Milan em campo pelo italiano. Foto Alamy.
A escolha do Milan de levar o confronto com o Como pela Série A Italiana para a Austrália causou polêmica. O confronto em fevereiro de 2026 será válido pela 24ª rodada do Campeonato Italiano e acontecerá a mais de 13 mil quilômetros de Milão. Isso gerou descontentamento entre jogadores, técnicos e dirigentes.
Os franceses Adrien Rabiot e Mike Maignan, ambos do Milan, foram os primeiros a criticar a proposta. O técnico da Lazio, Maurizio Sarri, também se manifestou contra a ideia. O comandante do rival classificou a decisão como um exemplo de priorização do dinheiro em detrimento do futebol.
Rabiot e Maignan criticam a decisão
Rabiot, volante do Milan e da seleção francesa, afirmou que a ideia de viajar até a Austrália é “totalmente louca”. Para o jogador, o deslocamento tão longo não faz sentido em meio às discussões sobre calendário e saúde dos atletas.
“Sei que há acordos econômicos para dar visibilidade ao campeonato, mas isso está além da nossa compreensão. Parece uma loucura viajar tantos quilômetros para jogar uma partida entre duas equipes italianas na Austrália”, disse Rabiot.
O goleiro Mike Maignan, companheiro de Rabiot, reforçou a crítica em entrevista à imprensa francesa. “Hoje se pensa muito no aspecto financeiro, mas esquecemos algumas coisas. É um jogo do Campeonato Italiano, não entendo por que será disputado fora. Além disso, perderemos o fator casa”, afirmou o arqueiro.
CEO da Serie A rebate críticas e defende decisão
As críticas dos jogadores provocaram reação imediata do CEO da liga italiana, Luigi De Siervo. O dirigente minimizou as reclamações e afirmou que os atletas “ganham milhões para jogar”, devendo respeitar as decisões dos clubes.
“Rabiot tem razão, mas esquece que os jogadores são pagos para exercer uma profissão. Eles devem respeitar a vontade do patrão, que é o Milan”, declarou o dirigente.
De Siervo defendeu a realização da partida fora da Itália como um “pequeno sacrifício” em prol da visibilidade internacional da Serie A. Segundo ele, levar o futebol italiano a outros continentes pode atrair novos torcedores e investimentos para os clubes.
Maurizio Sarri chama resposta de “desagradável”
O técnico da Lazio, Maurizio Sarri, criticou a postura do CEO da liga. Para o treinador, colocar o aspecto financeiro acima do esportivo é um erro que prejudica a essência do futebol.
“Rabiot tem razão, o dinheiro não justifica tudo. A resposta de De Siervo foi desagradável e coloca o fator econômico acima do esportivo”, afirmou Sarri.
O treinador lembrou que os jogadores são os principais responsáveis por gerar receita para as competições e que deveriam ser ouvidos antes de decisões dessa magnitude.
Tendência de jogos internacionais cresce na Europa
A ideia de realizar partidas de campeonatos nacionais fora de seus países de origem tem se tornado cada vez mais comum. A Espanha já estuda levar o confronto entre Villarreal e Barcelona para Miami, nos Estados Unidos.
Tanto Espanha quanto Itália realizam suas Supercopas no exterior há anos. A Supercopa Italiana já foi disputada em países como China, Catar, Líbia e Arábia Saudita. A espanhola também migrou para fora, com edições recentes no Marrocos e na Arábia Saudita.
A diferença, porém, é que nunca antes uma rodada de campeonato nacional havia sido levada para outro continente. O caso de Milan x Como será um teste para a aceitação do público e para o impacto esportivo da medida.
Uefa aprova a partida com ressalvas
A Uefa confirmou que aprovou, “com relutância”, os pedidos das ligas italiana e espanhola para realizar jogos no exterior. Segundo a entidade, a medida é “excepcional” e depende ainda da autorização da Fifa e das federações locais.
Em nota, a Uefa reiterou sua oposição à prática e destacou a falta de apoio de torcedores, clubes e outras instituições europeias. Mesmo assim, concedeu a permissão devido à ausência de regras claras no regulamento da Fifa.
Com a autorização em andamento, Milan e Como devem se enfrentar em Perth, no Oeste da Austrália, em fevereiro. A decisão promete continuar dividindo opiniões e reacendendo o debate sobre o equilíbrio entre o futebol como esporte e como negócio global.

