Home Outros Esportes Com Felipe Pereira e a CBFA, ponte entre Brasil e CFL levou 3 anos e traz a esperança de mais jovens na liga canadense

Com Felipe Pereira e a CBFA, ponte entre Brasil e CFL levou 3 anos e traz a esperança de mais jovens na liga canadense

Por trás do Draft de 3 atletas brasileiros na CFL, Felipe Pereira e a CBFA fizeram um trabalho de suporte e buscam inserir mais atletas na liga

Danilo Lacalle
Jornalista de formação, e atleta por opção. Especialista em esportes americanos e apaixonado por esportes radicais.

O Brasil teve, pela primeira vez na história, 3 atletas selecionados no Draft Global da CFL nesta terça (03). Ryan David (LB), Otávio Amorim (OL) e Rafael Gaglianone (K) foram escolhidos após um período de muito trabalho na parceria entre a Confederação Brasileira e a liga. E, à frente desta ponte entre Brasil e Canadá, o Diretor de Relações Internacionais, Felipe Pereira, projeta que este é apenas o começo para o cenário do futebol americano no país.

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“Os primeiros contatos aconteceram em 2019. Participei do congresso da IFAF (Federação Internacional) em Londres e consegui um contato na CFL. Conversei com eles sobre a possibilidade de parceria e expliquei como era o futebol americano no Brasil. Tudo o que a gente tinha a oferecer. Pediram um Combine em março de 2020. O fizemos em Belo Horizonte, 2 atletas foram escolhidos, mas com a pandemia ninguém foi ao Canadá. Esse ano fizemos o Combine em São Paulo, e foi onde o Otávio e Ryan foram escolhidos.” – revelou o Diretor de Relações Internacionais da CBFA, Felipe Pereira.

A CFL é a principal liga profissional de ‘futebol americano’, no Canadá. Porém, com algumas regras e medidas diferentes do convencional, na NFL. Nela, 9 equipes estão sediadas em nove cidades diferentes disputam o título, divididas em duas divisões: Divisão Leste e Divisão Oeste. Para chegar nela, Felipe identifica que existe uma série de obstáculos, quando se trata de jogadores globais.

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“Uma das dificuldades que a CFL tem é identificar os jogadores. Eles dependem muito dos países para essa identificação. Este ano, todos puderam se inscrever e mandar seus vídeos. A partir daí, selecionamos 22 atletas. E muitas das dificuldades estão em escolher os jogadores, porque começaram já em uma idade avançada, outros ainda não falam inglês. A CFL em si busca jogadores entre 20 a 23 anos. No máximo, até 25 anos. Isso porque acreditam que demora até 2 anos para estarem prontos para jogar na liga”, contou o Diretor da CBFA.

Agora, após 3 anos tentando aproximar o futebol americano do Brasil com a CFL, por meio de diversas reuniões durante a temporada – e fora dela, a seleção de brasileiros para a liga canadense é motivo de esperança e identificação de assertividade, para que continuem seguindo o mesmo método de trabalho, que acaba de resultar em frutos.

“O ano todo estou conversando com eles (CFL) e como podemos preparar melhor os jogadores no Brasil. Ter esse reconhecimento com 3 jogadores draftados, é muito gratificante. Abrimos portas mudando a vida dos atletas escolhidos e dando esperança aos novos. Agora, podemos ter mais brasileiros lá. O fim da linha não está no Brasil”, revelou. “Uma das coisas que acho que pesou é que acabei indo para Toronto com o Ryan e o Otávio. Foi a primeira vez que estiveram 2 brasileiros lá para o Combine da CFL. Minha presença com eles, após parceria firmada, deu a entender que eles não estavam sozinhos e tinha toda uma Confederação (CBFA) apoiando. Agora, um dos projetos é fazer um Camp no Brasil”, completou Pereira, da CBFA.

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A presença de Felipe em Toronto, durante o Draft da CFL, pode ter sido um dos pontos importantes na escolha dos atletas. Sondando treinadores e General Managers das equipes, o diretor afirmou que teve que “vender o peixe” e que, quando um atleta é norte-americano, o processo é mais tranquilo. Isso porque existe um fácil acesso às informações, principalmente dos atletas que passaram por universidades nos EUA e Canadá.

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“A tendência é que mais atletas brasileiros sejam Draftados. Ryan, Rafael e Otávio têm que mostrar para o que vieram, porque nada é garantido. Vão para o Training Camp tentar uma vaga no time. Se mostrarem serviço, dedicação e trabalho, os times vão olhar com outros olhos para cá. Foi algo que bati no ponto com as equipes de lá. Que muitas vezes o brasileiro precisa de apenas uma oportunidade. Um atleta que vem da Alemanha, diferente de quem vem do Brasil, já tem todo um suporte maior. E isso não vai mudar a vida daquele jogador, porque esse europeu tem muitas outras oportunidades por lá, também. No Brasil, nem sempre é o caso. A oportunidade é de um futuro no Canadá. Enquanto isso, vamos buscar preparar ainda mais os jogadores no país. A CBFA vai continuar criando oportunidades e mapeando os jogadores que estão buscando se desenvolver.” – completou Pereira.

A ida dos três brasileiros selecionados para o Canadá, agora, está próxima. Ryan David foi escolhido pelo Calgary Stampeders, Rafael Gaglianone pelo Edmonton Elks e Otávio Amorim, pelo Toronto Argonauts, mesma equipe que selecionara anteriormente o ex-Last Chance U, Ronald Ollie, dispensado em 2021.

“A minha esperança é que esses atletas brasileiros possam se destacar, mas sempre com o pé no chão. Não vão chegar e já ser titulares. Precisam passar pelo Rookie Camp e, a partir daí, podem começar a ter oportunidades em snaps e Special Teams. Ainda não estão prontos para a liga. Eles são projetos com muito potencial. E isso pode demorar 1 ano ou mais. Depende muito deles para melhorar a performance. Mas tenho certeza que eles darão o máximo de si. Eles fizeram história”, afirma o Diretor de Relações Internacionais da CBFA.

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