Home Futebol Botafogo usa inteligência e organização para frear o Ceará e se garantir na elite do futebol feminino em 2021

Botafogo usa inteligência e organização para frear o Ceará e se garantir na elite do futebol feminino em 2021

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como a equipe comandada por Gláucio Carvalho construiu a vitória na casa das adversárias

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Futebol é um jogo coletivo. Isso não é novidade pra ninguém, ainda mais para quem acompanha o velho e rude esporte bretão. Mas foi usando essa máxima que o Botafogo venceu o Ceará por 1 a 0 neste domingo (20) e se garantiu nas semifinais do Brasileirão Feminino Série A2 e na elite da modalidade em 2021 junto com Real Brasília, Napoli (clube da cidade de Caçador, em Santa Catarina) e Bahia. O único gol da partida saiu antes dos vinte segundos de jogo, com Kelen aproveitando belo passe de Driely no meio da zaga das Meninas do Vozão. Daí para o apito final, o que se viu foi uma equipe extremamente aplicada e altamente concentrada em cada lance e que só foi ameaçada através das bolas levantadas para a área. Belíssimo trabalho de Gláucio Carvalho à frente das Gloriosas na escolha da formação utilizada na partida decisiva das quartas de final e na escolha da estratégia utilizada em campo.

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Marcar um gol aos 20 segundos acaba com qualquer esquema tático e com qualquer planejamento feito para um jogo desse tamanho. Foi precisamente essa a sensação do técnico Sergio Alves de Lima depois que o Botafogo abriu o placar praticamente no primeiro lance do jogo disputado na capital cearense. Vale lembrar que as Gloriosas entraram em campo com a vantagem do empate por conta da vitória de 2 a 1 obtida no jogo disputado no Estádio Nilton Santos e que todas elas sabiam muito bem que o Ceará teria que sair para o ataque. É interessante que a equipe comandada por Gláucio Carvalho mostrou logo a que veio assim que a partida começou. Vivian pressionou a saída de bola e serviu Driely que (mesmo pressionada pelas adversárias) viu Kelen se lançando no espaço vazio e fez o passe entre Karen e Andreza. A camisa 11 entrou na área e chutou cruzado, no canto direito da goleira Mayara.

O Botafogo pressiona, recupera a bola e acelera as transições. Driely vê Kelen se lançando pela direita enquanto Vivian e Karol prendem as zagueiras do Ceará. Jogada bem trabalhada pela equipe que entrou em campo mais concentrada e que melhor executou o plano de jogo do seu treinador. Foto: Reprodução / BAND

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Precisando vencer o próprio nervosismo e buscar três gols para se classificar sem a necessidade da disputa de pênaltis, o Ceará tentou se lançar ao ataque, mas o fez de maneira completamente desordenada e sem a intensidade necessária nos movimentos para vencer o eficiente bloqueio defensivo da equipe de Gláucio Carvalho. Seu 4-3-3 básico fechava a linha defensiva com cinco jogadoras à frente da zaga e compactava os setores de maneira bastante eficiente. Jady, Michele e Rhay não conseguiam encontrar espaços para criar as jogadas de ataque e só ameaçaram a meta da goleira Rubi (que esteve bastante segura debaixo das traves) na base da bola parada e dos cruzamentos para a área. Muito pouco para quem precisava balançar as redes três vezes e tirar uma desvantagem significativa jogando dentro de dentro de casa. O Botafogo sempre foi mais perigoso nos contra-ataques.

Gláucio Carvalho montou o Botafogo com uma linha de quatro jogadoras e outra de cinco para negar espaços na intermediária. Bola roubada no setor, as “pontas” Kelen e Vivian eram acionadas para puxar os contra-ataques. O time com o melhor jogo coletivo acabou saindo vencedor do Estádio Vovozão. Foto: Reprodução / BAND

O que se viu até o final da partida foi um Ceará que atacava sem organização e que só chegava dentro da área defendida por Rubi na base do “abafa” e das bolas levantadas na área. Faltou criatividade e repertório ao time comandado por Sérgio Alves de Lima. Principalmente jogo coletivo para superar uma equipe que se doou até o apito final de Raimundo Rodrigues de Oliveira Junior. As Meninas do Vozão podem reclamar de uma penalidade não marcada pelo árbitro cearense depois que Rhay chutou e a bola acertou o braço de Vivian dentro da área aos 44 minutos do segundo tempo. Mas também devem lamentar a falta de ideias e também a falta de concentração para buscar um resultado dentro de seus domínios. Principalmente depois da belíssima campanha no Brasileirão Feminino Série A2, com cinco vitórias e dois empates. Uma semente foi plantada e pode gerar ótimos frutos no Ceará.

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Mesmo sem empolgar, o Botafogo de Gláucio Carvalho vinha fazendo um bom papel. Se classificou na primeira posição do seu grupo com três vitórias, um empate e apenas uma derrota (para o Atlético-MG) e teve que superar o Foz Cataratas antes de encarar o Ceará. Se o jogo de ida (disputado no Estádio Nilton Santos) mostrou uma equipe mais nervosa e afobada, a partida deste domingo (20) nos presenteou com uma atuação defensiva bastante sólida e com poucos erros de execução das jogadas. É verdade que o sarrafo da Série A1 do Brasileirão é muito mais alto. Mas o Botafogo e o técnico Gláucio Carvalho podem se inspirar nas campanhas de Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio e São Paulo na edição de 2020. Das quatro equipes que subiram para a elite do futebol feminino, apenas o Cruzeiro não se garantiu nas quartas de final. Os trabalhos dessas equipes estão aí para servir de exemplo.

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Depois de enfrentar dois jogos muito complicados contra o Ceará, a equipe do Botafogo parte em busca de um novo objetivo: a conquista do título do Brasileirão Feminino Série A2. No entanto, a tarefa das comandadas de Gláucio Carvalho não será nada fácil. Ainda mais com a equipe do Bahia mostrando um futebol tão consistente quanto o praticado pelas Gloriosas. O primeiro passo foi dado. E agora, meu amigo, o céu é o limite.

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