Home Futebol Jogo coletivo, competitividade e atuação mágica de Gündogan: entenda como o Manchester City colocou o Tottenham na roda

Jogo coletivo, competitividade e atuação mágica de Gündogan: entenda como o Manchester City colocou o Tottenham na roda

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos comandados de Pep Guardiola na vitória sobre o time de José Mourinho

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Este que escreve não chegou a estranhar a presença do Tottenham na liderança da Premier League nas primeiras rodadas. O momento era de adaptação e o escrete comandado por José Mourinho jogava o futebol mais eficiente de todas as vinte equipes que disputam o “Inglesão”. Aquela era a sétima rodada e muita coisa aconteceu de lá até este sábado (13). A principal delas foi o crescimento de produção do Manchester City de Pep Guardiola. Não somente pelo elenco altamente qualificado, mas pela maneira como o treinador espanhol conseguiu adaptar seu estilo ao contexto de pouco tempo de preparação, jogos seguidos e nível técnico bem abaixo do que eu e você estamos acostumados. A vitória sobre o já citado Tottenham de José Mourinho foi uma verdadeira aula de adaptação e de competitividade nesses tempos de exceção que enfrentamos aqui no nosso querido planetinha.

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É bom lembrar que Pep Guardiola ainda teve que lidar com todo tipo de problemas (incluindo a ausência de Kevin de Bruyne) numa sequência de 16 vitórias em todas as competições da temporada. E os 3 a 0 impostos sobre o Tottenham neste sábado (13) foram construídos em cima dos preceitos bem conhecidos do treinador espanhol: valorização da posse de bola, intensidade nas transições e muita movimentação na frente para abrir espaços na frente. Tudo isso adaptando o time ao contexto. Se De Bruyne não está em campo, Guardiola abandonou o 4-2-3-1 e adotou o 4-1-4-1/4-3-3 com Rodri na frente da zaga e Gündogan se alinhando a Bernardo Silva. Já os Spurs seguiam o plano bem conhecido de José Mourinho, com suas linhas fechadas e saída rápida para o contra-ataque com bolas longas para Harry Kane, Son e Lucas Moura. Só que os Citzens estavam inspirados. Principalmente o camisa 8.

Manchester City vs Tottenham - Football tactics and formations

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Pep Guardiola posicionou Gündogan alinhado a Bernardo Silva num 4-1-4-1/4-3-3 que amassou o Tottenham no seu campo e fechou todas as saídas do time comandado por José Mourinho. O Manchester City valorizava a posse da bola e era muito intenso nas transições para a defesa e para o ataque.

Todas essa adaptação do jogo de Pep Guardiola passa pela atuação mágica de Gündogan. Além de ter sofrido o pênalti (convertido por Rodri ainda na primeira etapa), o volante alemão balançou as redes de Lloris duas vezes e precisou de apenas 60 minutos em campo para ser eleito o melhor da partida. E com toda a justiça. O camisa 8 recebeu lançamento de manual do goleiro Ederson antes de aplicar drible humilhante em Davinson Sánchez no terceiro gol do Manchester City. Mas foi a jogada do segundo gol que chamou a atenção. Sterling sai da direita para a esquerda, Phil Foden arrasta a zaga dos Spurs, Gabriel Jesus centraliza, Bernardo Silva abre o campo e Gündogan ataca o espaço aberto nessa movimentação. Jogada com o “dedo” de Pep Guardiola e com todo o brilho de jogadores que compraram a ideia do seu treinador. Uma verdadeira aula sobre como abrir uma defesa compacta.

Sterling sai de um lado para outro e todo o ataque do Manchester City executa os movimentos previstos e treinados por Pep Guardiola. No momento certo, Gündogan ataca o espaço aberto no meio da zaga do Tottenham e toca na saída de Lloris. Uma aula de movimentação ofensiva. Foto: Reprodução / YouTube / Manchester City

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Depois do terceiro gol, Pep Guardiola foi descansando alguns dos seus jogadores, mas manteve a postura ofensiva e a intensidade alta nas transições para a defesa e o ataque. Ferrán Torres e Mahrez foram para o jogo e ajudaram a administrar a vantagem obtida antes dos 25 minutos do segundo tempo. Do outro lado, José Mourinho tentou mais consistência e mais agressividade ao Tottenham com as entradas de Sissoko, Gareth Bale e Dele Alli nos lugares de Lucas Moura, Lamela (atuação muito ruim do meio-campo argentino) e Ndombelé. No entanto, os Spurs só conseguiram ameaçar a meta de Ederson em cobrança de falta de Harry Kane na trave ainda no primeiro tempo e com jogada individual de Bale já aos 35 minutos da segunda etapa. E só. Mesmo com todo o volume de jogo de um Manchester City intenso e ligado em todos os lances, é muito pouco para o nível do elenco dos Spurs.

Tottenham vs Manchester City - Football tactics and formations

José Mourinho tentou colocar o Tottenham no jogo com as entradas de Sissoko, Gareth Bale e Dele Alli, mas viu sua equipe sucumbir diante da atuação sólida do Manchester City. Ferrán Torres e Mahrez entraram e ajudaram a manter o nível da atuação do escrete de Pep Guardiola até o apito final.

Os números do SofaScore ajudam a entender o tamanho do domínio do Manchester City de Pep Guardiola. Foram 60% de posse de bola, quinze finalizações a gol (com seis indo na direção do gol de Lloris) e 698 passes trocados em toda a partida (com um acerto de 91%). Fora isso, as doze faltas cometidas (contra treze do Tottenham) também nos mostram que os Citzens estão “mordendo” mais na marcação. Todo esse jogo coletivo que integra ataque e defesa com perfeição nos movimentos e nos passes deixaram o Manchester City com o segundo melhor ataque da Premier League, com 46 gols (atrás apenas do rival Manchester United) e com a melhor defesa da competição com apenas 14 gols sofridos em 23 partidas no “Inglesão”. E isso tudo aproveitando as oscilações naturais do Liverpool de Jürgen Klopp. Já são sete pontos de vantagem para o ótimo Leicester de Brendam Rodergs. Não é pouca coisa.

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Nenhum jogador simboliza melhor essa mudança nas estratégias de Pep Guardiola do que o alemão Gündogan. É o volante que pisa na área, que arma o jogo e que fecha seu setor quando o Manchester City é atacado. Sempre com inteligência nos movimentos, precisão nos passes muita visão de jogo desde o campo defensivo até o gol adversário. O camisa 8 já é uma das peças mais importantes dos Citzens.

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