado a ser vista bem antes dela explodir.
Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente do clube goiano, Hugo Jorge Bravo, afirmou que chegou a tentar em outras oportunidades denunciar tentativas de acerto de resultados em outros momentos, mas que não foi atendido em seus pedidos. Um destes fatos aconteceu em 2020 num jogo do Brasileirão Série C.
Presidente do Vila Nova detalha como descobriu esquema de apostas que mexe com futebol brasileiro #FutebolNaESPN https://t.co/nK3g2qi5xG
— ESPN Brasil (@ESPNBrasil) May 12, 2023
“Teve um jogo do Vila Nova na Série C contra o Imperatriz, no Maranhão. Um atleta do Imperatriz procurou um dos nossos jogadores e disse que a partida estava vendida (os goianos venceram o jogo por 3 a 1 naquela ocasião). Na época, fiquei sabendo, mas não consegui juntar provas”, disse Bravo, que relatou que a outra tentativa se deu no ano seguinte, na Copa Verde. Mas esta não teria dado certo.
“A outra que chegou até mim foi numa partida do Vila contra o Nova Mutum, na Copa Verde, em 2021. No vestiário, antes do jogo, fiquei sabendo que um jogador do time deles teria feito uma videochamada com um apostador dizendo dizendo que o acordo entre eles estava fechado. Não sei o que eles haviam apostado, mas eu sei que, depois, vários jogadores do outro time foram ameaçados de morte por causa do prejuízo”, completou.
Na ocasião desta tentativa, Bravo, que é major da Polícia Militar de Goiás, chegou a falar com autoridades para pedir a investigação do caso, mas que este não seguiu pela falta de provas. O que acabaria influenciando as atitudes tomadas por este ao denunciar o que começou a operação movida pelo Ministério Público.
“Quando tomei pé da situação, falei com uma autoridade, que não revelarei quem é. Mas ninguém foi atrás na época. Não chegaram a ouvir o jogador, nem os dirigentes. Senti que precisava levar tudo pronto, ter provas concretas”, disse o presidente do Vila Nova.
Ironicamente, foi um jogador que havia atuado pelo próprio time dirigido por Hugo Bravo, Romário, quem desencadeou toda a investigação. O volante teria aceito R$ 150 mil de apostadores para cometer pênalti na partida contra o Sport, pela rodada final da Série B de 2021, com R$ 10 mil pagos de forma adiantada. Mas como o atleta não foi relacionado, tal aposta não deu certo e o dirigente, ao ser informado pelo jogador, buscou as provas que iniciaram as investigações que envolvem partidas das Séries A e B do Brasileiro e de estaduais.

