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À espera da decolagem de Hulk

Atlético está repleto de histórias de contratações de sucesso ou decepção. Em qual caso estará Hulk?

Cláudio Arreguy
Colaborador do Torcedores
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Hulk desembarcou em alto estilo no aeroporto de Confins em 3 de fevereiro para se apresentar ao Atlético-MG: desceu do seu possante Hawker 800XP, moderno avião executivo de porte médio, gerenciado pela Líder, cujo conforto, segundo os entendidos no assunto, justifica o valor avaliado em R$ 11 milhões. Compete, por exemplo, com o Cessna 680 Citation Sovereing, modelo que conduz Neymar em seus deslocamentos.

 

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O paraibano de Campina Grande Givanildo Vieira de Souza, revelado pelo Vitória, protagonizou boas transferências e se destacou em gramados do Japão, Portugal, Rússia e China, além de defender a Seleção Brasileira na Olimpíada de Londres em 2012 e na Copa do Mundo de 2014. Rico aos 35 anos graças à capacidade como atacante, tem todo o direito de possuir um jatinho particular, luxo a que se deram incontáveis atletas do futebol e de outros esportes, astros do cinema e da música. E nem deve ser cobrado por isso.

 

Nem três meses se passaram e Hulk já está envolvido em polêmica no Galo. Relegado à reserva depois de atuações discretas em que mais se notabilizou pelos trancos nos adversários do que pelo gol de pênalti contra o Coimbra, foi expulso com poucos minutos de atuação ao entrar durante a derrota para o Cruzeiro, continuou a caminho dos vestiários a briga com o atacante rival igualmente excluído Willian Pottker e recebeu críticas da imprensa. Não bastasse, ainda questionou a suplência e os métodos do treinador Cuca.

 

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O que esperar do episódio? Evidentemente, a paz entre jogador e treinador ‒ tido como pessoa de trato difícil por profissionais com quem trabalhou. Hulk, tanto nos poucos jogos em que foi escalado de início quanto naqueles em que saiu do banco, se mostrou pesado, com movimentos lentos, fora do ritmo dos companheiros. Consequência provavelmente dos dias em que ficou parado. E lembremos que ele estava no futebol chinês, não propriamente exemplo de competitividade, vide as dificuldades enfrentadas no regresso pelos também atacantes Diego Tardelli, de novo no Atlético após passagem discreta pelo Grêmio, e Marcelo Moreno, reserva no Cruzeiro.

 

Só o tempo dirá se Hulk foi boa contratação ou apenas uma aventura no alvinegro das Alterosas. E a história atleticana tem bons exemplos em ambos os casos. Para os mais antigos ‒ entre os quais me incluo ‒, a contratação de Djalma Dias em 1968 parecia ser o reforço do ano. Na temporada seguinte, o clássico zagueiro volta e meia convocado para a Seleção Brasileira iria embora para o Santos. E explodiria como um dos maiores ídolos do centenário clube em todos os tempos um desengonçado atacante que chegara do Campo Grande pela mesma época: Dario. De tanta afinidade com o gol que foi um dos 22 campeões mundiais convocados por Zagallo em 1970.

 

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Os mais jovens se lembram da Selegalo de 1994: Luís Carlos Winck, Kanapkis, Adílson, Neto, Renato Gaúcho, Gaúcho… Não deixou saudade. Como não deixou a versão de 1997, com Márcio Santos, Evair, Valdeir… E o Diego Souza de 2010, que usou a camisa 1 em jogada de marketing e meses depois trocou a reserva pelo Vasco? Sem contar outras estrelas como Carini e os campeões do mundo Júnior e Ricardinho.

 

Os exemplos citados são para mostrar que apenas nome não garante sucesso. Para o forasteiro se dar bem, há que se ter identidade com o Galo, cair nas graças da massa. Como Éder, trocado em 1980 por Paulo Isidoro com o Grêmio; Marques, buscado em baixa no Flamengo em 1997; Guilherme, pouco aproveitado no Grêmio em 1999; Diego Tardelli, discreto no Flamengo em 2009; Leonardo Silva, preterido pelo Cruzeiro ao se contundir em 2010. Entre outros tantos jogadores que chegaram desacreditados e saíram idolatrados.

 

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Ronaldinho Gaúcho causou mais estardalhaço do que Hulk quando foi contratado em 2012. Mas, ao contrário do atual atacante, ele precisava dar a volta por cima depois de se desentender com o comando do Flamengo, devia a si mesmo uma resposta. Foi a combinação perfeita: entrou num time que já era bom, com jogadores que viveram ali o auge de suas carreiras (Victor, Leo Silva, Réver, Tardelli, Jô), e, mais que isso, atuou para o grupo, integrou seus lances geniais à força do conjunto.

 

Não se trata aqui de que enumerar casos e casos de contratações bem-sucedidas ou não, que elas ocorrem em todos os times e em qualquer época, mas sim apontar os dois caminhos pelos quais Hulk possa se enveredar. No do sucesso, precisará ser mais humilde e receber do clube todas as condições para entrar em forma e mostrar o futebol que o consagrou no exterior e o tornou rico. No do fracasso, em que ele embarque no seu jatinho à procura de novo pouso, será uma frustração para o atleticano. Não a primeira. Nem a última. Faz parte do futebol. Também da vida.

 

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