Home Esportes Olímpicos Como atriz da Globo largou a vida sedentária por papel de ginasta em novela

Como atriz da Globo largou a vida sedentária por papel de ginasta em novela

Ao Torcedores, Valentina Bulc, a Bia Romantini, da novela “Salve-se Quem Puder”, contou como foi a adequação para desempenhar o papel de ginasta no folhetim da Globo.

Rodrigo de Azevedo
Paulistano. Formado em Comunicação Social- Jornalismo pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Atualmente mora em Salvador.

O dia a dia de um atleta não é algo simples e fácil. Para alcançar altos níveis de desempenho competitivo, a rotina do profissional requer uma alimentação saudável, treinamento e muita determinação.

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E foi para este estilo de vida que a atriz Valentina Bulc (20) precisou migrar desde que começou a interpretar a personagem Bia Romantini, da novela Salve-se Quem Puder, da Rede Globo.

A trama está no ar desde 27 de janeiro. Porém, a adaptação ao papel, treinos, ensaios e as gravações iniciaram desde o final de 2019.

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Diferente dos hábitos de Valentina, sua personagem se dedicou desde a infância à ginástica artística. Mas, ao descobrir uma doença cardíaca, Bia convive com o dilema entre abandonar a prática do esporte ou realizar o sonho de competir profissionalmente, mesmo sem que a sua família descubra.

E pensando em entender como foi a adequação para desempenhar o papel de uma ginasta, o Torcedores fez uma entrevista exclusiva com a atriz Valentina Bulc.

Primeiro dia de treinos de Valentina Bulc

Sedentária assumida, Bulc revela que precisou mudar os seus hábitos radicalmente, embora se considere muito magra.

“Nunca comi saudável e sempre tive preguiça de me exercitar. Quando descobri que ia viver a Bia, me inscrevi numa academia, fechei um personal e fui em uma nutricionista. Foi uma mudança bem radical no meu estilo de vida: cortei comidas como pizza, pastel, álcool… e isso influencia diretamente na vida social, né?”, destacou.

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Apesar do desafio de interpretar uma atleta, ela não pensou duas vezes em aceitar o convite. Segundo Bulc, “a melhor parte da nossa profissão é poder viver vidas que nós não viveríamos se não fôssemos atores. Saber que eu ia dar vida a uma ginasta artística, que ainda por cima tem uma doença cardíaca, nossa, foi um presente”.

Devido ao surto de coronavírus, a Rede Globo paralisou as gravações de todas as suas novelas, e Salve-se Quem Puder ficará fora do ar por tempo indeterminado a partir do dia 28/03.

Enquanto a rotina de gravações não volta ao normal, você pode conhecer como funcionou e quais são os desafios para se interpretar uma atleta na TV. Confira abaixo a entrevista completa:

Torcedores.com – Você imaginou que um dia faria o papel de uma atleta?
Valentina Bulc – Nunca! Sempre fui muito sedentária e, apesar de sempre ter sido magra, nunca tive corpo de atleta. Eu via filmes sobre esporte e achava um máximo. Sempre pensei que deveria ser muito difícil viver na pele de um atleta, até porque uma das minhas melhores amigas é nadadora profissional, e sempre vi de perto como era puxado.

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TC – Como você reagiu ao receber o convite para interpretar uma ginasta artística? Pensou em recusar?
VB – Nem por um segundo (risos). Fiquei muito animada e lisonjeada, e acho que a melhor parte da nossa profissão é de poder viver vidas que nós não viveríamos se não fôssemos atores. Saber que eu ia dar vida a uma ginasta artística, que ainda por cima tem uma doença cardíaca, nossa… foi um presente!

TC – Em outras entrevistas, você já afirmou que sempre foi sedentária. O que você precisou aprender e alterar na sua rotina para se adequar à personagem?
VB – Tudo. Nunca comi de forma saudável e sempre tive preguiça de me exercitar. Quando descobri que ia viver a Bia, me inscrevi numa academia, fechei um personal trainer e fui numa nutricionista. Foi uma mudança bem radical no meu estilo de vida: cortei comidas como pizza, pastel, álcool… e isso influencia diretamente na vida social, né? Virei a pessoa que leva barrinha de proteína para as festas (risos). Comecei a malhar de 5 a 6 dias por semana, e agora sou oficialmente uma viciada em endorfina (substância natural liberada com a prática de exercícios). Sem falar que, paralelamente a tudo isso, começamos a treinar com os atletas de ginástica artística duas vezes por semana para aprender sobre o mundo deles. Desde dar mortal na cama elástica, até os conceitos para dar os saltos e tudo mais.

Valentina Bulc e outros atores que fazem o papel de ginasta na novela

TC – Como você se sente treinando com ginastas profissionais do Clube de Regatas do Flamengo? O nível de exigência para se aproximar da postura de um ginasta passa a ser maior por conta disso?
VB – Foi muito rico treinar com eles. E é justamente esse nível de exigência que foi tão importante. Eles corrigem a postura das costas, das mãos, a chegada de um salto… Porque para eles aquilo é de extrema importância, e se a gente quer aprender a ser igual a eles, precisamos fazer direito. A minha dublê é uma (atleta) e sempre esteve aqui para me ajudar. No início então eu não parava de mandar mensagem tirando dúvidas. Ela foi incrível.

TC – Como foi seu passo a passo após aceitar o convite?
VB – Eu comecei, simultaneamente, a estudar a psique da Bia e o corpo dela. Então fiz tudo o que falei lá em cima de mudar meus hábitos, e comecei a fazer coaching com um grande amigo meu, Guilhermo Marcondes, para construir e achar a Bia em mim. Foi um processo muito específico e visceral. Fui entrando de cabeça no mundo dela, lendo e relendo os capítulos e fazendo toda a criação da vida dela que eu consegui encontrar a Bia em mim.

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TC – Como é para você fazer um papel de uma profissão na qual a disciplina quanto a treinos e a alimentação são tão elevados?
VB – No início foi muito difícil por fugir tanto da minha realidade e rotina. Eu contava os dias que eu tava sem chocolate e lamentava (risos). Mas, como tudo na vida, a gente se acostuma. Agora eu já estou mais definida e com um corpo mais próxima de atleta, então, me dou algumas felicidades como comer uma pizza, ou uma musse de chocolate, que eu amo.

TC – A especialidade da Bia na novela é o Salto Sobre a Mesa, modalidade que já rendeu medalhas a ginastas renomadas como Daiane dos Santos, Jade Barbosa, Daniele Hypólito entre outras. Você chegou a procurar com outras atletas (campeãs ou não) mais detalhes sobre esse tipo de salto?
VB – Eu passava vários momentos assistindo vídeos de competições de ginástica artística. O YouTube até começou a me recomendar alguns (risos). De início, não foquei só no Salto Sobre a Mesa porque, como os atletas nos explicaram, todos precisam fazer todas as modalidades. Então, me senti na obrigação de entender um pouco sobre todos. Assisti ao documentário da ginasta Nadia Comaneci (conquistou nove medalhas nas Olimpíadas de 1976 e 1980) e entrevistas da Simone Biles. Foram muitas referências.

TC – Sua personagem é ginasta desde a infância. Até onde você, com 20 anos de idade e pouca afinidade com exercícios físicos, consegue se aproximar da realidade de um atleta profissional? Quais movimentos são executados por você e quais são da dublê?
VB – Eu teria que estar praticando desde os 5 anos de idade para, literalmente, fazer o que a Bia faz. E é por isso que todos temos dublês na novela. A minha, por exemplo, treina desde os 3 anos. Nas cenas, eu faço a corrida e a chegada do salto, mas quem faz o salto propriamente dito é a Lorenna Antunes. Mas no vídeo fica tão perfeito que cheguei a receber várias mensagens das pessoas me parabenizando por ter aprendido tão rápido a saltar (risos).

TC – Na novela, a Bia possui um problema de saúde que a impede de competir profissionalmente. Você conheceu/ recebeu histórias parecidas da vida real? Como você reagiu?
VB – Em relação ao esporte, até entrar no mundo da Bia não conhecia histórias que envolviam competição, mas eu tinha um exemplo em casa. Meu padrasto teve 4 cânceres, um ataque cardíaco, e uma cirurgia. E isso, obviamente, afetou a vida dele. Tudo fica mais difícil quando se tem problemas graves assim de saúde e é um constante medo do que pode acontecer.

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TC – Mesmo sem ter o costume de praticar esportes na sua vida particular, você gosta de acompanhar/ assistir competições esportivas? Se sim? Quais você mais gosta?
VB – Por incrível que pareça, eu sempre gostei de assistir às competições de ginástica artística nas Olimpíadas. Sempre achei muito bonito! E durante a Copa do Mundo, gosto de ver os jogos do Brasil.

TC – De que forma a atuação neste papel mudou o seu pensamento sobre a prática de esportes?
VB – Mudou demais! Eu tive que conversar com muitos atletas e assistir muitos vídeos para entender a vida deles. É muito fascinante como essas pessoas realmente vivem para isso. A vida deles gira em torno desse esporte, seja ele qual for, e isso requer muita paixão, dedicação e coragem. É algo muito bonito. Passei a admirar os atletas ainda mais.

TC – Em que pontos a personagem Bia (nas suas características de atleta) se assemelha e se diferencia da Valentina?
VB – A Bia é muito perfeccionista quando se trata da ginástica. Ela quer dar o seu melhor, se exige muito, e mesmo tendo cardiomiopatia hipertrófica, ela quer ser a melhor. Eu sou muito assim na interpretação. Não costumo gostar de todas as minhas cenas, sou muito crítica comigo mesma e quero continuar estudando para sempre melhorar cada vez mais. E nós duas amamos o que fazemos mais que tudo. Eu entendo muito essa paixão da Bia, que a faz capaz de colocar a vida em risco pra treinar. Porque, sem isso, ela não vê muito sentido em viver.

TC – Os Jogos Olímpicos de Tóquio já estão aí. Você já escolheu quais atletas e esportes terão a sua torcida?
VB – Sempre torcendo para o Brasil, independente do esporte (risos). Mas com toda essa situação da pandemia do coronavírus, vamos ver como vão ser os Jogos Olímpicos.

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Até a publicação desta reportagem, a realização das Olimpíadas de Tóquio 2020 ainda segue como incerta. No entanto, ontem (17/3), o Comitê Olímpico Internacional (COI) emitiu um comunicado informando que o evento está mantido, mesmo com a pandemia de coronavírus que se espalhou pelo mundo. Mas caso a situação não seja controlada, há a possibilidade dos Jogos serem cancelados ou adiados.

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