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Federação Paulista de Futebol envia carta ao presidente da Câmara

Documento faz menção à ‘petição online’ dos atletas contrária ao PL que tramita na Câmara de Deputados em regime de urgência

Iberê Riveras
Colaborador e colunista do Torcedores.com.

Enquanto a pandemia do novo coronavírus inferniza a vida de milhões de brasileiros, a corrida pelo sancionamento do projeto de lei nº 2125/2020 de autoria do deputado baiano Arthur Maia (DEM-BA) terá uma semana decisiva em Brasília.

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Uma vez que a Câmara dos Deputados aprovou o requerimento em caráter emergencial, o projeto de lei pode ser votado direto em Plenário, sem a necessidade de ser apreciado antes por alguma comissão. Seguiria então para o Senado Federal, antes de chegar às mãos do presidente Jair Bolsonaro.

Em sua base, o PL 2125/2020 se mostra sensível aos danos causados pela Covid-19 aos clubes e pede o congelamento por 12 meses das parcelas do Profut (Programa de Modernização da Gestão e Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro). No entanto, na parte final do preâmbulo, de forma sutil, indica mudanças na Lei Pelé.

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A mais polêmica propõe que, em caso de demissão, o atleta deixaria de receber integralmente o pagamento dos salários previstos até o final do contrato, passando a receber apenas 50% do valor, de forma parcelada.

Na última quarta-feira (29), a Federação Paulista de Futebol encaminhou ao Presidente da Câmara de Deputados Rodrigo Maia uma carta na qual alerta para a propagação de um abaixo-assinado virtual de atletas profissionais – que já ultrapassou dois mil nomes – contrário ao projeto de lei. Segundo a FPF, a mobilização seria o resultado do movimento de “uma pequena parcela de advogados”.

São Paulo, 29 de abril de 2020

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Ao Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia

Exmo. Sr. Presidente,

Todos estão absoluta e integralmente cientes da realidade de pandemia e Calamidade Pública decretada pelos órgão governamentais, além das recomendações, regras e determinações dos órgãos de saúde nacionais e internacionais. Neste contexto, foram adotadas medidas de inúmeras naturezas com a finalidade de minimizar os prejuízos e preservar ao máximo, simultaneamente, a saúde física e econômica de todos.

O esporte nacional como um todo, notadamente as competições profissionais de futebol, foram consideravelmente afetadas sendo imprescindível a tomada de providências legais e administrativas com a finalidade de se evitar o colapso e projetar o retorno destas atividades com a maior brevidade possível.

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Conservar a vitalidade econômica do esporte mais popular do planeta resulta em uma forma impactante e considerável de garantir emprego e renda de milhares de trabalhadores formais e informais que integram e certificam o funcionamento do futebol.

Ao editar os Projetos de Lei n 2125 e 1013, ambos de 2020, a Câmara dos Deputados revela total consonância com as necessidades imediatas dos clubes de futebol, especialmente no que se refere à suspensão do pagamento de valores fiscais.

Ressalta-se que na redação final do Projeto 2125/2020 encaminhado ao Senado Federal foi proposto, com o fim de igualar o atleta de futebol profissional às demais categorias regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, alterar o valor mínimo a ser pago ao atleta a título de cláusula compensatória desportiva, reduzindo-a 50% do valor total de salários mensais a que teria direito o atleta até o término do referido contrato.

Acerca da mencionada proposição, tem-se espalhado campanha oportunista, fantasiosa e, ainda, leviana, por uma pequena parcela de advogados que tentam a todo custo convencer os atletas de que seus direitos estariam sendo retirados e, por este motivo, os convoca para assinar uma petição online que visa impedir a aprovação do projeto.

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Vossa Excelência tem pleno conhecimento de que os atos legislativos aqui debatidos não possuem de forma alguma o intuito de retirar direitos de atletas, tampouco de qualquer outra classe profissional. Ao contrário, pretende ajustar o exagero da Lei e equiparar o cálculo de rescisão dos atletas aos outros setores de emprego da nossa sociedade, de forma a proteger e garantir, minimamente, a estrutura financeira dos clubes de futebol.

Sendo assim, Excelentíssimo Presidente, serve a presente manifestação para reiterar a importância da aprovação das medidas legislativas já em curso para que o esporte nacional, como um todo, possa manter-se fortalecido, mesmo diante desta conjuntura de incertezas.

Temos a convicção de que com seu apoio e dos demais membros da Câmara dos Deputados, o futebol poderá em futuro muito próximo retomar suas atividades dentro da maior normalidade possível, seguindo as regras de higiene, determinações e recomendações dos órgãos de saúde nacionais, internacionais e governamentais.

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