Home Basquete Inesquecível: O dia que o Brasil derrotou os EUA e mudou o basquete para sempre

Inesquecível: O dia que o Brasil derrotou os EUA e mudou o basquete para sempre

Há quase 33 anos, a vitória da seleção brasileira sobre os Estados Unidos na final dos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis espantava o mundoPalpites de futebol todos os dias

Vinicius Fernandes Ribeiro
Economista e pós graduado em Auditoria. Falo sobre Futebol e Basquete. Histórico no jornalismo com matérias e entrevistas exclusivas, coberturas de eventos in loco e como setorista do São Paulo FC

Dia 23 de agosto de 1987. A data ficou marcada na história do esporte brasileiro como um dos momentos mais importantes da Seleção Brasileira Masculina de Basquete. Diante de um público de 16.048 torcedores presentes na Market Square Arena, em Indianápolis, a equipe comandada por Oscar e Marcel surpreendeu o mundo ao realizar um feito até então inimaginável: vencer os americanos em seus domínios. A vitória por 120 a 115 deu ao Brasil a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos.

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“Quando eu me lembro daquele jogo, a primeira imagem que me vem à mente é a cara de desespero dos americanos, de jogadores a membros da comissão técnica, por não terem uma resposta ao que estava acontecendo dentro de quadra. Eles estavam atordoados, não sabiam o que fazer” A declaração é de João Vianna, o Pipoka, reserva da Seleção Brasileira que, há quase 33 anos, desafiava o impossível e derrubava a seleção norte-americana masculina de basquete dentro dos Estados Unidos.
Naquela final, o Brasil converteu 10 bolas de três em 25 tentativas, algo fora do comum para a época. No basquete internacional, a linha de 3 pontos havia sido instituída três anos antes do Pan. Curiosamente, a NBA já a utilizava, com uma distância maior, desde 1979, mas ainda longe de ser parte da estratégia do jogo como acontece atualmente.

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Nós não ajudamos a fazer uma revolução no basquete, nós fizemos. O que nós mostramos há 30 anos é o que está sendo aceito pelo mundo hoje. Com os times da NBA fazendo a mesma coisa. O arremesso de três pontos deu uma nova dimensão para o jogo, abriu a quadra. As defesas não podiam mais ficar no garrafão, tinham que sair. Isso provocou um maior jogo individual, um contra um.- disse Marcel, autor de duas cestas de três naquele jogo.

Aquela foi a primeira derrota da seleção masculina de basquete dos EUA dentro de casa. Foi, também, a primeira derrota dos norte-americanos em finais e a primeira vez que os inventores do basquete levaram mais de 100 pontos em um mesmo jogo dentro de seu território.

A grande estrela daquele jogo, no entanto, foi Oscar. Ele converteu sete bolas de 3 em 15 tentativas. O brasileiro havia sido escolhido pelo New Jersey Nets no Draft de 1984, mas não aceitou o convite para jogar na NBA. Na época, isso o impediria de defender a seleção brasileira.

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– O povo recorda sempre dessa vitória. Foi há 30 anos, mas parece que foi ontem. Uma vitória maiúscula, grande, gigantesca – comentou Oscar.

O tal “modelo de jogo” brasileiro era uma novidade na época. Em 1987, poucas seleções chutavam tanto de longa distância quanto o Brasil de Oscar e Marcel. A linha de três pontos, afinal, havia sido adicionada às quadras de basquete há pouco tempo, apenas em 1982. A arma era pouco explorada até mesmo pelos norte-americanos.

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O time comandado pelo técnico Denny Crum era formado apenas por jogadores universitários, é verdade – a única estrela era o pivô David Robinson, futuro integrante do Dream Team de 1992. Mesmo assim, no entanto, não se imaginava outro resultado que não uma vitória tranquila dos donos da casa – que chegavam à final do Pan com um saldo positivo de 25 pontos por jogo no torneio. Além disso, quebramos uma invencibilidade de 34 partidas oficiais dos norte-americanos.

O Brasil perdeu o primeiro tempo por 14 pontos (68×54). No segundo tempo a situação piorou e a diferença passou dos 20 pontos. Foi aí que os jogadores mais experientes chamaram a responsabilidade. Segundo Marcel, a equipe passou a marcar melhor e a desafiar os americanos, que começaram a errar mais. Então, Oscar e Marcel calibraram a mão e “fizeram chover” bolas de três na metade final do confronto. Foram 13 arremessos longos convertidos pelo Brasil no jogo, contra apenas dois dos EUA.

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Oscar e Marcel somaram para surreais 77 pontos durante o jogo (46 de Oscar e 31 de Marcel) e deram a vitória ao Brasil após uma incrível parcial de 66 a 47 na segunda etapa – a dupla foi responsável por 55 dos últimos 66 pontos brasileiros na partida.

“Quando percebemos estávamos oito pontos na frente. Foi só administrar o placar. Eles ficaram assustados. Jogar na frente dos Estados Unidos não era raro. O que não acontecia era evitar a virada. No Pan de Caracas, em 1983, também ficamos na frente, mas acabamos perdendo os dois jogos, um por três pontos na última bola e outro por oito pontos. Contra um time que tinha o Michael Jordan”, contou Marcel.

No Pan de Indianápolis, o Brasil teve seis vitórias e apenas uma derrota:

Brasil 110 x 79 Uruguai
Brasil 100 x 99 Porto Rico
Brasil 103 x 98 Ilhas Virgens
Brasil 88 x 91 Canadá
Brasil 131 x 84 Venezuela
Brasil 137 x 116 México
Brasil 120 x 115 Estados Unidos

Classificação final

1º- Brasil
2º- Estados Unidos
3º- Porto Rico
4º- México
5º- Canadá
6º- Panamá
7º- Uruguai
8º- Venezuela
9º- Argentina
10º- Ilhas Virgens

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