Home Futebol Mudança de ares e novas funções em campo parecem ter feito muito bem para Lucas Paquetá; confira a análise

Mudança de ares e novas funções em campo parecem ter feito muito bem para Lucas Paquetá; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca o crescimento de produção do ex-jogador do Flamengo no Lyon de Rudi Garcia

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

O futebol é um esporte apaixonante pela imensidão de detalhes que podem mudar um jogo, um campeonato ou até uma carreira inteira de um determinado atleta. Tomemos o exemplo de Lucas Paquetá. O ex-jogador do Flamengo foi apresentado oficialmente pelo Milan (em janeiro de 2019) como o “novo Kaká” e aumentou as esperanças da fanática torcida rossonera pelo retorno dos dias gloriosos e dos títulos. No entanto, Paquetá não conseguiu ter uma sequência de atuações razoáveis e foi perdendo espaço no elenco. Contratado pelo Lyon em setembro do ano passado, o agora camisa 12 parece ter reencontrado seu melhor futebol jogando com muito mais liberdade no escrete comandado por Rudi Garcia. Liderança do Campeonato Francês, boas atuações e presença na “seleção” do primeiro turno da temporada 2020/21. Bastaram pequenos detalhes para que Lucas Paquetá finalmente recuperasse a confiança.

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É interessante notar que as funções que Lucas Paquetá exerce no Lyon de Rudi Garcia não são muito diferentes das que tinha no Flamengo com Maurício Barbieri em 2018 (um ano antes de ser vendido para o Milan). Mas é claro que existem algumas diferenças. Ao invés de ficar preso a uma faixa do campo, o camisa 12 circula pela defesa a partir do lado direito para qualificar o passe e pisar na área para concluir a gol. Ao mesmo tempo, faz boa dupla de armadores com o talentoso Aouar e o também brasileiro Thiago Mendes. Essa movimentação é feita com muita intensidade e toques de primeira para abrir espaços e achar Memphis Depay, Toko Ekambi e Kadewere na frente no 4-3-3 de Rudi Garcia que abre o campo, envolve o adversário e potencializa bastante o talento dos seus jogadores. Não é por acaso que Lucas Paquetá tenha crescido tanto de produção de uma hora para a outra.

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Os vídeos publicados aqui nesta análise foram retirados do canal do Lyon no YouTube e mostram bem como o ex-jogador do Flamengo está se transformando num “todo-campista”. A postura ofensiva e a habilidade com a perna esquerda ainda estão lá. Mas Rudi Garcia vem conseguindo tirar mais do que isso do seu camisa 12. Lucas Paquetá tem se dedicado mais na marcação e compreendido bem sua função dentro da equipe francesa. Não se trata apenas de atacar e aparecer dentro da área para concluir a gol. É ser mais uma engrenagem que faz o Lyon apresentar o futebol mais eficiente e mais qualificado da França nesse momento. Mesmo quando seu principal adversário na busca pelo título que não vem desde a temporada 2007/08 (nos tempos em que Juninho Pernambucano ainda era a grande estrela da companhia) é o estrelado Paris Saint-Germain de Neymar, Marquinhos, Icardi e Mbappé.

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E não é só isso. Lucas Paquetá também está se transformando no tipo de meio-campista que faz sua equipe jogar. Como se fosse um “motorzinho” ou alguém que desafoga seu setor, se livra da pressão do adversário e parte para o ataque. Nas suas treze partidas em que foi titular, o Lyon não foi derrotado. E o que é ainda melhor: Lucas Paquetá foi eleito o melhor jogador de uma partida quatro vezes. Foi por conta desses e outros fatores que Lucas Paquetá entrou na “seleção” do primeiro turno da Ligue 1 pela tradicionalíssima revista “France Football”. Esse time ideal leva em consideração as médias das notas de todos os jogadores do Campeonato Francês. E justamente por conta das suas atuações, Lucas Paquetá aparece com a melhor média entre os onze jogadores (junto com o francês Hatem Ben Arfa, do Bourdeaux). Não é pouca coisa. Ainda mais para quem era apontado como mais jovem um que não vingou na carreira.

É verdade, porém, que Lucas Paquetá ainda precisa de mais concentração e de mais tempo para compreender todos os conceitos de Rudi Garcia (que já o elogiou muito depois de atuações destacadas como nas vitórias sobre o Nantes, o Lille e o Lens). Além disso, os mais exigentes sempre vão pedir boas apresentações contra equipes mais fortes e em competições internacionais. O fato do Lyon não estar disputando a Liga dos Campeões e nem a Liga Europa pode ser até de certa utilidade nesse primeiro momento para que o camisa 12 entenda melhor seu papel em campo e adquira experiência. Principalmente nos momentos em que será exigida dele (e dos seus companheiros de equipe) mais concentração para encarar times mais fortes e mais “cascudos” em competições desse tipo. Ainda mais quando já se sabe que o Campeonato Francês não aparece como uma das ligas mais fortes do Velho Continente.

Mesmo assim, essa mudança de ares e o trabalho com o técnico Rudi Garcia parece estar fazendo bem a Lucas Paquetá. Não é por acaso que o camisa 12 do Lyon tem aparecido nas últimas convocações para a Seleção Brasileira. Tite pensa o ex-jogador do Flamengo exatamente do mesmo modo: um “todo-campista” que circula por todo o campo, qualifica a saída de bola e que aparece na área para concluir a gol, além de ser o volante que tem o passe perfeito para “quebrar as linhas” dos adversários. Lucas Paquetá ainda tem 23 anos e pode crescer ainda mais se mantiver a cabeça no lugar e o foco no seu aprimoramento dentro de campo. Ainda não é aquele que “resolve” as partidas, mas a sua evolução técnica é clara. Principalmente por ter compreendido que seu talento deve servir ao time como um todo e não apenas para ele mesmo. Os números mostram esse crescimento de produção de Lucas Paquetá.

E ainda existe o fator Juninho Pernambucano. Não foram poucas as vezes em que o “Reizinho da Colina” elogiou o camisa 12. O diretor de futebol do Lyon sabe que tem um talento a ser lapidado e que ele pode dar muitas alegrias ao escrete francês. Como dissemos, ele ainda precisa de mais tempo para entender os conceitos do seu treinador e para se adaptar a diferentes situações. Mas ninguém pode negar que ele está no caminho certo para isso.

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