O presidente da FIFA, Gianni Infantino, participou de uma entrevista coletiva neste sábado (19) e se posicionou a favor das minorias em Doha, no Catar. O país árabe ainda é alvo de críticas devido ao seu posicionamento contra as minorias.
O mandatário tentou expressar a união de todas as pessoas através do futebol. Em seu discurso, Infantino enalteceu o ser humano, independente de nacionalidade, gênero, raça, ou orientação sexual.
“Hoje estou com sentimentos muito fortes. Hoje me sinto catari. Hoje me sinto árabe. Hoje me sinto africano. Hoje me sinto gay. Hoje me sinto deficiente. Hoje me sinto como um trabalhador imigrante”, declarou.
O Catar mantém a tradição islâmica, o que gera questionamentos relacionados ao seu histórico de direitos humanos. Por exemplo, as relações homossexuais são proíbidas pelo código penal do país, que prevê o apedrejamento como uma das possíveis penas.
Para falar sobre o preconceito, o cartola citou uma experiência pessoal. Na infância, Infantino foi alvo de discriminação na Suíça.
“Claro que eu não catari, nem árabe, nem africano, nem gay, nem deficiente, nem um trabalhador imigrante. Mas eu sinto, eu sei como é ser discriminado, como é ser tratado como um estrangeiro. Como criança na escola eu sofria bullying, porque eu tinha cabelo ruivo e sardas. Eu era italiano, então imagine, eu não falava bom alemão. O que você faz? Você vai para o seu quarto, fica mal, chora. E então tenta fazer amigos, tenta convencer os amigos a se relacionar com outros e outros. Não acusa, não insulta. Você começa a se engajar. E isso é o que nós deveríamos fazer”, explicou.
Constantino também abordou os trabalhadores migrantes no Catar, que não tiveram o âmparo necessário na construção de estádios para o Mundial.
“Quem está realmente se importando com os trabalhadores? A FIFA se importa, o futebol se importa, a Copa do Mundo se importa e, para ser justo com eles, o Catar também. Eu estive em um evento alguns dias atrás, onde explicamos o que estávamos fazendo nesta Copa para pessoas com deficiência… 400 jornalistas estão aqui (na coletiva de hoje) aquele evento foi coberto por 4 jornalistas. Há 1 bilhão de pessoas com deficiência no mundo. Ninguém se importa. Ninguém se importa. Quatro jornalistas”, concluiu.
Por fim, o mandatário falou sobre a torcida e condenou o preconceito racial.
“Esta cidade é linda, as pessoas estão felizes. “Eles não podem torcer para a Inglaterra porque eles parecem indianos”. Eles não podem? Não podem torcer para Inglaterra ou Espanha? Isso é racismo. É puro racismo. Todo mundo tem o direito de torcer para quem quiser”, finalizou.

