Home Futebol Ex-ministro da saúde se diz contra o retorno do futebol no Brasil: “Pode levar a transmissão desordenada”

Ex-ministro da saúde se diz contra o retorno do futebol no Brasil: “Pode levar a transmissão desordenada”

Luiz Henrique Mandetta fez uma comparação da Alemanha, um dos países que melhor tem administrado a pandemia do coronavírus, com o Brasil

Danielle Barbosa
Jornalista. Escrevendo para o Torcedores desde 2014.

O ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, concedeu entrevista à ESPN Brasil e se mostrou contrário ao retorno do futebol brasileiro em meio a pandemia do novo coronavírus. Mandetta citou a Itália, um dos países mais atingidos pela pandemia, e falou também sobre a Alemanha, que já anunciou o retorno do Campeonato Alemão para o próximo dia 16.

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“Quando você quer acelerar a volta, você corre o risco de acelerar (a transmissão) em nome do esporte ou da economia. Essa aceleração pode levar a um quadro de transmissão desordenada, que leva o espaço urbano ao que estão chamando de lockdown. E quando você determina isso, aí é uma coisa muito mais dura, é ficar em casa e sair no máximo 50m sob pena de multa ou prisão. E quando a cidade tem que apelar para esse tipo de medida, a economia, o futebol, a cultura levam muito mais tempo para se recuperar”, explicou o ex-ministro.

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“Esse vírus gosta mesmo de ser desafiado, ele não negociou com ninguém. Não teve nenhuma pessoa, por mais poderosa e cheia de certezas, que o desafiou. Ele fez questão de derrubar sistemas, causou muito sofrimento. Estamos falando de uma doença nova, que derrubou o sistema de saúde da Itália, da Espanha, da França, da Inglaterra, de Nova York, de Chicago, da Califórnia, da Flórida… Não estamos falando de uma doença que seja passageira, leve”, acrescentou.

COMPARAÇÃO BRASIL X ALEMANHA:

Mandetta, responsável por tentar controlar a pandemia no início do surto no Brasil, falou sobre as medidas adotadas na Alemanha e fez uma comparação com o Brasil. “A Alemanha vai fazer um protocolo muito rígido. É um dos poucos países que tinha uma capacidade instalada. É um país que trabalha em seus hospitais com redundância: tudo que ela tem ativo, tem no depósito do hospital em dobro. Então, quando teve necessidade, expandiu a rede muito rapidamente. E tem profissionais muito bem formados”, explicou Mandetta.

“O Brasil tem problemas de equipamentos de proteção individual, de respiradores e de profissionais de saúde. Então o que seria razoável administrarmos essas duas variáveis, velocidade de transmissão e vulnerabilidade do sistema. Melhorando a performance do sistema e controlando o máximo possível a transmissibilidade, a gente passaria por esse estresse. De uma maneira mais lenta, mas passaríamos e com menos perdas”, completou.

O ex-ministro ainda reforçou que existem outras prioridades para o Brasil antes do retorno do futebol, e voltou a destacar que é preciso ter calma e cautela antes de retomar o calendário esportivo. “Ao meu ver, temos outras medidas mais importantes a fazer antes de falar de futebol. Acho que a gente estaria atropelando a história natural desse vírus. Não tem elementos para fazer essa decisão no momento. Estamos aumentando o número de casos. Seria decidir pelo retorno e logo na frente ter que suspender. Seria flertar com a possibilidade de uma quarentena mais rígida, de um lockdown, como se chama. Seria a possibilidade de colocar o futebol como um dos corresponsáveis de uma situação crítica para a sociedade. Não faria bem ao futebol. Acho que não tem elementos. Acho que a gente deve esperar um pouco mais e ver como isso vai se dar na Europa, onde já passou o pior da crise. Para que aí a gente possa passar da nossa crise e tomar as nossas decisões”, completou.

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De acordo com os últimos dados oficiais divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira (7), o Brasil ultrapassou a marca de 135 mil casos confirmados e já tem mais de nove mil óbitos por causa do novo coronavírus.

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