A salvação do futebol brasileiro na questão das dívidas tem sido a SAF (Sociedade Anônima do Futebol), tanto que alguns clubes já entraram nessa onda, como Cruzeiro e Botafogo, por exemplo, conseguindo respirar e até contratando alguns reforços.
Mas tem clube que ainda resiste a entrar nessa dança. É o caso do São Paulo. O presidente Julio Casares disse em entrevista ao “Estadão” que, por enquanto, não pretende aderir a esse processo e que não vê o clube como SAF, apesar da dívida total de R$ 650 milhões.
“Uma associação pode ser também profissional e não precisa se transformar em SAF. Não vejo o São Paulo nesse caminho”, comentou Casares. Entretanto, ele ponderou transformar o clube em Sociedade Anônima do Futebol no futuro.
“Mas tenho a obrigação de entrar no assunto e preparar o clube para o futuro, comigo como presidente ou com outro. É um dever observar as leis. Mas não vejo o São Paulo como SAF”, completou.
Com o novo déficit de R$ 106 milhões acumulado em 2021 e dívida total de R$ 650 milhões, Casares já teve que bancar R$ 82 milhões em seu primeiro ano de gestão para poder manter o time em atividade e não ser punido pela Fifa.
A estimativa de venda de jogadores era R$ 176 milhões durante a pandemia, mas não conseguiu cumprir essa meta. “Temos um crédito no mercado de R$ 150 milhões, podendo chegar a R$ 200 milhões. Nossa estimativa de receita em 2022 é de R$ 500 milhões. O déficit é de R$ 106 milhões, alto ainda, mas menor do que o anterior, que era de R$ 130 milhões”, comentou.
“Quando assumi, tínhamos mais problemas do que a delegacia de Carapicuíba de sexta para sábado. Tive de arrumar a casa para não ser punido pela Fifa. O clube devia quase R$ 90 milhões”, continuou Casares ao “Estadão”.
Na entrevista, Julio Casares revelou que poderia ter diminuído bem a dívida do clube caso tivesse aceitado os 17 milhões de euros (cerca de R$ 93,5 milhões) que foram oferecidos por dois jogadores do elenco e mais um garoto da base. Mas o presidente do São Paulo preferiu abrir mão da proposta e manteve os atletas.

