Home Futebol Economista diz que Flamengo “legislou em causa própria” com nova MP e repete erros de grandes de SP

Economista diz que Flamengo “legislou em causa própria” com nova MP e repete erros de grandes de SP

Para o especialista, clube não fez nada de revolucionário

Matheus Camargo
Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), colaborador do Torcedores.com desde 2016. Radialista na Paiquerê 91,7.

O jornal Lance! publicou nesta quarta-feira (8) uma entrevista com o economista a especialista em gestão do futebol Cesar Grafietti, que analisou os passos dados pelo Flamengo para conseguir a aprovação da Medida Provisória 984 (MP-984), que entre outras coisas dá o direito das transmissões das partidas ao mandante.

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Comemorada por alguns clubes, a MP virou polêmica na última terça-feira (7) após a FERJ sortear o mando da final da Taça Rio e o Fluminense ser escolhido como o dono dos direitos da partida. Isso porque o Flamengo, que trabalhou internamente pela aprovação do MP, solicitou o direito de transmissão compartilhado do confronto, o que gerou indignação por parte de alguns e dúvidas em outros.

“Eu veria o Flamengo como revolucionário se ele tentasse organizar os clubes de uma maneira onde a indústria crescesse. Na hora que ele age pensando só no objetivo dele, eu vejo o Flamengo, hoje, como se via o São Paulo na época do tricampeonato brasileiro ou o Corinthians do título mundial (2012) ou até o Palmeiras mais recentemente…”, apontou o economista ao jornal.

“É o clube mais estruturado do momento e o que conquista mais, então, por isso, consegue impor os seus desejos e se achar acima do resto dos clubes. Não considero a melhor postura para um clube que já esteve, na história do futebol brasileiro, levantando bandeiras importantes, como a própria questão dos direitos de transmissão, uma bandeira levantada lá atrás pelo Flamengo, que (há cerca de 40 anos) não agiu em benefício próprio, mas, sim, em prol da indústria.”

Grafietti ainda garantiu que o Flamengo tem força para iniciar a criação de uma espécie de liga ou para dar outro rumo ao futebol brasileiro, que tem tentado se desvencilhar da Rede Globo, dona dos direitos de transmissão dos principais campeonatos e responsável pela maior parte do orçamento das equipes por meio do pagamento das cotas de TV.

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“Acredito que o Flamengo, hoje, tem força o suficiente para puxar isso de uma maneira que ele se beneficie naturalmente, já que tem a maior torcida e um poder de fogo muito maior que os outros. Neste momento, efetivamente, legislou em causa própria, e isso me parece muito ruim em relação ao resto dos clubes”, criticou o especialista em gestão, que seguiu e lembrou a partida transmitida pela Fla TV que foi encarada como uma grande revolução na última quarta-feira (1).

“Vou dar um exemplo do quão ruim é isso: ele conseguiu um belíssimo sucesso no jogo de quarta-feira (contra o Boavista, pela 5ª rodada da Taça Rio), nem foi tanto e nem tão pouco que a gente possa ignorar. Era um jogo que estava no meio de uma briga com uma TV, houve excesso de entusiasmo, na prática era de graça, doava apenas quem queria. Conheço muita gente de fora do Rio que quis ver o jogo para ver como a plataforma funcionaria…”, apontou Grafietti.

“Mas a hora que estiver em um ambiente normal de competição, com outras partidas sendo disputadas e você cobrando por isso (serviço de streaming), pois é óbvio que não deixará grátis a vida inteira, talvez você tenha um resultado menos satisfatório do que gostaria. Ainda assim, se alguém pode se beneficiar com um modelo desse é o Flamengo… Não precisa ir muito longe. Se o clube resolver fazer um pacote de 10 reais por mês para essas 2 milhões de pessoas que viram o jogo na quarta passada poderem assistir aos 19 jogos do Brasileiro, por exemplo, vai receber mais ou menos o que já recebe da Globo…”, deu a ideia.

“Mas é ele, Flamengo, que consegue fazer isso… É o Corinthians que talvez consiga… Não sei nem se Palmeiras, São Paulo e Vasco também conseguiriam. Você vai limitar, pois serão poucos clubes que terão a capacidade de êxito em um projeto solo desse. Resumindo: entendo que o Flamengo poderia ter agido de uma maneira mais construtiva para a indústria, mas ele olhou só a capacidade dele de gerar resultado e benefícios próprios neste momento.”

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