Home Futebol Cruzeiro conquista vitória importante, mas precisa produzir mais se não quiser sofrer no Brasileirão

Cruzeiro conquista vitória importante, mas precisa produzir mais se não quiser sofrer no Brasileirão

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Pepa e a atuação da Raposa contra o São Paulo de Dorival Júnior

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

O Cruzeiro não sabia o que era saborear uma vitória no Brasileirão há cinco rodadas. Quando se olha para os números da equipe comandada por Pepa dentro de casa, as coisas pioram bastante. A Raposa não vencia um jogo há 50 dias. Muita coisa para um clube que tenta se reerguer depois de pelo menos três temporadas catastróficas em todos os sentidos. No entanto, a vitória sobre o São Paulo de Dorival Júnior neste sábado (24) deixou a certeza de que a equipe celeste ainda precisa produzir muito mais se não quiser sofrer novamente e reviver dias mais difíceis. Não é sempre que o escrete comandado por Pepa vai ter a sorte do seu lado. O Cruzeiro teve méritos. Mas é preciso fazer mais.

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Os números acima nos mostram que a Raposa venceu a partida na Arena Independência sem uma finalização sequer na direção do gol defendido por Rafael. O único gol da partida foi marcado por Rafinha (contra) após cruzamento de William. Esse é um dado significativo para se compreender o que foi o jogo neste sábado (24). O Cruzeiro fez um ótimo jogo sem a bola, fechou bem a entrada da área com até seis jogadores na última linha e obrigou o São Paulo a explorar os cruzamentos para a área buscando Calleri no meio dos zagueiros Lucas Oliveira e Reynaldo.

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As duas equipes entraram em campo com novidades na escalação. Matheus Jussa entrava no meio-campo junto de Filipe Machado e Mateus Vital. Mais à frente, Wesley, Gilberto e Bruno Rodrigues formavam o trio ofensivo do 4-3-3/4-1-4-1 costumeiro de Pepa. Pelos lados do São Paulo, Dorival Júnior descansava Luciano (talvez pensando na última rodada da fase de grupos da Sul-Americana) e apostava num 4-2-3-1 que trazia Pablo Maia e Jhegson Méndez na “volância”, Wellington Rato e Rodrigo Nestor pelos lados e Alisson logo atrás do argentino Calleri.

Formação inicial das duas equipes. Pepa manteve seu 4-3-3 costumeiro com Matheus Jussa no meio-campo e Dorival apostou em Alisson, Jhegson Méndez e Pablo Maia no seu 4-2-3-1.

Conforme mencionado anteriormente, o gol do Cruzeiro logo aos três minutos acabou condicionando todo o restante da partida na Arena Independência. Com isso, a equipe comandada por Pepa se fechou na frente da área do goleiro Rafael Cabral e apostou nos contra-ataques em velocidade. Com o meio bastante congestionado, o São Paulo passou a explorar mais os lados do campo. Wellington Rato e Caio Pauista exploravam bem o setor e obrigavam Wesley e Bruno Rodrigues a baixarem quase na linha dos zagueiros. Com o “ônibus estacionado” na frente da área e com os volantes saltando para a pressão nos momentos certos, a Raposa conseguiu conter o Tricolor Paulista nesses primeiros minutos.

Mateus Vital salta para a pressão em cima de Rafinha e Bruno Rodrigues acompanha Wellington Rato. O Cruzeiro “estacionou o ônibus na frente da área. Foto: Reprodução / SPORTV

É interessante notar que o Cruzeiro tinha espaços para contra-atacar. Não foram poucas vezes em que Mateus Vital recebeu a bola no meio-campo com certa liberdade para lançar e/ou fazer o passe em profundidade para Wesley e Bruno Rodrigues (que exploravam bem as costas de Rafinha e Caio Paulista). No entanto, é nesse ponto que o time de Pepa mais pecava: nas conclusões das jogadas de ataque. Um passe errado, uma finalização errada, uma tomada de decisão ruim, tudo isso influenciava no desempenho do escrete celeste neste sábado (24). Conforme o tempo ia passando na Arena Independência, o São Paulo ia crescendo e empurrando o Cruzeiro para trás. Faltava eficiência e tranquilidade.

Wesley e Bruno Rodrigues aproveitavam bem o espaço às costas dos laterais adversários. Faltou capricho nas conclusões a gol e nas tomadas de decisão. Foto: Reprodução / SPORTV

Logo depois do intervalo, Dorival Júnior fez a alteração óbvia: sacou Alisson (que estava completamente desconfortável jogando por dentro) e mandou Luciano para o jogo. O São Paulo cresceu na partida e passou a pressionar ainda mais o Cruzeiro, que seguiu fechando a entrada da área. A diferença agora, no entanto, estava no fato de que o Tricolor Paulista estava mais atento aos cruzamentos e fazendo mais viradas de jogo. Rafael Cabral fez grandes defesas em duas finalizações de Calleri e uma de Wellington Rato. As entradas de Henrique Dourado e Stênio pouco ajudaram a Raposa a manter a bola no ataque. Não foi por acaso que o Tricolor Paulista mandou no segundo tempo. Faltou “apenas” colocar a bola na casinha.

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A entrada de Luciano melhorou o desempenho do São Paulo. O time continuou explorando os lados e empurrou o Cruzeiro para seu campo no segundo tempo. Foto: Reprodução / SPORTV

É verdade que o Cruzeiro tem seus méritos na organização defensiva e na contenção de um adversário de respeito dentro da Arena Independência. Por outro lado, este que escreve ficou com a sensação de que ficou faltando mais alguma coisa na equipe de Pepa. Não que o treinador português tenha errado em alguma substituição ou na montagem da estratégia. A questão é que o elenco celeste não parece ter peças suficientes e/ou de qualidade para encarar a pegada de um Brasileirão. Os três pontos vieram depois de um longo e tenebroso inverno apenas pela eficiência da equipe e pela falta de efetividade do São Paulo. Está claro que a Raposa precisa fazer uma boa janela de transferências nesses próximos dias.

Mesmo assim, por mais que eu e você tenhamos a certeza de que o Cruzeiro precisa produzir mais se não quiser sofrer como sofreu em temporadas passadas, precisamos exaltar a organização da equipe de Pepa. O português não tem tanto tempo assim à frente da equipe celeste e já conseguiu tirar coisas boas de jogadores nem tão conhecidos assim. Se tiver peças de reposição e ganhar reforços de qualidade, é bem possível que o treinador da Raposa possa fazer esse time crescer. Por hora, ele faz aquilo que precisa ser feito dentro de um contexto ainda não tão favorável.