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Tiago Nunes precisa se ajudar para finalmente ter paz no Corinthians

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate em 2 a 2 entre Corinthians e Botafogo pelo Brasileirão

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
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Corinthians e Botafogo fizeram um jogo movimentado e até com bons lances e boa movimentação tática na “estreia” da Neo Química Arena, em São Paulo. O resultado final, porém, deixou a certeza de que, se os jogadores do Timão ainda jogam abaixo do que podem, o técnico Tiago Nunes também precisa repensar determinados conceitos para finalmente encontrar a tão sonhada paz para trabalhar a equipe do jeito que deseja. Não é exagero nenhum afirmar o empate em 2 a 2 só foi conquistado por conta do pênalti extremamente duvidoso de Marcelo Benevenuto em cima de Gustavo Mosquito logo no início da partida. E o que se viu foi um Corinthians desorganizado, dependente das bolas levantadas na área e totalmente espaçado. Otero, Léo Natel e Mateus Vital melhoraram o desempenho da equipe, é verdade. Mas os problemas dentro de campo seguem sem uma solução a curto prazo.

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É verdade que o elenco à disposição de Tiago Nunes no Corinthians é inferior ao que tinha no Athletico Paranaense campeão da Copa Sul-Americana em 2018 e da Copa do Brasil em 2019. Mesmo assim, o treinador tem condições de fazer essa equipe jogar mais e melhor. A começar pela compactação da equipe na frente da área. Se o Timão conseguiu seu gol com Fagner logo aos nove minutos (convertendo penalidade bem duvidosa), o Botafogo melhorou bastante sua produção ofensiva após o gol de falta de Bruno Nazário (em bola defensável que Cássio aceitou). O 5-3-2 de Paulo Autuori encontrava espaços generosos à frente da última linha corintiana através da movimentação de Honda, Caio Alexandre, do já citado Bruno Nazário e de Matheus Babi no campo ofensivo. Ramiro e Gustavo Mosquito pouco ajudavam na marcação e sobrecarregavam Camacho e Cantillo.

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O Botafogo teve espaços para trabalhar a bola na intermediária do Corinthians graças aos espaços que o meio-campo encontrava naquele setor. Ramiro e Gustavo Mosquito auxiliavam pouco na marcação e sobrecarregavam os volantes e laterais na perseguição aos atacantes adversários. Foto: Reprodução / Premiere.

Tiago Nunes mandou o venezuelano Otero para o jogo na vaga de Cantillo e manteve Ramiro e Camacho na equipe mesmo tendo ciência da baixa produtividade de cada um deles. Léo Natel e Mateus Vital entraram nos lugares de Gustavo Mosquito e Araos, deram mais movimentação no setor ofensivo e o Corinthians passou a ameaçar mais a meta de Gatito Fernández. Só que o problema na compactação continuou. Tanto que o garoto Rhuan aproveitou o espaço que tinha à sua frente para arrastar Fagner e Gil para o lado esquerdo e abrir o espaço para onde o marfinense Kalou se projetou para receber e mandar para as redes mesmo desequilibrado. Notem que o escrete corintiano seguia completamente descompactado e jogando em algo parecido com um 4-2-2-2 típico dos anos 1990. Bastou fazer a virada de jogo e abrir o espaço para que a defesa se desmanchasse totalmente.

Rhuan puxou a marcação e abriu o espaço para Kalou entrar na defesa do Corinthians e marcar o segundo gol do Botafogo. A falta de compactação no time de Tiago Nunes era visível em boa parte do jogo na Neo Química Arena, mas o treinador demorou muito para corrigir o problema. Foto: Reprodução / Premiere.

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É possível dizer que o Corinthians ainda contou com uma certa dose de sorte. A entrada de Boselli no lugar de Ramiro (apenas aos 40 minutos da segunda etapa) rearrumou o escrete do Parque São Jorge numa espécie de 4-2-4. O atacante argentino e Jô enfiados dentro da área, Léo Natel e Matheus Vital pelos lados do campo e Otero jogando mais recuado junto de Camacho. Por outro lado, o gol de empate do Timão saiu numa jogada iniciada pelo jogador venezuelano perto do círculo central. E justamente num momento em que o Botafogo concedeu espaços demais à frente de Guilherme Santos (setor onde o passe de Otero encontrou Fagner). O frame abaixo mostra o jovem Matheus Nascimento (que tem qualidade) voltando atrasado para fechar seu lado enquanto o camisa 23 do Corinthians lança Léo Natel às costas do lateral botafoguense no lance do gol de Jô.

Matheus Nascimento e Kalou não recompõem a marcação e Otero inicia a jogada do segundo gol do Corinthians acionando Fagner por dentro. O lateral serve Léo Natel e este cruza rasteiro para Jô mandar para as redes. Difícil não dizer que os comandados de Tiago Nunes ainda contaram com uma dose de sorte. Foto: Reprodução / Premiere.

Por mais que os bastidores do Corinthians estejam pegando fogo (e que isso esteja respingando na equipe), a conclusão que este que escreve chega é a de que Tiago Nunes também precisa se ajudar para amenizar a crise. O elenco não é tão ruim como alguns mais exaltados comentam em algumas mesas redondas. O grande problema, no entanto, está na cisma do treinador corintiano com esta ou aquela peça. O empate deste sábado (5) deixou claro que Otero, Matheus Vital e Léo Natel podem ser muito úteis jogando como titulares. Principalmente o venezuelano. Ao mesmo tempo, Cantillo (o volante passador e que pisa na área) precisa de mais minutos em campo. Com Camacho ou outro volante mais marcador. Bastam alguns ajustes na marcação e compactar mais o time. Na prática, falta o equilíbrio mencionado pelo próprio Tiago Nunes em entrevista coletiva após o jogo contra o Botafogo.

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O elenco do Corinthians não é nenhuma maravilha, mas pode entregar muito mais do que vem entregando. E para que isso aconteça, Tiago Nunes precisa começar a repensar certos conceitos e abrir mão de certas coisas que não abria nos seus tempos de Athletico Paranaense. O momento é outro e ele pede cautela para encarar uma crise do tamanho de um tsunami que começa a se desenhar nos bastidores do Corinthians.

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