Home Futebol Brasileirão Feminino: Palmeiras apresenta boas ideias e Flamengo segue preso ao passado

Brasileirão Feminino: Palmeiras apresenta boas ideias e Flamengo segue preso ao passado

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca o início da competição e as ideias de Camila Orlando e Maurício Salgado no jogo desta sexta-feira (15)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Palmeiras e Flamengo

O Palmeiras venceu o Flamengo por três a dois na rodada de abertura da competição. Foto: Staff Images / CBF

A partida entre Palmeiras e Flamengo foi uma boa demonstração daquilo que vem pela frente nesse Brasileirão Feminino. Jogos cada vez mais equilibrados, jogadoras querendo mostrar seu talento para Arthur Elias (e beliscar uma vaguinha em Paris) e muita competitividade dentro das quatro linhas.

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O jogo realizado no Estádio Jayme Cintra (em Jundiaí) trouxe todos esses elementos e ainda mais alguns para a nossa análise aqui no TORCEDORES. E não foi difícil concluir que as Palestrinas mereceram a vitória por conta daquilo que mostraram em campo e das ideias de jogo interessantes propostas por Camila Orlando nesse seu início de trabalho. Um time mais pegador, mais brigador, mas que sabe trabalhar a bola e encontrar soluções rápidas.

Já as Meninas da Gávea ainda seguem presas aos seus velhos problemas. Mesmo tendo iniciado a temporada antes do Palmeiras, o time comandado por Maurício Salgado esteve completamente dependente do talento individual e competiu muito pouco. Cenário preocupante para quem quer brigar por títulos em 2024.

Palestrinas aproveitam os erros das Meninas da Gávea para construir a vitória

Não demorou muito para que os constantes problemas defensivos e coletivos do Flamengo fossem expostos em Jundiaí. Bastou que Camila Orlando adiantasse um pouco a marcação do seu 4-3-3/4-1-4-1 em cima da defesa rubro-negra para que as falhas acontecessem. Daiane, Monalisa e (principalmente) Day Silva encontrassem muita dificuldade na saída de bola diante do “encaixe” de Yamila Rodríguez, Amanda Gutierres e Letícia Moreno na pressão no campo de defesa

O Palmeiras expôs os problemas defensivos do Flamengo quando adiantou suas linhas e encaixou a marcação no trio de defesa rubro-negro. Foto: Reprodução / SPORTV / GE
O Palmeiras expôs os problemas defensivos do Flamengo quando adiantou suas linhas e encaixou a marcação no trio de defesa rubro-negro. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Na frente, as Meninas da Gávea se depararam com o óbvio: um time formado por jogadoras talentosas precisa jogar em aproximação. E foi só a partir do momento em que Darlene, Gisseli, Cristiane e Crivelari se aproximaram e abriram espaço para as escapadas de Jucinara é que o Flamengo começou a competir mais na partida. Mesmo assim, o time de Maurício Salgado esbarrou em outros problemas como a falta de capricho na finalização e no último passe.

O Flamengo melhorou na partida quando Darlene, Gisseli, Cristiane e Crivelari buscaram mais o passe curto e a aproximação no ataque. Foto: Reprodução / SPORTV / GE
O Flamengo melhorou na partida quando Darlene, Gisseli, Cristiane e Crivelari buscaram mais o passe curto e a aproximação no ataque. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Mesmo assim, esse mesmo quarteto ofensivo pouco ajudava na marcação. E não foram poucas as vezes em que as volantes Duda Francelino e Thaísa Moreno ficaram sobrecarregadas na marcação. E com os saltos das duas para fechar espaços, a última linha ficava desprotegida. Todo esse panorama facilitou demais a vida do Palmeiras que apenas ocupou esse espaço e trabalhou a bola. A facilidade que Brena e Laís Estevam encontravam para trocar passes era enorme.

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Duda Francelino salta em cima de Yamila Rodríguez e deixa um buraco na frente da última linha de defesa do Flamengo. Faltou compactação. Foto: Reprodução / SPORTV / GE
Duda Francelino salta em cima de Yamila Rodríguez e deixa um buraco na frente da última linha de defesa do Flamengo. Faltou compactação. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

É verdade que o Palmeiras também encontrou problemas para se defender (ponto que é até natural diante desse início de trabalho de Camila Orlando na equipe). Jucinara encontrou muito espaço às costas de Bruna Calderan (e depois Fê Palermo) e criou algumas das melhores jogadas do Fla na segunda etapa. Por mais que o meio-campo palestrino seja muito técnico, falta ainda acertar um pouco os saltos para a pressão e o posicionamento em determinados momentos.

Algumas das melhores chances do Flamengo saíram dos lançamentos para Jucinara no lado esquerdo de ataque. Faltou atenção no Palmeiras. Foto: Reprodução / SPORTV / GE
Algumas das melhores chances do Flamengo saíram dos lançamentos para Jucinara no lado esquerdo de ataque. Faltou atenção no Palmeiras. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

O final da partida nos mostrou um Flamengo mais presente no campo de ataque, mas que seguia falhando nos mesmos pontos de outros anos. E o fato da equipe comandada por Maurício Salgado ter menos corpo do que o Palmeiras de Camila Orlando (montado no início dessa temporada) não chega a ser uma surpresa. E está claro para este que escreve que as Meninas da Gávea precisam de mais consistência e mais senso coletivo se quiserem ir longe nessa temporada.

Mas calma que ainda tem muito Brasileirão Feminino pela frente

A edição de 2024 do Brasileirão Feminino está apenas começando e muita água deve correr debaixo da ponte. É lógico que os pontos levantados nesta humilde análise merecem a atenção de Camila Orlando e Maurício Salgado nesse início de temporada. Por outro lado, vencer ou perder na primeira rodada não significa que as coisas vão seguir nessa balada até o final da competição. É estudar o confronto, entender o que deu certo e não deu certo e corrigir os erros.

Certo é que Palmeiras e Flamengo têm plenas condições de irem longe nesse Brasileirão Feminino. A tendência é que vejamos jogos ainda mais competitivos conforme o torneio for avançando. No entanto a receita para o título ainda é a mesma. É preciso se apegar menos ao passado e à “grife” desta ou daquela jogadora e jogar futebol. Simples.

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