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Era uma tarde de segunda-feira, dia 4 de julho de 1994, feriado da Independência norte-americana. Sob um sol escaldante que fazia a temperatura ultrapassar os 40 graus, os donos da casa enfrentavam o Brasil diante de quase 85 mil espectadores no Stanford University Stadium, em Palo Alto, na Califórnia, pelas oitavas de final da Copa do Mundo dos Estados Unidos.
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No jogo mais importante de sua história e dispostos a comemorar a independência do país com a classificação às quartas de final do torneio, os anfitriões adotaram uma forte retranca para tentar neutralizar o ataque brasileiro formado pela dupla Bebeto e Romário e, assim, tentar levar a decisão da vaga para a disputa de penalidades.
Debaixo do calor intenso, os ânimos se exaltavam a cada lance. Até que, a dois minutos do fim do primeiro tempo, uma disputa de bola se tornou emblemática naquele duelo. Na lateral do campo, o jogador brasileiro Leonardo acertou uma forte cotovelada na cabeça do meio-campista Tab Ramos, que desmoronou no gramado e teve de ser levado ao hospital, com fraturas no crânio e no maxilar.
Expulso de campo e da Copa 94
Leonardo foi imediatamente expulso pelo árbitro francês Joël Quiniou e o Brasil voltou com apenas dez jogadores para a etapa final, elevando a tensão dentro de campo para os comandados de Carlos Alberto Parreira, que passaram então a ter ainda mais dificuldades em furar o ferrolho defensivo montado pelo adversário.
“Ainda sinto aquela parte da cabeça quando o tempo está muito úmido”, declarou Tab Ramos quase 20 anos depois ao site da Fifa (Federação Internacional de Futebol). Devido à lesão provocada pela agressão do brasileiro, o ex-jogador norte-americano, que na época defendia o Real Betis (ESP), correu risco de não mais conseguir atuar profissionalmente.
Leonardo teve a punição aumentada por conta da gravidade da cotovelada e acabou sendo excluído até o fim da Copa de 1994. Mesmo com o episódio ocorrido naquela tarde ensolarada de San Francisco, sua fama de “bom moço” e seu futebol continuaram em alta e ele voltou a jogar pela seleção quatro anos depois, no Mundial da França.
Revelado pelo Flamengo no final dos anos 80, o lateral e meia conquistou em 1993 o Mundial Interclubes vestindo a camisa do São Paulo, ao lado de Zetti, Raí e Müller, que também integravam o elenco da seleção brasileira. Leonardo teve ainda longa passagem pelo futebol europeu, jogando em clubes da Espanha, França e Itália, além de defender por dois anos o Kashima Antlers, do Japão.
Em jogo sofrido, Brasil vence por 1 x 0
Apesar da desvantagem numérica, a seleção brasileira chegou à vitória com gol do atacante Bebeto marcado aos 27 minutos, após receber a bola de Romário no lado direito da área. O então camisa sete finalizou cruzado e fraco, mas o bastante para desviar do goleiro Tony Meola e balançar as redes norte-americanas, “aliviando” os brasileiros e selando o triunfo por 1 x 0, que classificou a equipe canarinho às quartas de final.
A expulsão de Leonardo quase pôs tudo a perder para a seleção de Parreira, porém influenciou na trajetória que terminaria com a conquista do tetracampeonato mundial, encerrando um jejum de 24 anos sem vencer uma Copa do Mundo. Seu substituto, Branco, na partida seguinte faria o gol de desempate na vitória do Brasil pelo placar de 3 x 2 sobre a Holanda.
Reveja abaixo o lance da cotovelada de Leonardo em Tab Ramos, ocorrido aos 43 minutos do primeiro tempo:
O Brasil entrou em campo com Taffarel, Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Leonardo; Mauro Silva, Dunga, Zinho e Mazinho; Romário e Bebeto. No banco de reservas estavam Ricardo Rocha, Ronaldão, Raí, Cafu, Branco, Paulo Sérgio, Müller, Viola, Ronaldo Fenômeno, Zetti e Gilmar.
Do outro lado, a seleção norte-americana treinada por Bora Milutinovic jogou com Tony Meola, Fernando Clavijo (que também acabou sendo expulso aos 19 minutos do segundo tempo), Balboa, Lalas e Caligiuri; Dooley, Tab Ramos, Sorber e Pérez; Cobi Jones e Stewart.
