Savarino do Botafogo. Foto: Jorge Rodrigues/AGIF/Alamy
O Lyon revelou, em seu balanço da temporada 2024/25, um déficit pesado de 201,2 milhões de euros. O relatório também expôs um ponto sensível para o Botafogo. Segundo o documento aprovado pela Eagle Football, o clube francês tem 109,6 milhões de euros a receber da equipe carioca. O valor, convertido, chega a 678,4 milhões de reais. A divulgação reacende tensões entre as partes e reforça suspeitas antigas sobre negociações internas do grupo de John Textor.
A menção aos débitos não aparece de forma isolada. O documento mostra contas a receber de transferências e inclui ainda uma referência direta a um jogador comprado do Botafogo por 7,6 milhões de euros. O nome não é citado, mas os números coincidem exatamente com a transação que envolve o venezuelano Savarino.
Valores que o Lyon diz ter a receber
O balanço detalha compromissos financeiros classificados como non-current receivables. Esses valores se alinham às acusações recentes feitas pelo clube social em sua ação contra a SAF. Dias antes, o presidente João Paulo Magalhães afirmou que a gestão repassou cerca de 628 milhões de reais ao Lyon. A cifra é quase idêntica à indicada pelos franceses.
Apesar disso, o documento não lista quais atletas fazem parte dos débitos. Mesmo assim, a referência adicional ao jogador comprado por 7,6 milhões de euros no início de 2025 aponta diretamente para Savarino. A quantia foi revelada meses antes, quando documentos internos mostraram a negociação do camisa 10 com o Lyon. Na época, a venda foi tratada como antecipação de planejamento para o venezuelano atuar na França após o Mundial de Clubes.
A negociação envolvendo Savarino
O acordo entre Textor e Savarino previa a mudança para o Lyon após a competição. Como o clube francês enfrentava um transferban, a operação ocorreu antes. Porém, o jogador recuou por motivos pessoais ligados à família. Mesmo assim, a transação financeira permaneceu ativa. Savarino seguiu no Botafogo, mas seus direitos econômicos foram contabilizados pelo clube francês.
Além do venezuelano, o Lyon incluiu em seu balanço transações envolvendo Almada, Igor Jesus e Jair. Os valores são altos e reforçam a tese do Botafogo de que vendeu atletas por cifras abaixo do mercado para fortalecer o clube europeu em meio à crise com o DNCG.
As negociações registradas foram de Almada por 27,075 milhões de euros, Igor Jesus por 43,134 milhões de dólares, Jair por 20,9 milhões de euros e Savarino por 7,6 milhões de euros.
Entre todos, apenas Almada chegou a defender o Lyon. Igor Jesus e Jair seguiram depois para o Nottingham Forest, enquanto Savarino permaneceu no elenco alvinegro.
A posição do Botafogo nas cobranças
O clima entre Botafogo e Lyon azedou ao longo de 2025. Em julho, Thairo Arruda enviou uma carta cobrando os valores dessas transações. No documento, o clube brasileiro afirma que aceitou propostas menores para atender demandas internas da Eagle Football e ajudar o Lyon durante o período de punição.
O Botafogo também sustenta que abriu mão de taxas, acelerou negociações e atuou em condições desfavoráveis para facilitar a vida do clube francês. A carta reforça que, diante da situação, o clube carioca sofreu perda técnica e financeira relevante.
A crise aumentou quando a relação entre Textor e o Lyon implodiu meses depois das vendas. O americano foi afastado do comando francês e a parceria virou uma disputa fria. Com isso, parte dos jogadores sequer se apresentou ao Lyon, ampliando o impasse sobre pagamentos.
John Textor chegou a afirmar que o Lyon deve 160 milhões de dólares ao Botafogo, valor que supera até mesmo o registrado no balanço francês. O tema segue aberto e pressiona o futuro da SAF, que encara cobranças internas e externas ao mesmo tempo.

