Home Futebol Palmeiras supera a Ferroviária na base da organização e da força mental e se garante nas semifinais do Brasileirão Feminino

Palmeiras supera a Ferroviária na base da organização e da força mental e se garante nas semifinais do Brasileirão Feminino

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como as comandadas de Ricardo Belli seguraram a Ferroviária com uma jogadora a menos

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Organização, fibra, aplicação tática e muita, mas muita força mental. Esses foram os trunfos da equipe do Palmeiras na partida contra a Ferroviária (atual campeã do Brasileirão Feminino Série A1) num jogo recheado de emoções, alternativas e todos aqueles elementos que provam (mais uma vez) a qualidade do futebol feminino praticado aqui no Brasil. Isso porque as comandadas de Ricardo Belli jogaram com uma atleta a menos desde os 34 minutos do primeiro tempo depois que Lurdinha foi expulsa após cometer penalidade que Aline Milene bateu com categoria. Como diz uma das expressões da moda, o escrete alviverde “soube sofrer” e suportou bem a pressão da Ferroviária durante todo o tempo normal e ainda teve concentração necessária (e a segurança da goleira Vivi) para superar a Ferroviária nas penalidades e se garantir nas semifinais do Brasileirão Feminino.

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É bem verdade que o Palmeiras sentia muito a falta de Carla Nunes. A atacante era a referência no ataque e quem segurava a bola para as chegadas de Camilinha, Angelina e as demais atletas alviverdes. Mas a vantagem obtida no confronto de ida diante da Ferroviária permitiu que Ricardo Belli colocasse sua equipe para exercer uma forte pressão na saída de bola das Guerreiras Grenás. Com o passar do tempo, o escrete alviverde passou a se fechar em duas linhas com bastante compactação na frente da sua área. Já Tatiele Silveira buscava explorar os lados do campo com Chú, Sochor e Aline Milene circulando circulando bastante na intermediária e forte apoio das laterais Carol Tavares e Barrinha. Rafa Mineira e Rafa Andrade chegavam bastante na frente. A Ferroviária ocupava o campo de ataque, mas ainda faltava intensidade e melhores tomadas de decisão no terço final.

O Palmeiras começou a partida pressionando bastante a saída de bola da Ferroviária, mas foi se fechando na frente da sua área de modo a explorar os contra-ataques. Do outro lado, as Guerreiras Grenás ocupavam o campo adversário, mas não tinham a intensidade necessária para chegar ao gol de Vivi. Foto: Reprodução / MyCujoo / CBF TV

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A expulsão de Lurdinha (depois de cometer o pênalti muito bem convertido por Aline Milene) obrigou Ricardo Belli a reorganizar o Palmeiras num 4-4-1 com Bianca como referência ofensiva e Camilinha e Angelina puxando os contra-ataques pelos lados do campo. E era a camisa 9 quem fazia a diferença ao colocar bastante velocidade a partir da esquerda e explorando bem os espaços às costas de Carol Tavares no lado direito da defesa da Ferroviária. E nesse ponto, é preciso elogiar muito a aplicação tática e toda a organização das atletas alviverdes na partida. Não somente por jogar com uma atleta a menos desde o final do primeiro tempo na Fonte Luminosa, mas por conseguirem criar jogadas de ataque sem perder consistência. E quando as Guerreiras Grenás chegavam na área do Palmeiras, a goleira Vivi chamava a responsabilidade e garantia a igualdade no placar agregado.

Ricardo Belli reorganizou o Palmeiras num 4-4-1 com Bianca no comando de ataque e com bastante velocidade pelos lados do campo. Principalmente com Camilinha explorando os espaços às costas de Carol Tavares no lado direito da defesa da Ferroviária. Ótimo jogo coletivo do escrete alviverde. Foto: Reprodução / MyCujoo / CBF TV

O segundo tempo mostrou uma Ferroviária com bastante presença no campo ofensivo, mas sem a intensidade e a velocidade necessárias para marcar o gol da classificação. Vale destacar aqui a atuação ruim da atacante Chú. Não foram poucas as vezes em que ela levou vantagem no confronto direto com a lateral Vitória. No entanto, a camisa 9 das Guerreiras Grenás errava demais nas tomadas de decisão. Além disso, Sochor (outra que poderia chamar mais a responsabilidade) esteve sumida durante quase toda a partida na Fonte Luminosa. Do outro lado, o Palmeiras se fechava na frente da sua área com muita aplicação tática e muita organização e a goleira Vivi sempre aparecia com ótimas defesas quando era exigida. O técnico Ricardo Belli ainda deu sangue novo ao Palmeiras com as entradas de Karla Alves e Janaína e conseguiu levar a partida para a decisão na marca de cal.

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A Ferroviária ocupava o campo de ataque, estava bem posicionada, mas não conseguia colocar a intensidade necessária para chegar ao gol que tanto buscou na segunda etapa. Do outro lado, o Palmeiras fazia atuação correta diante das circunstâncias da partida e ainda levava certo perigo ao gol de Luciana. Foto: Reprodução / MyCujoo / CBF TV

A decisão por penalidades consagrou a goleira Vivi (que defendeu a penalidade de Luana e viu Nenê mandar sua cobrança pra fora) e a atacante Camilinha, que marcou o gol que garantiu a classificação do Palmeiras para as semifinais do Brasileirão Feminino Série A1. E isso num jogo em que todo o contexto estava a favor da Ferroviária: uma jogadora a menos ainda no primeiro tempo, atletas extremamente desgastadas e desfalques importantes como Carla Nunes e Ary (que esteve no banco de reservas, mas nem chegou a entrar em campo). E isso tudo explorando a falta de objetividade no ataque da equipe comandada por Tatiele Silveira. As Guerreiras Grenás tinham a posse da bola, mas não conseguiram transformar esse volume de jogo em gols muito por conta da ótima atuação coletiva do Palmeiras. Jogadoras como Angelina, Isabella, Camilinha e Maressa se desdobraram em campo.

É exatamente por isso que é possível dizer que a campanha das comandadas de Ricardo Belli já é histórica. Não somente por ter passado pelas atuais campeãs nacionais, mas por se garantir nas semifinais do Brasileirão Feminino um ano depois de terem subido de divisão. Inclusive, eu e você já podemos colocar o Palmeiras como um dos melhores trabalhos no futebol feminino nos últimos anos. Sem medo de errar.

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