Home Futebol Solidez defensiva, velocidade e eficiência: como José Mourinho colocou o Tottenham na liderança da Premier League

Solidez defensiva, velocidade e eficiência: como José Mourinho colocou o Tottenham na liderança da Premier League

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o triunfo dos Spurs sobre o Arsenal no “North London Derby” desse domingo (6)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Impossível não notar no Tottenham vencedor do clássico do norte de Londres desse domingo (6) as estratégias de José Mourinho. A começar pela solidez defensiva dos Spurs, pela execução quase perfeita do 4-2-3-1 e pelas aulas de contra-ataque concedidas durante boa parte do jogo. Mesmo criticado pela postura extremamente reativa e pragmática em determinadas partidas, o “Special One” vem transformando a sua equipe num oponente muito difícil de ser batido. O Arsenal de Mikel Arteta que o diga. Mesmo com quase 70% de posse de bola, os Gunners viram seus principais rivais negarem possibilidades e atacar em alta velocidade a partir da qualidade do futebol de Harry Kane e Son (autores dos dois gols da partida). Goste dele ou não, a verdade é que Mourinho ainda sabe muito do riscado e provou isso mais uma vez ao colocar o Tottenham na liderança da Premier League.

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Julgar o “Special One” por seu estilo mais pragmático ou por abrir mão da posse da bola em vários momentos da partida é fechar os olhos para a eficiência e para a versatilidade dessa equipe. Vale lembrar que o Tottenham venceu jogos na Premier League adotando uma postura mais ofensiva e com maior volume no ataque. José Mourinho gosta de adaptar seu escrete às necessidades de cada partida. E foi exatamente isso que foi feito na partida contra o Arsenal. O Tottenham fechou espaços, executou os movimentos do 4-2-3-1 com bastante acerto e aplicação tática e ainda teve em Son e Kane as suas principais armas no ataque a partir do lado esquerdo (às costas do lateral Bellerín e aproveitando a hesitação de Holding na cobertura). José Mourinho soube muito bem como explorar todo o potencial dos seus jogadores com a máxima eficiência nos noventa e poucos minutos.

Arsenal vs Tottenham - Football tactics and formations

O Tottenham fechou espaços, abusou da eficiência nas chances que teve e não deu chances para o Arsenal de Mikel Arteta. Tudo por conta da aplicação tática da equipe de José Mourinho e da estratégia do treinador português que potencializou o futebol de Harry Kane e Son em contra-ataques velozes.

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O lance que originou o (belíssimo) gol de Son nasceu justamente dessa estratégia do “Special One”. Bergwijn pega a sobra na intermediária e passa a bola para Harry Kane no meio-campo. O camisa 10 dos Spurs vê o coreano se lançando pelo lado esquerdo e faz o passe. Com poucos toques, Son vai levando até a entrada da área do Arsenal até acertar um belo chute no canto esquerdo de Leno. O frame abaixo mostra o time de José Mourinho organizado no usual 4-2-3-1 e com Son pronto para atacar o espaço entre Bellerín e Holding enquanto Harry Kane protege a bola e espera a ultrapassagem dos companheiros de equipe. Foi com essa dinâmica que alia alta velocidade nas transições e muita compactação na frente da área de Lloris que o Tottenham do “Special One” construiu a vitória sobre um Arsenal que mostrou muitas dificuldades para atacar seu principal rival.

Harry Kane recebe a bola no meio-campo e espera a ultrapassagem de Son no espaço entre Bellerín e Holding. A construção da jogada do primeiro gol do Tottenham é um bom exemplo de como José Mourinho pensou sua equipe para disputar o “North London Derby” desse domingo (6). FOTO: Reprodução / ESPN Brasil

É bem verdade que José Mourinho aproveitou a péssima fase do Arsenal. Com a derrota no clássico, os comandados de Mikel Arteta chegaram ao quarto jogo sem vitórias com apenas um gol marcado nesse período. E a solidez defensiva do Tottenham foi fundemental na construção do resultado ao explorar justamente esse mau momento de Lacazette, Aubameyang e companhia. O panorama dos primeiros 45 minutos acabou se repetindo no segundo tempo. E nem mesmo com a entrada de Nketiah (um atacante) no lugar de Bellerín e a mudança na formação dos Gunners para um ofensivo 3-2-5 foi capaz de penetrar na área dos Spurs. Nas poucas vezes em que o Arsenal chegou com mais perigo, Lloris esteve presente para garantir que os comandados de José Mourinho terminassem a partida com os três pontos e com a liderança da Premier League (com o mesmo número de pontos do Liverpool de Jürgen Klopp).

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Tottenham vs Arsenal - Football tactics and formations

José Mourinho manteve a estratégia no segundo tempo e viu Mikel Arteta empilhar atacantes no Arsenal sem conseguir ser efetivo diante da solidez defensiva do Tottenham. Harry Kane seguia como a principal arma ofensiva dos Spurs e Lloris garantia que a equipe do “Special One” não fosse vazada diante do rival.

É permitido apreciar este estilo de jogo e criticar outros. É do futebol. Mas é preciso lembrar que só quem está dentro de campo e vivendo o jogo sabe exatamente o que deve ser feito no comando de uma equipe. E José Mourinho é o tipo de treinador que vive cada partida como se fosse a última. Não é por acaso que o “Special One” vem fazendo do Tottenham uma das equipes mais difíceis de serem batidas nessa Premier League. Não somente pela solidez defensiva, mas por conseguir tirar o melhor de jogadores como Dier, Aurier, Reguilón, Lo Celso, Höjbjerg e (principalmente) a dupla de ataque formada por Son e Harry Kane. Os 24 pontos conquistados nas onze primeiras rodadas da Premier Legaue (com sete vitórias, três empates e apenas uma derrota) mostram bem a eficiência de um Tottenham sólido e consistente que sabe se defender e sabe atacar com uma eficiência absurda.

O futuro vai dizer até onde esse time de José Mourinho pode chegar. Certo é que estamos falando de um dos treinadores mais experientes e com uma das melhores visões de jogo de toda a Premier League. O ataque funciona (23 gols), a defesa mais ainda (apenas nove sofridos) e o jogo (apesar das críticas a respeito do excesso de pragmatismo) flui com facilidade. Méritos do “Special One”.

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