Home Automobilismo Juan Manuel Fangio: Conheça o lendário argentino, ídolo de Ayrton Senna na Fórmula 1

Juan Manuel Fangio: Conheça o lendário argentino, ídolo de Ayrton Senna na Fórmula 1

Dois dos maiores pilotos da história do automobilismo, argentino e brasileiro construíram forte vínculo fora das pistas

Mateus Pereira
Colaborador do Torcedores.com desde 2022, nasci no estado do Rio de Janeiro e alinho minha maior paixão à minha vocação através da produção de conteúdo sobre esportes. Entre as minhas áreas de maior domínio e experiência profissional estão o futebol, o automobilismo e o universo geek. Certificado como Jornalista Digital e Social Media pela Academia do Jornalista, contribui no passado como Colunista, Editor-chefe e Líder da editoria de Esportes nos portais R7 Lorena e iG In Magazine.
Juan Manuel Fangio: Conheça o lendário argentino, ídolo de Ayrton Senna na Fórmula 1

Ayrton Senna e Juan Manuel Fangio (Foto: senna.com)

Juan Manuel Fangio e Ayrton Senna protagonizaram uma das relações mais simbólicas e bonitas nos bastidores do automobilismo mundial. De um lado, um pentacampeão argentino que dominou a Fórmula 1 nos anos 1950. Do outro, um brasileiro que se tornaria um dos maiores ídolos da história do esporte. Mais que respeito, uma admiração mútua profunda e uma amizade histórica e verdadeira.

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Esporte europeu, heróis sul-americanos

Embora a Fórmula 1 tenha surgido no Velho Continente, muitos de seus protagonistas vieram da América do Sul. Fangio é um dos maiores exemplos. Durante 45 anos, ele foi o maior campeão da categoria, com cinco títulos conquistados por quatro equipes diferentes: Alfa Romeo, Mercedes, Maserati e Ferrari. Uma lenda absoluta.

Senna, anos depois, encontraria no argentino uma referência, seu ídolo no automobilismo. Além da amizade que cultivaram ao longo dos anos, o brasileiro enxergava em Fangio um exemplo a ser seguido no esporte. A conexão entre os dois ultrapassou o tempo e as pistas.

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Fórmula 1 Ayrton Senna Juan Manuel Fangio
Juan Manuel Fangio (Foto: X | @formulalau)

A origem de uma lenda

Antes de destrincharmos melhor essa amizade, porém, precisamos falar sobre a carreira de uma das maiores lendas do automobilismo mundial. Juan Manuel Fangio nasceu em 24 de junho de 1911, em Buenos Aires. Ainda criança, deixou os estudos para trabalhar com mecânica e se apaixonou assim por carros. Em 1938, fez sua estreia no Turismo Carretera, na Argentina, com um Ford V8. Dois anos depois, já guiando um Chevrolet, venceu o Grand Prix International Championship e começou a chamar atenção dos amantes de velocidade.

Com duas conquistas no Turismo Carretera, decidiu tentar a sorte na Europa. E foi ali que sua carreira deu um salto rumo ao sucesso esportivo, chegando assim à Fórmula 1 pouco tempo depois.

O legado na Fórmula 1

Entre 1950 e 1958, Fangio disputou 51 corridas e venceu 24 vezes. Fez 29 poles e 23 voltas mais rápidas. Foi campeão mundial em 1951, 1954, 1955, 1956 e 1957, encerrando sua carreira em alta. E o motivo da aposentadoria revela muito sobre o espírito da época e quanto o argentino já pensava à frente de seu tempo:

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“Eu estava em Reims (em 1958), treinando para o Grande Prêmio da França, quando senti que o carro estava muito instável, o que me chamou a atenção porque a grande virtude da Maserati 250F era sua estabilidade. Então cheguei ao box e perguntei ao chefe de equipe o que se passava; ele me respondeu: Trocamos os amortecedores! Mas por quê?, perguntei. Porque esses nos pagam! Assim, naquele momento, tomei a decisão de encerrar minha carreira. E não me arrependo disso!“; relatou assim Fangio em vida, segundo registro em sua pagina oficial na Wikipédia.

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Fórmula 1 Juan Manuel Fangio
Juan Manuel Fangio pilotando uma Mercedes (Reprodução: Wikipédia)

Quando Fangio conheceu Senna?

O primeiro encontro entre os dois aconteceu em 1984, em Nürburgring. Senna ainda era um novato na Fórmula 1, mas já impressionava os olhos mais atentos. Mesmo sem terminar aquela prova, recebeu um elogio que nunca esqueceu. “Agora vi por que falam tanto de você”, disse Fangio.

A partir dali, a relação entre ídolo e fã se estreitou e se tornou uma amizade entre duas lendas da velocidade. Fangio passou a aconselhar Senna, contava sobre seus erros e buscava aliviar a autocrítica que o brasileiro carregava. Inclusive, a sobrinha do argentino, em entrevista à revista El Gráfico em 2011, confirmou o vínculo próximo entre eles.

Fangio também fez dois pedidos a Senna para que o agora seu amigo alcançasse o sucesso: que não lesse os jornais e que pensasse em parar de correr antes de ultrapassar o limite. Em resposta, Ayrton o convidou para a festa de seu pentacampeonato, planejada para o fim de 1995 e que, infelizmente, não aconteceu pelo mais trágico dos motivos para um piloto de F1.

O impacto da morte de Senna no argentino

Senna tinha enorme admiração por Fangio, mas também pelo povo argentino. Sua morte durante o GP de San Marino de 1994 abalou profundamente o ex-campeão. Fangio, à época com 83 anos, ainda era ativo. Saía de carro diariamente, tomava mate pela manhã e visitava a sede da Mercedes, mas isso viria a mudar após a perda de um de seus melhores amigos.

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Naquele primeiro de maio, assistiu pela televisão ao acidente de Senna. Sua família tentou ocultar a morte do brasileiro, mas não conseguiu. “Morreu meu sucessor”, disse Fangio publicamente, dois dias depois. Segundo relatos de familiares e amigos, ele nunca mais viu uma corrida.

Sua saúde se deteriorou rápido. Juan Manuel Fangio faleceu em 17 de julho de 1995, aos 84 anos. Seu legado segue vivo na história da Fórmula 1, assim como sua conexão com Ayrton Senna, uma amizade que uniu gênio e ídolo, mestre e pupilo, ultrapassando os limites das pistas para a eternidade.

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