Halo protegeu Carlos Sainz pela McLaren (Foto: F1)
Implementado oficialmente na temporada de 2018, o halo passou de polêmica estética a salva-vidas comprovado na Fórmula 1. Desenvolvido para suportar impactos de até 12 toneladas, o dispositivo de titânio tem sido fundamental para a proteção dos pilotos em acidentes graves e, muitas vezes, fatais.
Recentemente, falamos sobre a mais recente morte em uma prova de F1, a de Jules Bianchi, jovem piloto que se foi em 2015, meses após sofrer um acidente em Suzuka. Um dos casos em que, talvez, o dispositivo de segurança atual teria sido crucial para sobrevivência, este foi o trágico “evento canônico” que escancarou a urgência da criação de algo que impedisse maiores danos à cabeça de pilotos de Fórmula 1 além então de seus capacetes.
Seguindo como base uma pesquisa feita pelo perfil @formulalau, no X – o antigo Twitter, relembramos então cinco situações em que o halo foi determinante para salvar vidas, e outras cinco ocasiões nas quais sua ausência cobrou um preço alto demais.

5 vezes em que o halo salvou vidas
Grosjean e o milagre no Bahrein (2020)
No GP do Bahrein de 2020, Romain Grosjean colidiu contra o guard-rail a mais de 200 km/h e viu seu carro se partir ao meio e explodir em chamas. O halo protegeu sua cabeça no momento do impacto e resistiu tanto ao choque quanto ao incêndio. O francês escapou com queimaduras leves nas mãos e nos pés.
Brendon Hartley em Silverstone (2018)
Logo no primeiro ano da implementação, Brendon Hartley passou por um susto em Silverstone. A suspensão de sua Toro Rosso quebrou em alta velocidade, e o carro se chocou contra a barreira de pneus. O halo, porém, garantiu que nenhum detrito atingisse sua cabeça. O piloto saiu assim ileso.

Carlos Sainz em Mugello (2020)
No GP da Toscana de 2020, um engavetamento em alta velocidade colocou Carlos Sainz em situação perigosa. Sua McLaren ficou abaixo de uma Alfa Romeo em meio a um verdadeiro engavetamento em alta velocidade, e detritos voaram em sua direção. Graças ao halo, o espanhol evitou lesões graves.
Hamilton e Verstappen em Monza (2021)
A colisão entre Lewis Hamilton e Max Verstappen em Monza foi um dos momentos mais tensos da temporada 2021 e, até hoje, considerado um dos mais polêmicos da era moderna da Fórmula 1. Durante uma das diversas disputas acirradas e no limite do permitido pelo regulamento, a Red Bull de Verstappen passou por cima da Mercedes do e apenas o halo impediu que o pneu atingisse diretamente o capacete do britânico.
Guanyu Zhou em Silverstone (2022)
No GP de Silverstone de 2022, uma outra importante estrutura de segurança na Fórmula 1 apresentou falha. O santantônio, uma barra instalada acima do carro desde 1968 com a função de proteger o piloto em casos de capotagem, não funcionou então como deveria.

Em uma cena impressionante e igualmente assustadora, Guanyu Zhou teve seu carro capotado e arrastado por vários metros com o cockpit para baixo. O Santantônio quebrou, mas o halo permaneceu intacto, protegendo a cabeça do chinês até que o carro parasse entre a barreira de pneus e a grade de proteção do público.
5 vezes em que o halo poderia ter feito a diferença
Helmuth Koinigg em Watkins Glen (1974)
Em 1974, em Watkins Glen, austríaco Helmuth Koinigg bateu na curva Parabolica e atravessou um guard-rail mal instalado. Foi então decapitado instantaneamente. Não havia qualquer proteção estrutural sobre o cockpit. Uma proteção como o halo poderia, muito provavelmente, ter salvado sua vida.

Mark Donohue na Áustria (1975)
Durante seu retorno à Fórmula 1, em 1975, o estadunidense Mark Donohue sofreu um acidente na Áustria e bateu com o capacete na cerca de proteção. Embora tenha deixado o carro consciente, morreu dias depois devido a uma hemorragia cerebral. Uma estrutura mais segura sobre a cabeça poderia ter evitado a fatalidade.

Ayrton Senna em Imola (1994)
No acidente que tirou a vida de Senna, uma haste da suspensão atravessou seu capacete após a batida em Tamburello. Um halo, ainda que não infalível, poderia ter alterado a trajetória da peça ou absorvido parte do impacto.
ATENÇÃO: IMAGENS FORTES!
Henry Surtees na Fórmula 2 (2009)
Apesar de não se tratar diretamente da Fórmula 1, o caso de Henry Surtees é um dos diversos das categorias de base que poderiam ser mencionados aqui, visto que as mesmas também implementaram o uso do halo nos últimos anos.
Filho do lendário John Surtees, Henry foi atingido na cabeça por um pneu solto de outro carro durante uma corrida de Fórmula 2. Infelizmente, o britânico faleceu no hospital horas depois. Novamente, um halo talvez tivesse evitado a tragédia.

Jules Bianchi em Suzuka (2014)
O acidente fatal do jovem francês no GP do Japão de 2014 foi o estopim para a criação do halo. Ao colidir com um trator que retirava o carro de Adrian Sutil, Jules Bianchi sofreu lesões cerebrais que o deixaram em coma por oito meses, culminando em sua morte em 2015. Um halo talvez tivesse amortecido o impacto fatal e, quem sabe, evitado o resultado fatal.

A Fórmula 1 evolui com cada lição deixada pelas pistas, sendo muitas delas marcadas por dor. Agora, com mais segurança, nos resta torcendo então para que não seja preciso reviver novas tragédias para reforçar a segurança no esporte. Mesmo com atraso, o halo se mostrou indispensável e, desde sua estreia, tem sido decisivo para impedir que episódios fatais voltem a assombrar a categoria.

