Após uma reunião que durou mais de três horas na sede da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, no início da tarde desta segunda (16), o presidente Rubens Lopes anunciou que o Campeonato Carioca está suspenso por 15 dias, a contar a partir desta terça-feira (17). A decisão foi tomada após muita discussão e divergência entre os dirigentes dos 16 clubes participantes do estadual. De um lado, ficaram Botafogo e Fluminense, que queriam a paralisação imediata da competição. Do outro, todos os demais, incluindo Flamengo e Vasco, que pediam mais sete dias para que a Taça Rio pudesse ser finalizada, já que restam apenas duas rodadas.
No entanto, como não houve consenso, ficou determinado que o torneio iria parar de imediato, como mais uma forma de prevenção ao surto do novo coronavírus, atendendo também a um pedido do Ministério da Saúde e seguindo a maioria dos estados que já anunciou a paralisação. O presidente Rubens Lopes diz que, apesar das divergências, no fim, todos concordaram que era a melhor saída.
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“Cada um tem a sua visão, seus argumentos e todos têm lógica, são pertinentes. A visão que se tem do problema varia em função do ângulo que você enxerga. O Flamengo apresentou sua posição, mas no fim foi decidido, em consenso, que o que está se vivendo no momento supera todas as outras ponderações. Do ponto de vista técnico, repito, os jogos poderiam acontecer sem que isso aumentasse o risco de alguém ser contaminado”, afirmou Rubens Lopes.
No entanto, não foi bem assim. Os clubes de menor investimento, apoiados por Flamengo e Vasco, faziam pressão para a sequência do Campeonato Carioca por, pelo menos, sete dias. Não fosse a oposição de Botafogo e Fluminense, era o que provavelmente iria acontecer.
O presidente do Boavista, João Paulo Magalhães, explicou como se deu essa divisão.
“Acabou vencendo o cancelamento pelo posicionamento de Botafogo e Fluminense. Tivemos 14 querendo continuar e dois contra, então para não causar desconforto aos clubes que se opuseram e fazer mais esses sete dias de campeonato, para finalizar a Taça Rio, decidimos paralisar”, explicou.
U fato curioso sobre essa reunião é que João Paulo Magalhães ficou também como uma espécie de representante do Vasco no encontro. O presidente vascaíno, Alexandre Campello, foi o primeiro a chegar na sede da Federação, e também foi o primeiro a sair. Com cara de poucos amigos, Campello afirmou que tinha outros compromissos e por isso não ficaria. Mas, na verdade, o presidente do Vasco ficou insatisfeito com, primeiro, o atraso para o começo da reunião, que começou mais de uma hora após o horário previsto. E também porque antes o presidente da Ferj, Rubens Lopes, se encontrou a sós com o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim. Essa conversa privada durou mais de 40 minutos, o que irritou a muitos que estavam no local. Campello, que enxergou o ato como falta de respeito aos demais, resolveu deixar a reunião, sendo João Paulo Magalhães o seu representante.
Na entrevista coletiva, Rubens Lopes disse que não acredita ter sido esse o motivo para que o presidente do Vasco tenha deixado a reunião.
“Acho que deveria ser perguntado a ele. Acho muito difícil que a sua retirada tenha sido em função de uma conversa com o presidente do Flamengo. De fato, houve a conversa, mas isso acontece com qualquer presidente, de qualquer clube, então acho difícil que isso tenha motivado uma atitude dessas do presidente do Vasco, até porque não tem nenhum sentido isso”, argumentou.
Bom, fato é que a questão foi muito discutida e diversos temas foram levados em consideração, como aspectos jurídicos e trabalhistas, em relação aos jogadores. Alguns clubes pequenos afirmaram que não teriam dinheiro para arcar por mais tempo com as folhas salarias, caso o campeonato fosse alongado. No fim, diante até da repercussão muito negativa que já se formava nas redes sociais, a decisão foi pela suspensão.
Rodolfo Landim lembrou as consequências financeiras para paralisação do Carioca e defendeu a continuidade dos jogos. Citou o alto investimento no elenco, na contratação de Gabigol, na renovação de Bruno Henrique e no seu elenco milionário. Os clubes receberam da CBF a garantia de que o calendário brasileiro será estendido até o dia 28 de dezembro e que a Copa do Brasil deve ficar parada até o meio do ano. Ou seja, os estaduais poderão recuperar ao menos essas duas semanas de paralisação.
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