Home Futebol Jogo vertical, bom toque de bola e fragilidade defensiva: conheça o Racing de Sebastián Beccacece

Jogo vertical, bom toque de bola e fragilidade defensiva: conheça o Racing de Sebastián Beccacece

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa os pontos positivos e negativos do adversário do Flamengo na Libertadores

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É preciso dizer que o adversário do Flamengo nas oitavas de final da Copa Libertadores da América não vive lá seus melhores dias. O Racing Club de Avellaneda (primeiro clube argentino campeão mundial) vem de quatro derrotas nas últimas quatro partidas da equipe no Campeonato Argentino. Fora isso, os comandados de Sebastián Beccacece sofreram dez gols e marcaram apenas um. No entanto, por mais que os números provem que “La Academia” vive uma crise sem precedentes (e que seu treinador esteja com a “cabeça à prêmio em Avellaneda), é preciso que o torcedor rubro-negro contenha a empolgação. O escrete argentino tem bom toque de bola, um volume ofensivo considerável, jogadores de qualidade no seu elenco, além de muita tradição. O Flamengo de Rogério Ceni precisa tomar certos cuidados para não se complicar nos dois jogos das oitavas de final da Libertadores.

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A última vitória do Racing na temporada aconteceu no dia 21 de outubro, quando o escrete comandado por Sebastián Beccacece venceu o Estudiante de Mérida (da Venezuela) por 2 a 1 na última rodada da fase de grupos da Libertadores. E isso jogando no 4-3-3 preferido do seu jovem treinador. É bem verdade que a equipe de Avellaneda colecionou resultados ruins no Campeonato Argentino apesar da postura ofensiva vertical. Principalmente com Lisandro López no ataque e a presença de jogadores como Reniero, Pillud e Leonel Miranda compondo uma espinha dorsal de muita força e intensidade nas transições. No jogo de estreia no Campeonato Argentino (derrota por 4 a 1 para o Atlético Tucumán), o time de Sebastián Beccacece iniciou bem a partida colocando a bola no ataque e chegando na área adversária em bloco. Mas os problemas defensivos não demorariam muito para aparecer.

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O Racing estreou no Campeonato Argentino jogando no 4-3-3 preferido de Sebastián Beccacece, usando de bastante amplitude e intensidade nas tramas ofensivas. Jogadores como Lisandro López e Reniero formam a espinha dorsal de uma equipe que tem seus pontos positivos. Foto: Reprodução / YouTube / Liga Profesional de Fútbol de la AFA

Se os números de “La Academia” na fase de grupos da Copa Libertadores da América foram bons (cinco vitórias e apenas uma derrota, com nove gols marcados e apenas quatro sofridos em seis rodadas), as coisas não andaram muito bem no Campeonato Argentino. Primeiro por conta dos desfalques da equipe argentina. E depois pela perda da consistência defensiva apresentada na competição continental. A derrota por 2 a 0 para o Arsenal de Sarandí escancarou esses problemas. A começar pela péssima transição defensiva e pelas crateras encontradas no meio-campo do Racing. Os laterais Pillud e Mena tendem a avançar muito para o ataque e a abrir espaços nas suas costas que Tiago Banega, Leonel Miranda e o jovem Carlos Alcaraz não conseguiram cobrir. Os problemas defensivos continuaram e o time de Sebastián Beccacece sofreu dez gols em quatro partidas do Campeonato Argentino.

Os laterais Pillud e Mena avançam muito e costumam abrir espaços que o meio-campo não consegue cobrir. Os problemas defensivos do Racing foram amplificados a partir do momento em que a equipe de Avellaneda atacava de maneira completamente desordenada. Foto: Reprodução / YouTube / Liga Profesional de Fútbol de la AFA

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Tantos problemas defensivos no seu sistema defensivo obrigaram o técnico Sebastián Beccacece a mudar a formação do Racing para o 5-3-2 já no segundo jogo contra o Atlético Tucumán (realizado no dia 19 de novembro. Além da nova derrota (desta vez por 2 a 0), “La Academia” esteve um pouco mais compactada na última linha, mas mostrou erros de posicionamento e na realização dos movimentos defensivos além de ter apresentado claras dificuldades contra o 4-4-2/4-2-4 do seu adversário (mesmo desenho tático do Flamengo com Rogério Ceni). Fora isso, o meio-campo seguia jogando muito afastado da defesa e isolando a dupla de ataque. A quarta derrota em quatro rodadas do Campeonato Argentino complicou ainda mais a situação de Sebastián Beccacece que vê nas partidas das duas próximas partidas da sua equipe as últimas chances para seguir no comando de “La Academia”.

Sebastián Beccacece optou pelo 5-3-2 na partida do último dia 19 de novembro contra o Atlético Tucumán. A nova derrota no Campeonato Argentino não apenas complicou a vida do treinador como expôs ainda mais os problemas defensivos da equipe de Avellaneda. Foto: Reprodução / YouTube / Liga Profesional de Fútbol de la AFA

É preciso dizer, mesmo em má fase e mesmo com Sebastián Beccacece na corda bamba, o Racing é daquelas equipes argentinas que sabem sair de situações adversas ainda mais fortes. Os problemas defensivos devem sim ser bem explorados por Gabigol, Bruno Henrique e companhia nas duas partidas das oitavas de final. Por outro lado, também é preciso ter todos os cuidados com Lisandro López, Mena, Reniero e Leonel Miranda dentro do (já quase certo) 5-3-2 de “La Academia” e as suas variações para o 3-4-2-1 e até mesmo para um 4-3-3. Sebastián Beccacece é mais um treinador fortemente influenciado por Marcelo Bielsa (e parece ser tão idealista quanto seu mentor), gosta de equipes ofensivas e não se preocupa tanto com o seu sistema defensivo. Essa pode ser a chave para o Flamengo construir a sua classificação para as quartas de final nos jogos em Avellaneda e no Rio de Janeiro.

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Mesmo assim, todo cuidado é pouco. Ainda mais com a equipe de Rogério Ceni ainda passando pelas oscilações causadas pelo início de um novo trabalho. A situação do Racing não é das melhores. Mas não é por isso que o Flamengo vai relaxar, baixar a guarda e entrar em campo como se não precisasse fazer nada. Serão duas partidas de muita tensão e (ao que tudo indica) muitos gols. A conferir.

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