Abramovich não verá a cor dos R$ 14 bilhões adquiridos com a venda do Chelsea; saiba mais
Bilionário russo estaria se recusando a assinar documento com liberação da verba para ajudar os ucranianos afetados pela guerra, segundo a mídia europeia
Paul Gilham/Getty Images
Segundo o jornal britânico Financial Times, nenhum centavo dos 2,3 bilhões de libras (mais de 14 bilhões de reais) que Roman Abramovich recebeu pela venda do Chelsea FC, não serão liberados para o bilionário. O motivo é a guerra entre Rússia e a Ucrânia.
De acordo com o Financial Times, fontes do governo britânico disseram que o dinheiro segue congelado em contas no Reino Unido — há cerca de um ano, Abramovich vendeu o Chelsea para um consórcio liderado pelo empresário Todd Boehly.
Segundo o FT, conforme afirmaram essas fontes, o governo britânico ainda não liberou o acesso ao valores, porém, para governo do Reino Unido, esse dinheiro deverá ser utilizado dentro da Ucrânia. Abramovich, por sua vez, também está dificultando que os planos do governo britânico se concretizem.
O governo britânico trabalha para criar uma fundação, a qual será administrada por Mike Penrose, antigo chefe da Unicef britânica, para gastar os bilhões de Abramovich em projetos dentro da Ucrânia ou programas voltados para dar suporte aos refugiados que fugiram da guerra daquele país com a Rússia.
Segundo Penrose, o dinheiro também poderá ser utilizado para ajudar outros países que foram afetados por escassez de alimentos em função do conflito.
Já segundo o jornal britânico Daily Telegraph, além do governo do Reino Unido, a União Europeia também insiste que esse valor seja gasto em projetos voltados para recuperar a Ucrânia ou para ajudar as vítimas da guerra, mas com uma diferença: a UE quer que o dinheiro não fique apenas na Ucrânia.
Segundo o Daily Telegraph, Abramovich teria concordado que todo o dinheiro da venda do clube fosse utilizado para ajudar “todas as vítimas do conflito”. De acordo com o jornal, uma fonte ligada ao governo britânico afirmou que esse dinheiro deve ir o mais rápido possível para a Ucrânia, principalmente depois da destruição da hidrelética de Kakhova.
Em abril desse ano, a Bloomberg informou que o fundo e a fundação criadas pelo governo britânico estariam em seus últimos detalhes para entrar em funcionamento. Porém, segundo a agência comandada por Mike Penrose, a demora estaria ocorrendo em razão de “complexidades e atrasos associados à aprovação política, tanto entre o Reino Unido e a UE quanto dentro do Reino Unido”.
De qualquer forma, os bilhões da venda do Chelsea não devem ir para as mãos do bilionário russo. No entanto, segundo o texto publicado hoje pelo Financial Times, um dos motivos para tanta demora seria o próprio Abramovich, o qual estaria pressionando para que parte do dinheiro fosse gasto também com pessoas fora da Ucrânia, principalmente vítimas russas do conflito — Abramovich é historicamente ligado a Vladimir Putin, o presidente da Rússia.
À época da venda do Chelsea, em março de 2022, Abramovich chegou a publicar uma mensagem no site do clube na qual afirmava que a fundação seria “para beneficiar todas as vítimas da guerra na Ucrânia” e para fornecer “fundos essenciais para as necessidades urgentes e imediatas das vítimas, bem como para apoiar o trabalho de recuperação de longo prazo”.
Portanto, Abramovich quer que tanto ucranianos quanto russos afetados pelo conflito sejam ajudados pela fundação. Segundo o Financial Times, uma fonte ligada ao bilionário russo teria afirmado que a ajuda a outros países afetados pela guerra seria melhor para ele.
De certa forma, essa também a vontade da UE, porém, o bloco europeu quer que o dinheiro vá para países como Polônia — que recebeu milhares de refugiados — ou para nações afetadas pela escassez de alimentos causada pelo conflito, um exemplo disso seria a Somália, segundo o próprio Penrose.
De acordo com jornal português, O Jogo, o secretário de Estado britânico James Cleverly, teria admitido que não existem garantias de que a Ucrânia vá receber todo o dinheiro da venda do clube de Londres: “Queremos ter a certeza de que o dinheiro irá exclusivamente para os alvos destinados. Preciso de garantias completas de que isso é o caso”.
Portanto, assim segue o impasse e os bilhões da venda do Chelsea continuam parados em bancos no Reino Unido. Enquanto isso, as vítimas do conflito correm o risco de chegar a mais um inverno sem a ajuda que os bilhões de Abramovich poderiam oferecer.

