Corinthians em partida do Brasileirão. Foto: Alamy/MARCUS ANGELO/Photo Premium/SPP) 30930
O Corinthians enfrenta mais um capítulo delicado em sua crise financeira. O clube não quitou o empréstimo de R$ 150 milhões obtido junto à Liga Forte União (LFU). O valor havia sido antecipado pela XP Investimentos no momento da assinatura do contrato de direitos de transmissão do Brasileirão, válido de 2025 a 2029.
Entenda o empréstimo feito pelo Corinthians
Ainda na gestão de Augusto Melo, o Corinthians fez um empréstimo de R$ 150 milhões junto à Liga Forte União (LFU). Na época, o clube tinha a opção de devolver o montante até outubro de 2025, o que transformaria os juros do empréstimo em crédito a ser recebido a partir de 2026. Entretanto, com o cenário financeiro delicado e o caixa pressionado, o Timão não conseguiu cumprir a previsão contratual.
Como será feito o abatimento nas cotas do clube
Com o não pagamento, o valor passa a ser considerado oficialmente um empréstimo ativo, sujeito a juros de CDI + 3% ao ano. A LFU, por sua vez, fará o abatimento direto do montante nas receitas que o Corinthians tem a receber pelas transmissões do Brasileirão.
A expectativa é que o clube perca cerca de R$ 30 milhões por temporada até o fim do contrato, totalizando o valor integral do empréstimo e seus encargos. Assim, a receita anual base, que seria de R$ 210 milhões, cairá para aproximadamente R$ 180 milhões.
Detalhes do contrato com a LFU
O acordo assinado entre o Corinthians e a LFU prevê uma divisão das receitas de forma mista, equilibrando igualdade, desempenho e audiência. O modelo funciona da seguinte maneira:
- 45% divididos igualmente entre todos os clubes;
- 30% conforme o desempenho esportivo no Brasileirão;
- 25% de acordo com o ranking de audiência.
Contudo, há um teto de pagamento por audiência, limitando a participação do líder do ranking a 9,5% do valor total destinado a essa categoria. Dessa forma, mesmo clubes com grande apelo popular não poderão ultrapassar esse limite.
Impactos financeiros e riscos para o futuro
A decisão de não quitar o empréstimo aprofunda a crise financeira corintiana. O clube, que já enfrenta atrasos salariais, dívidas bancárias e cobranças judiciais, agora verá suas receitas comprometidas por, pelo menos, cinco anos.
Essa perda reduz a capacidade do Corinthians de investir em reforços e pode dificultar a execução de um planejamento esportivo sustentável. O caso também serve como alerta sobre a dependência de antecipações financeiras baseadas em receitas futuras — prática comum entre clubes brasileiros que vivem desequilíbrio orçamentário.
Com menos recursos disponíveis, o Timão precisará buscar alternativas de arrecadação e renegociar dívidas para evitar um colapso ainda maior. Sem uma reestruturação administrativa e financeira profunda, o clube pode continuar sofrendo as consequências de uma gestão de curto prazo.

