Home Futebol Atlético-MG de Jorge Sampaoli mostra potencial para ser a grande sensação do futebol brasileiro na retomada das atividades

Atlético-MG de Jorge Sampaoli mostra potencial para ser a grande sensação do futebol brasileiro na retomada das atividades

Luiz Ferreira analisa a vitória do Galo sobre o América-MG em jogo-treino realizado nesta quarta-feira (15) na coluna Papo Tático; equipe atleticana apresentou caras novas (e bastante promissoras) e as velhas convicções de Jorge Sampaoli

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
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É bem verdade que estamos falando “apenas” de um jogo-treino disputado num momento em que temos muito mais perguntas do que respostas sobre a pandemia de COVID-19 e a retomada gradual das atividades no futebol brasileiro. Mesmo assim, a partida desta quarta-feira (15) foi suficiente para alimentar as esperanças do torcedor do Atlético-MG com relação ao encaixe dos reforços contratados pela diretoria dentro daquilo que Jorge Sampaoli pensa sobre futebol. A vitória por 3 a 2 sobre o bem organizado América-MG (comandado por Lisca Doido) apresentou as novidades para a massa atleticana e também nos trouxe um pouco dos velhos conceitos de intensidade e movimentação ofensiva do treinador argentino. Falta ainda (é claro) entrosamento e ritmo de jogo para entender as ideias de Sampaoli. Mas já é possível dizer que o Atlético-MG é seríssimo candidato a sensação do futebol brasileiro na retomada das atividades. Ainda mais com o Flamengo em baixa por conta de uma possível saída de Jorge Jesus.

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Jorge Sampaoli escalou o Atlético-MG no mesmo 4-3-3 utilizado no Santos na temporada passada. O início da partida contra o América acabou marcado pela lentidão na saída de bola. Estimulado pelo treinador argentino a jogar com os pés, o goleiro Rafael encontrou um pouco de dificuldades para acelerar o jogo com os zagueiros Réver e Igor Rabello e o volante Allan (que aparecia com frequência entre os dois para auxiliar na saída de bola). Foi assim até os primeiros trinta minutos de atividade. A lentidão dos quatro jogadores citados e a falta de aproximação dos laterais Guga e Guilherme Arana (que atuavam um pouco mais espetados com o recuo de Allan) faziam com que cada troca de passes resultasse em bola longa para o venezuelano Jefferson Savarino no lado direito. Não demorou muito para que o América-MG matasse a saída de bola do Galo e fechasse o corredor esquerdo da sua defesa. Faltava mais dinâmica e participação dos demais atleticanos na saída de bola.

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O goleiro Rafael vinha participar da saída de bola junto com Réver, Igor Rabello e Allan. A falta de velocidade nas transições e a falta de aproximação dos laterais obrigavam a defesa a buscar os lançamentos longos para Savarino no lado direito de ataque. (Foto: Reprodução / TV Galo)

Por outro lado, o Atlético-MG melhorou seu desempenho no jogo-treino a partir do momento em que a equipe acelerou a saída de bola e passou a acelerar o jogo pelos lados do campo, principalmente pela esquerda com Guilherme Arana, Hyoran e Marquinhos. Do outro lado, Guga vinha jogando um pouco mais por dentro (tal como fez em alguns jogos da Seleção Olímpica com André Jardine) e era auxiliado nas triangulações por Nathan e o já citado Savarino. No comando de ataque, Marrony (ex-Vasco) tinha liberdade para se movimentar, abrir espaços e aparecer na área como referência móvel de força e velocidade. Aos poucos, foi possível ver o 4-3-3 de Jorge Sampaoli bem desenhado no campo da Cidade do Galo. A vitória por 3 a 2 sobre o Coelho foi contruída na base da velocidade e do jogo coletivo intenso defendido pelo treinador argentino. É claro que a equipe atleticana ainda precisa de ajustes, mas o que se viu na manhã desta quarta-feira (15) já foi promissor sem dúvida alguma.

Marrony jogou como referência móvel no comando de ataque e contava com as chegadas de Nathan e Hyoran por dentro além do apoio de Marquinhos e Savarino pelos lados do campo. O ex-jogador do Vasco marcou duas vezes e foi o grande nome do jogo-treino contra o América. (Foto: Reprodução / TV Galo)

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A má notícia ficou por conta da lesão de Diego Tardelli, jogador que poderia exercer como poucos o papel de referência móvel no Atlético-MG de Jorge Sampaoli municiado por Keno (recém-contratado) entrando em diagonal a partir do lado esquerdo e por Otero (que surpreendeu bastante ao jogar como uma espécie de ponta articulador) no lado direito. As outras partes da atividade desta quarta-feira (15) também serviram para Sampaoli fazer outras observações no time do Atlético-MG. As entradas de Bueno e Junior Alonso deixaram a zaga mais veloz e mais dinâmica na saída de bola, fato que pode fazer com que os dois ganhem mais chances. Além dos veteranos Victor e Fábio Santos, jovens valores como Guilherme Castilho, Sávio (de apenas 16 anos) e Calebe (todos formados nas categorias de base do Galo) e o colombiano Dylan Borrero (de apenas 18 anos) também tiveram oportunidade de mostrar alguma coisa para Sampaoli. Otimas opções para uma sequência de temporada que promete ser extenuante.

Com o retorno do Campeonato Mineiro marcado para o dia 26 de julho, Jorge Sampaoli ainda tem algum tempo para fazer os testes e ajustes necessários para deixar o time pronto para a partida contra o mesmo América (na Arena Independência). A grande questão é saber como será a reação do torcedor e o clima nos bastidores caso o treinador argentino não justifique as expectativas em torno do seu trabalho no caso dos resultados positivos não acontecerem nas primeiras partidas do estadual em Minas Gerais. E isso sem falar no investimento feito pela diretoria atleticana em nomes badalados mesmo diante das ja conhecidas dificuldades financeiras do clube. O jogo-treino desta quarta-feira (15) mostrou ideias e possibilidades bastante interessantes, pontos que colocam o Atlético-MG como sério candidato a sensação da retomada do futebol brasileiro. Ainda mais com a fase irregular do Flamengo e da incerteza sobre a permanência de Jorge Jesus no comando do escrete rubro-negro.

A diretoria do Atlético-MG apostou num modelo de jogo bem claro. Jorge Sampaoli é o tipo de técnico que gosta de velocidade, intensidade e jogo ofensivo. Mas que, como qualquer outro, precisa de tempo para implementar as suas ideias. Que o imediatismo conhecido do nosso futebol não mine o trabalho do treinador argentino e não acabe com o potencial de uma equipe que tem plenas condições de brigar por grandes coisas nesse restante de 2020.

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