Foto da praia de Teahupo'o
Há cerca de um mês foi confirmado que as ondas de Teahupo’o, no Taiti, serão a sede oficial do surfe nas Olimpíadas de Paris. No entanto, um aspecto da competição está criando atrito entre a população local e o comitê do evento.
O Comitê Olímpico de Paris 2024 determinou que a atual torre de madeira, na qual os juízes trabalham durante as competições da World Surf League (WSL) desde 2003, não atende aos padrões de segurança e de comodidade necessários para os Jogos Olímpicos.
Com isso, inicialmente foi feito o anúncio de que uma nova torre de alumínio de 5 milhões de dólares, 14 metros de altura e pesando 14 toneladas seria construída sobre os corais que formam a lagoa de Teahupo’o. Isso comportaria ar-condicionado, banheiros e toda a parte de computadores e equipamentos necessários para a transmissão do surfe.
Essa decisão, no entanto, foi contestada pelos moradores locais, que temem que esta grande estrutura, que precisaria de 56 buracos no solo e no recife fundação, possa matar os corais e a vida marinha local, que é essencial para a sobrevivência dos habitantes da ilha na Polinésia Francesa.
Além disso, eles afirmam que até mesmo a onda de Teahupo’o, que depende da bancada de coral para ser formada, poderia ser prejudicada nos próximos anos.
No final de outubro, cerca de 1500 pessoas, lideradas pelo surfista local Matahi Drollet, participaram de um protesto contra a nova torre. Uma petição online também foi criada, acumulando mais de 160 mil assinaturas. As ações receberam o apoio de grandes nomes do mundo do surfe, como os campeões mundiais Kelly Slater, Stephanie Gilmore, Tyler Wright, Carissa Moore e os brasileiros Filipe Toledo e Ítalo Ferreira.
Diante da repercussão negativa, o governo local e o Comitê Olímpico de Paris fizeram um comunicado com um novo projeto para a torre de alumínio (que já está sendo construída) para que ela causasse menos impacto ambiental na praia do Taiti.
Ele reduz o tamanho da nova construção em 25% (o que resultaria na mesma metragem da torre atual), retira cinco toneladas de peso e não prevê a instalação de canos para água e saneamento vindos da ilha.
Além disso, o local da construção foi alterado para um espaço com menos corais, assim como a quantidade e a profundidade de buracos para a fundação foram reduzidas.
Segundo os organizadores, a decisão tomou como base um estudo para, ao invés de construir uma nova estrutura, fosse feita a reforma da torre de madeira, mas os resultados mostraram que isso causaria maior impacto ambiental.
De acordo com eles, a fundação foi corroída com o tempo e a ação do mar, e por isso precisaria ser refeita, o que causaria muitos danos ao recife de coral.
No entanto, a população local questiona esta informação, dizendo que não teve acesso a este estudo. Mesmo com a decisão de usar estrutura de alumínio modificada, Matahi Drollet diz que o impacto para a fauna e a flora na área do Taiti ainda seriam muito grandes para uma torre que seria necessária apenas para três dias de competição.
Mesmo com a insatisfação dos moradores, a construção da nova torre de alumínio foi iniciada na última semana. Um vídeo postado nas redes sociais mostra uma barcaça indo para o local de construção e ficando presa na bancada de coral.

